Prefácio

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Tudo começou no ano de 1997, no dia 31 de dezembro pra ser exato. Um dia que com certeza seria inesquecível para Laura, que obeservava a chuva caindo forte lá fora pela janela aberta, enquanto sentia a brisa fria em seu rosto. Como de costume, Laura e Miguel comemoravam o ano novo sozinhos, há 4 anos, os 4 melhores anos de suas vidas, como diziam. A casa era bastante espaçosa, Laura herdara de seus avós, e viera morar ali com seu marido Miguel desde que decidiram romper os laços com suas famílias.
E ali, sentada naquela poltrona de fronte à janela, Laura sentiu uma dor terrivel, que só podia significar uma coisa. Chamou por Miguel, que veio correndo pelo corredor, e ao se deparar com a situação de sua esposa, correu de volta ao quarto e pegou um guarda chuva e as chaves do carro. Laura foi até o carro com Miguel, que segurava sua mão, e do carro até o hospital.
Ao chegar no hospital, Laura e Miguel se separaram, e este ficou na sala de espera, aguardando por notícias. Um bom tempo depois, o médico chegou, e para a felicidade de Miguel, ele poderia entrar na sala para enfim ver sua esposa. Ao entrar na sala, ele ficou seu olhar nos olhinhos brilhantes e curiosos que estavam no colo de Laura, e ao se deparar com isso, ele tivera a completa certeza que amaria com todas as suas forças aquela garotinha que acabara de nascer.
-Ela não é linda?! -perguntou Laura.
-Sem dúvidas, ela é o bebê mais lindo que já vi! -Miguel respondeu.
-Por que não pega ela?
-Eu... eu acho que não sei segurar um bebê. -e de fato, ele realmente não sabia como segurar uma coisa tão delicada e rosada em seus braços.
-Você só pode estar brincando né? Vai, pega ela! -Laura disse e passou bebê para seus braços.
No instante que segurou aquele bebê, um calor passou pelo seu corpo todo, e a garotinha olhou em seus olhos e soltou uma risada.
-Tá vendo, ela gostou de você!
A garotinha se aninhou em seus braços e adormeceu, Miguel não conseguia parar de contemplar aqueles olhinhos escuros e as bochechas rosadas.
-Qual vai ser o nome dela? -perguntou a enfermeira ruiva no canto da sala.
O olhar de Laura de Miguel se encontraram e ambos disseram, em uníssono:
-Alice.
-Lindo nome! E linda criança, meus parabéns! -a enfermeira falou, enquanto saía da sala deixando os dois sozinhos.
-Miguel?
-Fala, amor.
-Tem como você ir em casa buscar roupas pra mim e para a Alice?
-Sim, agora?
-Quando você quiser, o médico já disse que teremos alta só amanhã de manhã.
Miguel olhou o relogio em seu pulso e viu que já eram seis hora.
-Então já vou agora, antes que escureça!
Miguel devolveu Alice aos braços da mãe e naquele momento, sentiu um frio tomar conta de seu corpo.
-Eu te amo! Você e Alice.
-Nós também amamos muito você! Dá tchau pro papai, Alice!
Miguel deixou o quarto do hospital e deu de cara com o médico.
-Pelo sorriso babão, acabou de conhecer a filha, acertei?
-Exatamente! -Miguel respondeu.
-E qual o nome dela?
-Alice.
-É um belo nome! Agora se me dá licença, tenho alguém me esperando ali. -E apontou para a sala de espera, onde uma senhora grisalha, assim como o médico esperava pelo marido sorridente.
Miguel olhou pra fora e viu que a chuva ainda não cessara, mas mesmo assim, decidiu que ia fazer o que tinha de ser feito, antes que escurece mais. Abriu o guarda chuva e saiu em direção ao carro, e assim que pisou fora do hospital, sentiu novamente o frio percorrer sobre seu corpo. Se acomodou no banco e dirigiu até sua casa. Chegando em casa, foi direto ao quarto de Alice e pegou um conjunto azul e um casaquinho, que ele mesmo tinha comprado, e foi até seu quarto e pegou roupas para sua esposa. Pegou um sanduíche e voltou para o carro, pois ja estava escuro e tinha de voltar logo para o hospital, mordeu o sanduíche e dirigiu até o hospital, ou teria dirigido até lá, se não tivesse derrapado numa encruzilhada e perdido o controle do carro. Ainda um pouco inconsciente, olhou para o lado e a única coisa que conseguiu distinguir, foi um caminhão em alta velocidade na sua direção bater em seu carro e jogá-lo pra longe.

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