28: "Ninguém"

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Todo homem tem dores secretas que o mundo não conhece, e, às vezes, são chamados de frios quando estão apenas tristes.

Henry W. Longfellow

Tempo atual...

Como esperado, Niall não respondeu minha pergunta e permaneceu em silêncio. A ausência de conversa não me incomodou de qualquer forma, pois eu sabia que ele me responderia assim que chegássemos no tal restaurante.

Apesar do silêncio que eu fazia, minha cabeça tentava criar teorias e explicações para tudo o que tem acontecido com Niall. Como a curiosa que sou naturalmente, eu estava realmente ansiosa. Meu corpo parecia não conseguir ficar parado, eu mexia meus pés descalços, mordia meu lábio inferior e até roí minhas unhas por alguns segundos.

O carro de Niall parou no estacionamento do restaurante, quando o olhei, lembrei-me vagamente dele. Luke já havia me trazido aqui pouco tempo depois que nos conhecemos. Enquanto colocava meus sapatos, reclamando internamente por ter que usá-los com os pés sujos, minha mente me levou até Luke.

O que Lorena irá dizer para ele?

Eu deveria fazer alguma coisa?

- Vamos? - Niall chamou, abrindo sua porta de novo para ver o que eu fazia.

- Claro, desculpe... - balanço a cabeça, notando que já havia terminado de colocar os malditos saltos.

Caminhamos separadamente pelo estacionamento, Horan a frente e eu logo atrás, porém, quando chegamos na porta, o loiro a abriu e deixou passagem para mim. Sorri levemente, mas não pude passar porque um rapaz estava saindo e acabei tendo de ficar de costas para Niall.

Quando ele passou, tentei entrar mas senti um puxãozinho em meu cabelo, fazendo-me direcionar o olhar até Horan que encarava um mecha rosa do meu cabelo entre seus dedos.

- Isso é de verdade? - questiona confuso, olhando para mim em seguida.

- Não... Isso foi ideia da Lorena. - respondo, sorrindo de forma pequena pela expressão quase infantil em seu rosto.

- Hm... Certo. - Niall estava quase monossílabo e isso não é um bom sinal, mesmo quando me contou quem era, ele não estava assim.

Horan nos guiou até uma mesa longe de quase todos, mas próxima o suficiente para que as pessoas nos vissem. Sentei-me logo que ele pediu e o observei fazer o mesmo a minha frente. O local não estava cheio e nem vazio, a risada de duas moças podia ser ouvida ao longe e a conversa de um casal que estava mais perto também, os poucos funcionários que eu podia ver estavam mexendo em seus celulares e duvido que tenham notado nossa presença.

Voltei meu olhar para Niall e notei o quão desorientado ele parecia, seus dedos puxavam seu cabelo para trás e seus cotovelos estavam apoiados na mesa. Ele leva suas mãos até seu rosto, passando-as por lá com tal força que sua pele ficou vermelha em poucos segundos.

- Eu não sei por onde começar. - ele confessa, voltando seu olhar azul-elétrico agora tão apagado para mim.

- Comece pelo começo, desde o início. - sugiro, apoiando-me na mesa com os cotovelos e expressando toda a minha curiosidade e empolgação para ouvir.

intercambista; parte dois Onde histórias criam vida. Descubra agora