Capítulo 4 - Mulher, Corpo e Sermão

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"... que impressão ela causava nos homens! Em meu marido, também!" (Maria Portinari)


Mas, afinal o que é Semiótica?

A Semiótica é a teoria que busca resgatar o sentido das coisas do mundo, são as experiências cotidianas mediadas pelo corpo, de maneira sensível e talvez, justamente por isso, tenha se tornado um tema instigante de discussão e reflexão, transformada em campo de pesquisa e investigação acadêmica cada vez mais difundido e utilizado nas diversas áreas do conhecimento.

Os teóricos, como Aristóteles e Platão plantaram na Grécia uma das raízes da semiótica, que é a Filosofia. Inegavelmente, uma das fontes essenciais do pensamento semiótico e que através de Greimas, toma expressão na teoria Semiótica do discurso e se amálgama a mais três áreas que se unem para explicá-la: a Fenomelogia, a Antropologia e a Lingüística.

O estudo semiótico é extremamente inserido no contexto multicultural de seu tempo, pois uma leitura semiótica depende de muitos fatores que são interfaces de um mesmo discurso. Por exemplo, a leitura de uma imagem plástica será diretamente ligada à cultura da pessoa que lê a obra, além do momento emocional, mental, corporal e espiritual que ela está imersa. Também, outros fatores são importantes como a época, as vivências, o seu poder de consumo e acesso à informação, além do contexto sócio-cultural, é fundamental.

Momentos memoráveis

Antes de qualquer pergunta ou de qualquer resposta, supondo que tenhamos uma resposta, vamos nos reportar e rastrear os nossos sonhos infantis e sem esforço vamos buscar pela mão uma memória mais forte de vida, nos diversos ciclos de idade pelos quais passamos. O processo de relembrar coisas significativas talvez nos surpreenda com uma lembrança, um gosto, um rosto feliz, talvez triste, as mãos de nossas mães, a voz de nossos pais... E como uma memória puxa a outra, vamos imaginando que estamos nos bancos, nas carteiras, enfim nas classes escolares, o prédio, a turma, os nossos antigos professores, aos poucos vamos pensar juntos o que mais marcou e se instalou em nosso corpo e que passamos a carregar conosco não importando se estávamos conscientes ou não desta presença.

Talvez possamos nos lembrar que o dia mais feliz de nossas vidas tenha sido aquele aonde tenhamos nos expressado, seja dançando, cantando, recitando, teatralizando ou tocando um instrumento musical. Não importando a natureza da experiência, da emoção, com certeza para a maioria o que ficou foi uma imagem impressa no corpo, na mente e no coração, permeada de sabor, cor, som e gesto e que percebemos como único e, às vezes, experiência intraduzível e memorável.

É exatamente esta memória que nos interessa, pois aquela situação memorável é quase sempre a base da nossa formação e o impulsionador de nossa orientação e atuação profissional do momento presente. Por exemplo, a artista plástica gaúcha Zorávia Betiol, traduz como estarmos vivendo a vocação quando adultos podemos trabalhar no que brincávamos quando criança.

Herança cultural

Voltando de nossa viagem vamos abrir a nossa percepção e sentir o lugar e o espaço que estamos ocupando: olhando, ouvindo- falando- tocando, enfim sendo sujeitos da ação. Percebamos que lugar é este? Que dimensão nos acolhe, por exemplo, ao falarmos de Cultura e Educação numa perspectiva diversa e de camadas cada vez mais profundas, principalmente no sentido nuclear e incondicionalmente humano. Que paredes nos cercam? E que paisagens o nosso universo individual projeta ao nosso redor? Que leis pessoais e que crenças coletivas sutilmente nos cercam e motivam as nossas ações e escrevendo o script da vida real?

Talvez não tenhamos as respostas a todas essas perguntas, mas com certeza o importante é fazermos as perguntas certas, sem medo de nos assustarmos com as respostas que por si surjam neste exercício de reflexão aonde somos o princípio e o fim de nossas indagações e descobertas.

Mulher Galatéia- a canção do corpo em Adalgisa Nery -Where stories live. Discover now