DOMINIC
— Você é o único homem na terra capaz de tirar meus sentidos do ar, hoje então você foi espetacular Nico. Admito que estava com saudades desse seu eu mais selvagem. —Valery riu me incomodando como sempre devido sua maneira de agir. Levantei da cama, seguindo para o banheiro, eu precisava de um banho, oque lavasse completamente minha alma, algo completamente impossível, sabendo como obscuro estava nos últimos anos. Enquanto deixo a água quente cair sobre meus ombros cansados, ouço sua voz latir algo do outro lado, era tão inconveniente que me fazia cansar pela fadiga, o que mesmo assim já havia virado costume.
— Já deu um jeito no seu tio? — Revirei os olhos tentando não explodir, ela com toda certeza sabia bem como andava nossa situação. Como sua pergunta tinha sido idiota. Puxei uma das toalhas a enrolando no quadril antes de voltar para o quarto, seu olhar não se fixou em outro lugar além de mim, ela esperava por respostas.
— Você sabe bem que não. Ver o que acontece muito bem ao meu lado. Se tivesse feito algo você seria a primeira, a saber, já que vive me farejando e por dentro de exatamente tudo que acontece por aqui.
—Você deve tá feliz sabendo que ele tem apenas uns meses de vida. Pretende fazer um funeral bonito? Sua família é uma das mais conhecidas do país, não esperam nada menos que isso. Para manter as aparências, claro.
—Eu não dou a mínima do que as pessoas esperam, assim que ele morrer terá muita sorte, pois o único lugar que ele vai está depois de morto é em um aterro de lixo, onde o corpo podre dele será jogado. — Apenas citar sua existência me deixava com mais raiva ainda. Ele não merecia nem um segundo dos meus pensamentos, muito menos alguma consideração vinda de mim depois de todo o inferno que sua existência havia causado e continuava causando em minha vida.
—Desculpe por estragar seu dia, às vezes eu falo um pouco demais. — Ela vem em minha direção dando beijos pelo rosto, sorrindo com ousadia ao me olhar. Afeto e carinho eram sentimentos fracos, que apenas os miseráveis conseguem sentir, algo que jamais seria parte minha. Seu corpo tinha valor, não os sentimentos que na sua cabeça poderiam existir. Valery sabia o que esperar de mim, eram as minhas condições que de bom grado, vinham sendo aceitas por ela.
—Eu percebi que ele não toma café de manhã, o que é um alívio eu sei, mais pra onde você acha que ele vai todos os dias? Não fica curioso? —Isso era notícia velha pra mim, sempre estive a um passo dele, nada do que ele fizesse passaria despercebido por mim, não sabendo o tipo de pessoa que o infeliz era. Afastei seus braços me livrando de seu aperto.
—Mandei um dos seguranças seguir ele, nessas últimas semanas ele vai sempre ao mesmo lugar, por enquanto nada que eu deva estar sobre alerta. Quanto a isso não se preocupe, eu cuidarei bem para que o infeliz não faça novos estragos.
—Então me diga onde? Você sempre enigmático Dominic, vá direto ao ponto. —Seus olhos curiosos, pareciam sedentos por saber.
— Em um pequeno restaurante no centro, um daqueles bem miseráveis, o que é estranho, algo não está me cheirando bem nessa merda de história, aquele desgraçado está tramando algo, tenho certeza. Eu o conheço bem para saber que um homem feito ele jamais pisaria em um lugar como aquele. —Se ele não morresse logo pela sua doença eu mesmo o mataria só para me ver livre o quanto antes de sua existência ao meu redor. Eu estava cansado do seu jogo e não pretendia viver a sua mercê novamente.
—Não posso acreditar. Isso com toda certeza não está cheirando nada bem. Ele não é um homem de perder tempo com bobagens, muito menos se misturar com esse tipo de ralé. Tenho certeza que você terá sua atenção dobrada agora.
—Esqueça isso, agora saia da minha frente e deixe de encher, tenho o que fazer Valery. Nosso tempo por hoje acabou. —Rugi a empurrando devagar par longe de mim, ela já tinha estragado o meu dia e não fazia ideia de como.
* * *
Estávamos na mesa enquanto tomávamos café da manhã, a casa estava um verdadeiro silêncio como sempre, era costume permanecer sempre dessa forma pela manhã, algo que me agradava já que eu odiava qualquer tipo de barulho ou problemas que me fossem incômodos àquela hora.
—Celina, sabe que eu não gosto desse tipo de geleia, porque sempre trás? Parece até que começou a trabalhar ontem aqui, não entendo a insistência de Dominic em te manter aqui, está mais do que na cara que já está velha e inútil para fazer algo que preste. — Respirei fundo tentando não perder o controle. Celine era como uma segunda mãe, que havia cuidado de mim desde meu nascimento. Seu trabalho como governanta, havia sido sua escolha, foram anos tentando convencê-la a deixar de trabalhar, o que por sua decisão, tinha sido uma luta perdida. Destratá-la, estava fora de questão.
— Peça Desculpa a ela Valery, agora. — Disse a fintando bem. Celine permaneceu ao meu lado, e de nenhuma maneira eu permitiria que alguém a humilhasse. Os olhos de Valery, queimaram pela raiva, ela sabia como eram as regras.
— Desculpe Celina. — A raiva era algo nítido em sua voz, o que não me importava em nada.
— Com licença Senhor. — Ela respondeu não olhando para Valery quando saiu indo em direção a cozinha. Eu sabia de sua aversão por Valery, o que era nítido em seus olhos e principalmente, seu coração. O que nunca foi um problema sabendo o quanto nos respeitávamos.
—Por isso que ela sempre faz a mesma coisa, você a defende e me distrata na frente dela. Trata-me como um verdadeiro cachorro, sabe que ela me detesta Dominic! — Valery gritou enfurecida, algo que eu já conhecia bem. Fiquei em silêncio quando levantei saindo da mesa do café, a deixando falando sozinha.eu tinha uma vida pra tocar e pelo momento, eu já havia perdido muito.
—Ei? Onde pensa que está indo me deixando falando sozinha? Não vai nem tomar café comigo?
—Tenho trabalho na empresa hoje, assim como todos os dias o que não é uma surpresa pra você, sabe disso. Não me encha a paciência tão cedo de manhã, eu acho que por hoje já foi o suficiente.
—Mil desculpas senhor, pensei que faríamos algo, aliás, não se esqueça do jantar de hoje à noite. Afinal de contas, eu apenas sirvo para aborrecê-lo, isso é claro, quando não o estou entretido no quarto. Grosso! — Parei alguns segundos lembrando do maldito evento de caridade, não era algo satisfatório para mim estar presente, infelizmente era necessária para manter a imagem que meu nome e meus negócios, tinha diante de todos. Pequeno sacríficos, diante do que eu ainda almejava ter.
— Não se preocupe, eu estarei lá. — Segui, era hora de finalmente começar o dia.
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TRISTE ENGANO
RomanceTRISTE ENGANO O amor não é um brinquedo, não é um jogo e principalmente, não é algo fácil de se ter. Lize sentiu na pele o que as mentiras de um coração apaixonado poderiam causar, a inocência e o amor existentes em seu peito, não foram suficientes...