CAPÍTULO 5

19.8K 1.7K 50
                                    


THOMAS

— Acredita que acabei percebendo sua maneira de trabalhar e acabei me perguntando o que e faz tão sorridente pela manhã. Devem te pagar uma fortuna. Trata muito bem os clientes um tanto grosseiros que passam por aqui. — Sussurrei as palavras chamando sua atenção no mesmo segundo. Ela parou de me servir, tentando entender minhas palavras. Uma simples e pobre tola.

— Bom, é o meu trabalho. E também eu não acredito que uma cara ruim logo pela manhã, melhore o dia de alguém. E como já é costume se dizer e ouvir, rir sempre é o melhor remédio. Eu tento sempre oferecer o melhor que tenho senhor, isso já é algo próprio meu. — Um sorriso gratificante, encheu seu rosto quando a encarei. Eu não precisava de muito para saber que qualquer migalha oferecida, seria de grande valia e contentamento. Com as provas que tinha e o pouco observado, eu havia tido a certeza que a infeliz a minha frente, seria o trunfo perfeito contra Dominic. Faltava pouco para seu precipício, muito pouco.

— Compreendo e no fundo te entendo. Pessoas como você, com um coração tão bom, mereciam coisa melhor do que um trabalho como este. Já pensou como seria sua vida longe de tudo isso? Se fosse rica? — Disse a vendo arrumar as coisas no balcão, tinham sido semanas a observando, medindo cada passo para que seu destino estivesse no caminho de Dominic. Ela era perfeita, exatamente o que eu estava a procurar. Minha vingança.

— Na verdade nunca pensei senhor. Eu não faço jogos de azar e ao menos que ache um bilhete da loteria premiado, isso não vai acontecer. — Ela riu, como se minhas palavras tivessem sido uma piada. Eu não poderia culpá-la, não quando sua mentalidade de pobreza, permanecia enraizada nitidamente.

—Bom minha cara... Tenho certeza que de algum modo você já encontrou seu bilhete premiado. Falei, ela não disse nada, claramente perdida com meu discurso. As batias do coração aceleraram quando vi que diante de mim estava o plano perfeito. Ela era exatamente tudo o que Dominic detestava, afastava. Uma mulher sem valor algum, capaz de tomar para si cada centavo almejado e amado por meu querido sobrinho. Ele não teria nada meu, e assim como eu imaginava, dificilmente conseguiria tomar o que de agora em diante, pertenceria a ela.

—Não entendo o que o senhor quis dizer. É a primeira vez que trocamos uma conversa, mais não posso negar que está me confundindo um pouco.

—Peço desculpas minha cara, é difícil achar alguém para conversar em minha situação, principalmente quando se está praticamente sozinho no mundo, como eu.

—Não se desculpe. Está tudo bem, me perdoe pela intromissão, porém que situação? Eu o senti preocupado, está tudo bem senhor? — A preocupação nítida, encheu sua voz, meu tom não havia passado despercebido por ela, exatamente como eu queria.

— Estou com os dias contados, eu vou morrer. — A surpresa encheu seus olhos, que miraram sobre mim fortemente. A compaixão por um desconhecido brilhava em seus olhos, oque só me faia ter ainda mais pena da infeliz.

— Impossível, o senhor parece bem saudável, não alguém que irá morrer. Não é possível.

— Infelizmente é verdade. Também gostaria que não minha cara, porém, não se pode fugir d próprio destino. Aqui, obrigada por ter me ouvido este tempo todo, por todos esses dias que passei por aqui, acredite, eu não vou esquecer. — A pena era como fogo em seus olhos. Larguei o dinheiro próximo à mesma quando sai deixando seu olhar me guiar no caminho. O martírio estava próximo de acontecer e tudo que machucava naquele instante, era saber que infelizmente eu não estaria vivo para ver a ruina de Dominic, ver com meus próprios olhos, seu inferno começar.

— Sinto muito. —Foram suas últimas palavras. Ela não sabia o que estava perto de acontecer. Caminhei para fora do maldito lugar avistando meu carro a minha espera. Não demorou a entrar e encontrar Marcos já a minha espera. Ele seria muito mais do que um simples advogado, ele estaria aqui, pronto para fazer os meus desejos, reais.

— Conseguiu o restante do que faltava? Quero ter certeza de tudo como te falei. Ele não vai conseguir tomar nada, ao menos que tente uma união com aquela imprestável o que duvido sabendo sua aversão a pessoa que ele considera tão inferiores. Eu o conheço bem para saber disso. Ele é meu sobrinho afinal de contas.

— Isso está descartado Thomas. Ele tentará outros meios, oque será difícil. Você não facilitou nada. Então vamos para o que eu já tinha em mãos. Elizabeth Lincon, vinte anos de idade, viveu em um orfanato por dezoito anos, sem família, trabalha nesse café como você já sabe. Não tem ninguém além das pessoas do orfanato onde passou parte da infância. Como você mesmo diz isca mais que perfeita. Isso não poderia ser melhor para seus planos, essa mulher é uma verdadeira tola uma miserável que com toda certeza deixará Dominic a beira da loucura. Ele não terá muito que fazer, tenho absoluta certeza que ela doará tudo isso para a caridade, ou para si própria, não acredito que seja burra o suficiente a ponto de devolver essa fortuna, obvio que não.

— Tenho certeza disso e é o que me satisfaz. Gostaria de estar vivo, talvez eu consiga ver sua destruição, ver Dominic penar de uma vez por todas Marcos. Prepare os documentos, isso terá que estar pronto em uma semana.

— Feito!

* * *

— Vejo que meu sobrinho ainda te mantém como a puta regular dele. Talvez você tenha algum valor afinal. — Não pude não rir vendo sua raiva diante de mim, eu não poderia deixar para lá sua infelicidade, era um entretenimento pra mim. Ela desceu alguns degraus, encarando-me fixamente. Estávamos lado a lado.

— Olha só quem continua respirando. O que é uma pena quer um conselho de amigo Thomas? Acabe logo com isso e desapareça de vez. Seria um imenso favor. — A idiota não perdia por esperar também, deveria achar que ele a amava, o sorriso se encheu em meu rosto, a ilusão era algo extremamente engraçado.

—Você acha que ele vai casar com você, te fazer oficialmente à senhora da casa? Valery, você é inteligente. Viver nesta ilusão não te levará a nada.

— Do que você tá falando velho nojento? Repita!

— Apenas decifrando um pouco dos seus pensamentos Valery, você se acha a esperta, mais não passada de um fantoche, é apenas mais um passatempo, será descartada logo, logo. —Deixo a questão no ar e continuo a subir os degraus para meu quarto, não vou apressar minha morte, não quando faltava tão pouco para tudo enfim se realizar. Subo, mais não antes de ouvir seus gritos histéricos pela casa o que apenas me fez rir quando sem pestanejar ela sumiu de onde estava.

— Vá para o inferno desgraçado! Para o inferno! — Ainda não.

TRISTE ENGANOOnde histórias criam vida. Descubra agora