40: "Acha que sou idiota?"

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Descanse em paz, Robin.

Boa leitura.

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A primeira coisa que sinto ao tomar consciência, antes mesmo de abrir os olhos, é uma dor latejante em minha cabeça. Franzo as sobrancelhas e noto estar sentada desconfortavelmente em uma cadeira de couro almofadada. Minhas pálpebras tremelicam antes que eu consiga abri-las, sentindo como se elas fossem pesadas demais para que eu conseguisse fazer tal ato. Quando recebo o primeiro fecho de luz, aperto meus olhos rapidamente, minha cabeça realmente doía e eu sabia que a claridade só pioraria. Depois de alguns segundos, abri minhas pálpebras novamente e pisquei várias vezes para me acostumar.

Tudo parecia um borrão, como em uma foto mal tirada ou um vídeo de baixa quantidade de pixels. Minha cabeça doía consideravelmente agora, fazendo-me formar uma careta e gemer baixinho com a dor.

- Ora, ora... - uma voz masculina soou, parecendo vidros em meus ouvidos e gemi mais uma vez. - Acordou mais rápido do que eu esperava.

Finalmente consegui levantar meu rosto, olhando ao redor e demorando para assimilar o que havia acontecido, as memórias me atingindo como um martelo. Luke Hemmings foi a primeira pessoa que vi quando entrei na sala do reitor, mas ele não estava como eu esperava que o encontraria. Luke tinha seus braços amarrados atrás de uma cadeira, sua expressão era de um incrível arrependimento e constatei isso segundos depois ao ouvir seu pedido de desculpas. Naquele momento eu soube que ele não havia planejado aquilo, que ele não estava de acordo com minha presença ali e que ele se culpava imensamente por ter causado isso de alguma maneira.

Eu não me lembro exatamente o que aconteceu depois de ter a visão de seus olhos tristes, mas me recordo de sentir uma dor forte e então eu apaguei, acordando apenas agora.

Vaguei meu olhar pela sala, a qual reconheci como ainda sendo a do reitor por já ter estado aqui algumas vezes com o Hemmings mais novo, e mantive minha expressão confusa ao ver Niall ajoelhado no chão. Ao contrário de Luke e eu, ele não estava amarrado e apesar dos ferimentos em seu rosto, tinha certeza de que ele estava consciente. Eu tentei entender sua presença e pensei que talvez ao ouvir que algo havia dado errado comigo, ele se arriscou a entrar. Sem planejamento algum e agora ambos estamos sendo feitos de reféns.

- Pai, deixa ela ir, Danielle não tem nada a ver com isso. - ouvi a conhecida voz de Luke, notando o desespero quase palpável em seu tom.

Niall não dizia nada, parecia preso em sua própria cabeça, duvido que tenha notado que eu estava acordada. Minha mente não me deixava prestar atenção em muita coisa, eu sabia que estava amarrada, mas não era com nós fortes, parecia ser fita adesiva, e também tinha noção de que a outra voz era de Joseph Hemmings, pai de Luke, eu não conseguia me focar em como os dois rapazes mais novos estavam. Talvez fosse a dor de cabeça que me afligia ou simplesmente o choque de não saber o que está acontecendo.

Uma risada ecoou.

- Ela tem tudo a ver com isso. - Joseph disse e finalmente olhei para ele. - Se não fosse por ela, este rapazinho... - ele carregava uma arma em mãos e levantou o rosto de Niall pelo queixo ao colocar o cano do revólver naquele local. Seus olhos azuis estavam consumidos por uma raiva tão grande que eu podia notar daqui, ele finalmente olhou para mim e eu senti meu corpo gelar com a intensidade daquele olhar. - Nunca teria chegado aqui.

O quê?, penso e mantenho o cenho franzido, cansada demais para me defender em voz alta. Eu nem tinha noção de que Niall viria para cá, não tínhamos contato nenhum. Como eu poderia ter feito isso?

intercambista; parte dois Onde histórias criam vida. Descubra agora