Tudo a seu preço

Capítulo 2

Alice se levantou e Michael não estava ao seu lado. Andou por toda casa à procura de alguém, mas a casa estava totalmente vazia, decidiu então ir para sua casa. Sem entender nada, ela entrou em sua casa e foi até o quarto de sua mãe, onde a cama estava desarrumada e sua mãe não estava lá. E assim ela continuou a andar pela casa a procura de sua mãe, cansada de procurar, Alice sentou no chão do corredor e se apoiou na parede, e então ouviu um som oco, olhou para a parede atrás e não tinha. Bateu com a mão, e o som se repetiu, resolveu então tirar o quadro que ficava mais acima de sua cabeça, e ao tirá-lo, notou que haviam dois botões, um verde e um vermelho, havia também, uma folha pregada na parede com uma tachinha vermelha, e na folha estava escrito:
"Tudo a um preço."
Alice apertou o botão vermelho, e nada aconteceu. Apertou então, o botão verde, e instantes depois a parede se abriu e logo a frente de onde os pés de Alice pisavam, havia um alçapão. Alice abriu o alçapão e desceu a escada, quando a escada chegou ao fim, viu a sua frente apenas uma sala vazia, com uma porta do lado oposto de onde estava. Ela passou pela porta e entrou em um lugar que jamaia tinha visto. Um quarto cheio de fotografias, de mulheres, e tinha também uma árvore genealógica numa tapeçaria que cobria uma parede inteira. Alice reparou que seu nome estava sendo bordado na tapeçaria, inexplicavelmente sozinho, e aos poucos surgia também, uma figura bordada que devia ser Alice. Ela notou que na parede oposta da tal tapeçaria, tinha uma uma lareira, onde ardia um fogo brilhante, ela andou até lá, e encontrou uma caixa de madeira com alguns símbolos talhados, símbolos que Alice já vira, mas apenas em sonhos. Ela com toda a sua curiosidade, tentou abrir a caixa, mas a caixa estava trancada. Em baixo dessa caixa misteriosa, Alice encontrou uma chave que caberia perfeitamente na pequena fechadura, e coube. Quando Alice abriu a caixa, lá dentro tinha um livro, e no instante que ela pegou o livro, a sala pegou fogo instantaneamente, Alice lutava contra as chamas, mas não encontrava a saída.

-Lizy? Alice?
Alice acordou sobressaltada.
-Que bom que você tá aqui. -ela falou, com a respiração ofegante e o abraçou.
-O que aconteceu Lizy? -ele perguntou. -Você estava se mexendo e gritando enquanto dormia.
-Eu tive um sonho... ou um pesadelo, sei lá.
-Quer me contar?
E Alice contou o pesadelo para seu amigo, ainda assustada.
-Foi só um sonho, tá tudo bem agora.
-Mas o sonho... parecia tão real! Eu poderia jurar que eu estava lá!
-Mas não foi real... ta tudo bem. -Michael disse e a abraçou. -Quer voltar a dormir? Ainda são sete horas... -ele completou, bocejando.
-Quero.
E então, ainda abracados, os dois voltaram a dormir, Alice estava com medo de sonhar com aquilo de novo, mas ali, abraçada com Michael, ela se sentiu mais segura que nunca.

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-Vocês... são... muito lindos! -Iara gritou, fazendo com que Michael e Alice acordassem.
-Sai fora! Sai do meu quarto agora! -Michael falou.
-Dá um tempo Iara... -Alice falou, ainda sonolenta.
-Ok, ok. -ela disse e saiu do quarto.
Os dois amigos se entre-olharam e só então perceberam o motivo de Iara ter falado que eram lindos. Os dois ainda estavam abraçados, Alice apoiava a cabeça no peito de Michael e o abraçava, enquanto ele ainda tinha os braços fortes passados pela cintura dela. Os dois se soltaram do abraço e se olharam, envergonhados, e então, Alice quebrou o silêncio.
-Qual o problema, não é mesmo? Somos amigos há dez anos!
-Não tem problema nenhum. -Michael completou, mechendo nos cabelos. -O único problema é que já são uma hora, e sua mãe já deve ter ido pro trabalho...
-Isso também não é um problema, eu posso ficar mais um tempo aqui, não posso?
-Claro que sim!
Michael vestiu uma camiseta, enquanto Alice trocava de shorts e de blusa, um virado de costas pro outro. Michael terminou primeiro, e sem querer, virou-se e acabou vendo Alice de costas, apenas de blusa e calcinha. Um calor repentino passou pelo corpo de Michael, mas ele ignorou e virou de costas pra Alice novamente.
-Pronto, pode virar. -Alice disse, e Michael se virou. Os dois sempre foram muito amigos, e Michael já vira várias vezes Alice só de calcinha e sutiã, e até mesmo nua, mas depois dos 14 anos dela, quando seu corpo foi tomando forma, ela pedira sempre para o amigo virar-se de costas enquanto se trocava.
-

