Oi!
Sim. Ainda sou eu! Só estou tentando criar uma aura menos carregada, afinal você já conhece meu desfecho (ou pelo menos onde estou neste momento), e prometi contar sobre os motivos de estar naquela sacada, não é? Pois bem, vamos lá.
"Quinta-feira, dia 13 de Outubro. Hoje começam as aulas na nova escola e pretendo fazer diferente da escola anterior, onde fui um desastre em tudo! "
Escrevo isso no meu caderno de anotações e me preparo para sair do quarto, com a mochila e o uniforme de meu novo local de estudos não sem antes olhar a foto que está colada com fita no espelho, uma velha lembrança onde são vistos três jovens abraçados: eu e mais dois, um garoto e uma garota. Ambos sorridentes e parecendo felizes com aquele momento.
Pensando depois sobre essa fotografia, pude constatar que é a representação mais verdadeira que possuo de alegria genuína, algo que é impossível descrever e quantificar. Pena que só notei isso no final de tudo e fico pensando se as coisas seguiriam por um caminho diferente caso eu tivesse notado esta fagulha de felicidade. Enfim, pego um doce pequeno que está em cima da cômoda e como devagar enquanto continuo a encarar aquela fotografia.
Hora de descer as escadas e encarar pessoas estranhas, mas conhecidas ao mesmo tempo, então, ponho minha melhor máscara: de uma jovem feliz e satisfeita com tudo que ela tem. Sim! Eu uso esse disfarce faz tanto tempo que sequer lembro quando se iniciou e já é uma parte de minha pessoa atualmente, como um braço ou uma perna, entretanto, não me culpe ainda, não sem antes saber o que me aguarda quando chegar à cozinha para tomar o café da manhã.
"Olá meu amor! Você está linda nesse uniforme. Nada como uma escola nova para uma nova vida. Fizemos um café da manhã especial para você começar hoje com tudo! "
Mentiras! Ela nem faz questão de me alimentar nem de me vestir. Apenas não deseja que os outros a julguem por não saber como cuidar da sua filha adequadamente. O status sempre foi algo que ela mais preza, até mais que a própria filha.
"Olha quem vai para seu primeiro dia na nova escola, espero que não aconteça o mesmo da anterior, não é? "
O olhar que meu pai me deu ao dizer estas palavras deixou meu sangue gelado por alguns segundos e já fico imaginando uma punição posterior caso repita o ocorrido na escola antiga. As marcas da punição anterior ainda são bem visíveis em minha pele.
"A monstrinha finalmente vai sair desse casulo que chama de quarto e vai sair para o mundo. Que beleza! Já era hora de você aterrorizar outros seres não é mesmo?"
Minha irmã mais velha tem um prazer doentio em me importunar logo pela manhã. Deve ser parte do ritual matinal que ela lê nessas revistas de meninas descerebradas. "Atormente toda manhã sua irmã mais nova antes de sair, para que a vida dela se torne um pouquinho mais sofrida e lamentável". Deve ser algo assim que a motiva a levantar cedo todos os dias.
Como você pode notar pelas minhas descrições, minha família não é um sinônimo de bem estruturada e agradável. Ao contrário, todos são até piores do que eu e suas máscaras são ainda mais trabalhadas que a minha.
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Os Doces Pensamentos de uma Amarga Suicida
Mystery / Thriller"Sim! Eu vou morrer daqui a pouco. Você vai notar a vida saindo de meu corpo e meu cadáver perecer logo logo. Triste não é, mas é pior sabendo que você também tem parte da culpa disso acontecer. Exato! Você que está lendo estas linhas, a culpa també...