intercambista; parte dois

1: "Temos um aluno estrangeiro na faculdade"

Danielle puxou sua bolsa e um livro de Histologia de cima do balcão depois de despejar black tea dentro de seu copo térmico já contendo leite. Ela fechou a porta e se dirigiu pelo longo corredor, carregando o livro em um dos braços, a bolsa pendurada no ombro e o copo na mão direita. O som da chave do carro batendo nas chaves do apartamento ecoava pelo corredor, ninguém estava nele e portanto, a não ser que alguém estivesse colado a porta, ninguém poderia ouvir.

Ela entrou no elevador e clicou no botão que indicava o subsolo, onde seu Porsche 911 Cabriolet branco estava. Ele havia sido presente de seu pai, já que ele era apaixonado pela marca, mas Dani sempre se lembrava de outra pessoa quando encarava por muito tempo o símbolo do carro.

Enquanto o elevador descia, ela notava o quão diferente estava. O cabelo havia sido cortado, ela apostou em maquiagens mais leves para as aulas, suas roupas geralmente eram claras, mas hoje ela havia escolhido um moletom pesado e escuro, que cobria até metade de suas coxas. O jeans preto e agarrado havia sido escolhido por Harry, e ela gostou, os tênis eram Vans pretos e comuns. O rosto dela havia tomado alguns detalhes, aqueles que vêm quando com o passar da idade, como um desenho mais afinado e maçãs nem tão avantajadas. A voz dela havia se tornado um pouco mais grave, o corpo ganhou mais curvas e ela até que se considerava bonita.

Danielle ajeitou o cabelo antes de ouvir o plin do cubo de metal que a transportava, saindo depois que a porta abriu. Caminhou até sua vaga e sorriu para seu carro, apertou o botão e o veículo foi desarmado. Em poucos segundos, ela havia entrado em seu carro, jogado suas coisas no único banco de passageiro e ligava seu som em um volume aceitável. Seu carro era um conversível, mas a capota estava levantada e o ar condicionado queimando por conta do frio. Seus pais não haviam pensado no clima de Londres.

Uma das poucas coisas que não mudaram em Dani, foi o seu estilo musical. O que tocava agora era uma seleção da banda AC/DC, e começava por The Jack. Ela cantarolou as músicas, uma a uma, pelo caminho. Quando estava a cinco minutos da faculdade, o aleatório mandou You Shook Me All Night Long, Dani pulou a música.

[...]

Enquanto isso, Niall encarava o papel a sua frente com o típico desprezo. Ele estava encostado em sua Mercedes novinha, comprada há pouco menos de um mês. Ela era mais espaçosa que seu antigo Porsche e como ele passava bastante tempo em seu carro, preferiu trocar seu lindo Cayman GTS por uma Mercedes GLA 200 branca.

Niall não dormia tanto quanto gostaria. Quase toda noite ele tinha pesadelos, e o pior era que nem sempre eles eram com a pobre garotinha assassinada. Uma vez ou outra, o cansaço vencia o trauma e Horan dormia uma noite inteira. Mas o sono não tinha muita qualidade, ele não se importava de qualquer maneira.

Se antes Niall era frio, agora estava congelado. Ele parou de contar quando o número de mortes em seu currículo passou de 800 pessoas, segundo suas estatísticas... Ele havia triplicado sua lista e quebrado um recorde antigo. Horan não se importava em matar, contanto que o pagassem bem, ele não reclamaria. Sua mente havia sido cauterizada novamente. Ele não sentia e nem expressava emoções.

Respirou fundo e tentou revisar tudo o que passou estudando nos últimos quatro meses. Ajeitou a mochila preta em um dos ombros e caminhou pelo gramado da faculdade. Niall tinha poucas mudanças, o corpo tinha ganhado mais massa e seu rosto uma expressão séria, o que o deixava com uma aparência de 30 anos. Ele tinha quase 25 e entrar em colégios já não era mais fácil como antes, ele tinha feições de adulto.

Ele caminhou por alguns minutos e entrou dentro da grande faculdade depois de observar o famoso brasão dela. Alguns alunos chegavam mas ele nem se deu ao trabalho de olhar para eles, apenas levou isso como todos os outros casos. Um simples trabalho.