Temos que resolver um dilema. -Alice falou.
-Dilema? Qual? -Michael perguntou.
-Se vamos tomae café da manhã ou vamos almoçar!
-Ótimo! O que acha?
-Vamos fazer assim, você representa "tomar café da manhã", e eu "almoçar".
-Ok.
-Mas saiba que eu sempre ganho!
-Tá então, par!
-Ímpar!
Alice ganhou.
-Ah-há! Quem é a vencedora?
-Você..
-Quem?
-A tampinha que está na minha frente!
-Então vamos almoçar.
E eles foram. Às três horas, estavam os dois jogados no sofá. Quando Iara apareceu repentinamente.
-Vamos tomar sorvete?
-Talvez. -Michael disse.
-Vamos, por favor! Lice, convence ele!
-Vamos Mike?! -Alice falou.
-Ah, tô com preguiça.
-Por favor!
-Não.
-Vamos! -Iara disse.
-Não!
-Por favorzinho! -Alice falou, abrindo um sorriso enorme.
-Ah, ok.
-Toca aqui, cunhada! -Iara falou.
-Sai dessa! -Alice falou, fazendo cara feia. -Não vamos mais.
-Não? -Iara perguntou.
-Não? -Michael perguntou logo depois.
-Não!
-Ah, como você é chata!
-Não queria ir mesmo... -Michael encerrou o assunto, rindo.
-Mike? Vamos lá em casa? Tenho que arrumar meu quarto. E não quero ficar sozinha em casa... Vamos?
-Ah, sério isso Lizy?
-Sim. Por favor!
-Ok, vamos. -ele concordou, Alice comemorou e beijou o a bochecha dele. -Vê se não sai de casa, pirralha!
-Tá, tá.
Alice e Michael chegaram na casa de Alice pouco tempo depois, afinal, a casa dela era bem do lado. Chegando lá, como dito, Alice foi até o quarto e o arrumou, isso em questão de minutos.
-Vem aqui. -ela disse, e puxou Michael pela mão até a cozinha. Abriu a geladeira e tirou de lá um pote de sorvete de flocos, o preferido dos dois, e foram até o quarto.
-E aí, Lizy. Tem planos pro seu aniversário?
-Tenho.
-Ah, qual?
-Vou passar o dia todo com meu melhor amigo!
-Ótimo! Já achei que ia me abandonar.
-Nunca!
-Nunca.
-E como vai o seu livro?
-Ah, tô meio sem inspiração pra escrever...
-Pois trate de arranjar inspiração, sua fã número um esta aguardando ansiosamente! -ela disse e sorriu.
-Pode deixar, tampinha! -ele sorriu de volta. Ao terminarem de tomar sorvete, Michael começou a rir.
-O que foi, palhaço?
-Olha o seu estado! -ele respondeu, rindo mais ainda. A camisa de Alice estava toda suja de sorvete.
-Droga! -ela disse e foi tirando a blusa até o guarda roupa. Pegou outra blusa limpa e foi se vestindo.
-Ai!
-Que foi? -Michael perguntou.
-Meu brinco enroscou na blusa, ai!
-Calma aí que eu te ajudo. -ele disse, enquanto desenganchava o brinco da blusa azul de Alice. -Pronto.
-Obrigado!
-Essa é minha blusa preferida, você fica tão linda nela...
-Obrigado, de novo.
E uma coisa estranha aconteceu. Michael se aproximou do rosto de Alice e a beijou, mas Alice não foi pega de surpresa, ao contrário, ela correspondeu o beijo e o beijou de volta. Aquele calor passou novamente pelo corpo de Michael, e pelo de Alice também. Eles se separaram repentinamente, como se tivessem acordado de um delírio.
-Me desculpa... -eles disseram em uníssono.
-Não tem porque se desculpar... -Alice disse.
-Me desculpa, mesmo. Eu não imaginei que isso fosse acontecer...
-Nem eu.
E ouviram alguém entrar na casa.
-É minha mãe.
-É sua mãe.
-Isso.
-Melhor eu ir pra casa né? Tá tarde já!
-Você que sabe... ta cedo ainda...
-Melhor eu ir, a Iara ta sozinha em casa...
-Eu te levo até a porta...
-Não precisa. -ele disse.
-Então, tchau! -ela disse e sorriu.
-Tchau Lizy! -ele disse e sorriu de volta.
"Que sorriso..." ambos pensaram.
Ao sair do quarto de Alice, Mike encontrou Laura.
-Oi Mike!
-Oi tia... tô indo pra casa, fui! -e saiu da casa rumo a sua, desnorteado.
Laura entrou no quarto de Alice e perguntou:
-O que aconteceu filha? O Michael saiu com uma cara de preocupação, mas ao mesmo tempo, tinha uma felicidade nos olhos...
-Nada mãe, estávamos falando sobre os meus planos pro meu aniversário.
-E quais são?
-Vamos passar o dia juntos!
-Eu e você?
-Não né mãe, eu e o Michael! Agora eu tô com sono mãe, vou dormir, ok?
-Ok. Boa noite!
-Boa noite, até amanhã.
E Alice ficou ali deitada, pensando no beijo que acontecera, e também no calor que passou pelo seu corpo no momento. E por fim, adormeceu com um sorriso no rosto.
Já na casa ao lado, Mike disse o mesmo aos seus pais, mas não conseguira dormir, não parava de pensar no beijo. Naqueles lábios delicados que beijara. "Eu sou muito idiota.", pensava, "Por que eu fui beijar ela? Eu poderia ter acabado com a amizade!", mas uma voz, lá dentro da sua cabeça, dizia que fez o que devia ter feito a muito tempo atrás, o certo a se fazer.