Capítulo 39 - Parte 2

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Bom dia,

Quem aí curte um capítulo fofura?

Boa leitura ♥

***

Alicia

Ele se desvencilhou de meu abraço e retirou os fios de cabelo que haviam grudado em minha testa. Segurando meu rosto entre as mãos, abriu e fechou a boca algumas vezes, sem saber o que dizer ou como agir.

Então André começou a gaguejar.

– Eu juro que se me perguntar quem é o pai te tranco dentro daquele elevador! – Ameacei entre as lágrimas, sabendo muito bem o pavor que ele tinha daquelas caixas metálicas.

– Eu não ia...

– Entende agora porque eu digo que não posso fazer faculdade? Eu jamais daria conta. Deus, eu mal sei cuidar de mim!

Eu já estava beirando o desespero. A ideia de ter um bebê nos braços vinha me enlouquecendo desde que fiz um simples teste de farmácia. Após constatar o resultado positivo no pequeno palito, acabei por trancar minha mente em um mundo paralelo, onde minha vida era menos complicada. Eu era capaz de lidar com uma traição, ou com um sentimento sufocado por ele, que era alguém que eu tanto queria e lutava para esquecer. Mas com um filho, eu não sabia se podia lidar. Uma criança era responsabilidade demais para uma garota como eu, despreparada emocional e financeiramente, além de estar cheia de planos para o futuro.

– Alicia...

Ele parecia respirar com dificuldade. Mas não era para menos. Assim como aconteceu comigo, André deveria estar com a sensação de ter uma bomba relógio prestes á explodir em cima do colo.

– Não foi de propósito. Eu jamais faria isso. Eu...

Minha mão foi puxada de forma brusca, mas o beijo que me deu, foi terno. Tão terno, que era quase uma cócega em meus lábios e língua. E eu não sei por que diabos não consegui afastá-lo. André tinha que entender de uma vez por todas que não estávamos mais juntos. Um filho podia sim significar um laço entre nós dois para o resto de nossas vidas, mas não amorosamente.

– André... – Afastei-me de seus lábios, mas não de seus braços. Foi impossível sair de seu aperto quando ele continuou com seus beijos, só que dessa vez, em meu pescoço. – Pare. Você está confundindo as coisas.

O abraço se intensificou.

– Você quem está se negando a aceitar os fatos. O universo conspirando á nosso favor, e você dizendo não...

Ele suspirou frustradamente quando neguei com a cabeça.

– Acabei de dizer que seremos pais!

– Por isso mesmo. Eu sei que isso é louco. Mas... Por outro lado, pode ser o destino nos dando mais uma chance... – Argumentou. – Uma chance, Alicia. É só o que te peço. Em nome de tudo que a gente viveu. Em nome... – Sua mão escorregou para o meu ventre. –... Dessa criança mais do que abençoada. – Acariciou o local, fazendo meu coração diminuir.

Seu tom era tão doloroso quanto sua expressão que trazia as sobrancelhas unidas e os lábios entreabertos. Quando fui capaz de encarar seus olhos verdes, pude constatar neles a vermelhidão causada pela emoção contida.

Eu não conseguia entender. Meu cérebro não era capaz de discernir o que estava havendo. Eu tinha acabado de dizer que nossas vidas mudariam drasticamente, e ele estava... Feliz? Uma criança era abençoada sim – como ele havia mencionado minutos antes –, no entanto, o momento não podia ser menos inoportuno. Era insano que ele estivesse considerando reatar nosso relacionamento por causa de uma gravidez inesperada.

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