Hey Angel

2. Perfect

"When I first saw you
From across the room
I can tell that you were curious
Oh yeah"

Lily estava se sentindo péssima.

Mesmo que a atitude de dirigir o danificado carro da mãe tenha sido de Josh, ela falhou. Ela não estava atenta e não percebeu o caminhão vindo na direção contrária. Isso fez com que ele ganhasse uma concussão, correndo o risco de um traumatismo craniano. Graças ao PC nada mais grave aconteceu. Ela suspirou mais uma vez, observando a enfermeira fazer os últimos ajustes de medicação antes de deixá-lo sozinho no quarto. Ele estava fora de perigo, era verdade, mas a decepção em vê-lo daquele jeito era inevitável.

- Eu disse que seria divertido. – Assim que ouviu a voz de Damon, o anjo avançou nele, socando-o de todas as formas que conseguia.

- MALDITO! – Ela dizia em meio a golpes. Não se cansaria de bater em um Condenado nunca, afinal, anjos não tem corpos materiais. – EU AVISEI! – Ela colocou as duas mãos no corpo dele, irradiando um fogo intenso, que fez Damon urrar de dor. – EU AVISEI PARA FICAR LONGE DELE. – O Condenado contorcia-se de uma forma que a dor parecia palpável. Qualquer um que conseguisse ver essa cena, acharia que Lilian era uma carrasca, sendo completamente irracional e feroz em uma execução. O que não deixava de ser verdade, mesmo que Damon já estivesse condenado perla eternidade. Ele merecia desfrutar da cólera do Alto só pelo fato de ter mexido com um humano. Lily se afastou do Condenado, ainda vendo seu corpo retorcer. – Desapareça Damon. Antes que eu me arrependa de ter parado. – Ele sumiu, voltando ao Caldeirão e o anjo passou a se acalmar. Lilian se sentou na janela, ainda encarando seu protegido desacordado na cama, quando a família dele entrou.

- Josh! – Jessie, a irmã mais nova, foi a primeira a correr até o irmão, chorando por ele. – Desculpa, por favor! Desculpa...

- Ela ficou se sentindo culpada por ter falado sobre a morte dele pela manhã. – Julie, o anjo da menina, se pronunciou caminhando até Lily. – Como ele está?

- Fora de perigo. Teve uma concussão, fraturou um braço, mas consegui evitar danos maiores. – Ela respondeu encarando o carinho que a mãe dele fazia em seus cabelos.

- Querido, como estou arrependida! – Ela encostou a cabeça na cabeça do filho, derramando algumas lágrimas. – Eu não devia ter deixado você sair com o carro daquele jeito... – Peter, o pai de Josh, abraçou a esposa, que se aninhou contra ele. Lily só conseguia se sentir pior.

- Não fique assim... Você estava lá, conseguiu impedir que as coisas ficassem piores. – Julie sentou-se ao lado de Lilian, que não tirava seus olhos de Josh.

- Eu podia ter evitado, Julie. Distrai-me por um segundo e Damon se aproveitou disso. Sinto mais raiva de mim mesma do que dele. Ele estava fazendo o que foi designado a fazer e eu falhei com meu dever.

- Hey... Se não fosse por você, Josh poderia estar morto. Então você cumpriu, sim, seu dever. Não seja tão dura consigo mesmo, Lily. – O anjo concordou, mesmo não se sentindo nada confortável. – O Alto se pronunciou? – Ela negou.

- Acho que pelo estado dele não ser grave, eles relevaram. Ou ainda vão falar algo.

- Acho que já teriam dito se fosse levar uma advertência ou punição. De qualquer forma, não se sinta mal. Você é um anjo incrível para Josh. Tenho certeza que ele concordaria comigo se pudesse. – Julie disse com um sorriso, fazendo Lily suspirar e encará-la.

- Não é à toa que você está no setor das crianças, Julie. Você é um doce. Obrigada.

- Disponha. – As duas continuaram encarando a família Michaels. Josh parecia com a mãe, enquanto Jessie tinha traços característicos do pai. Eles eram uma família feliz, unida, apesar dos pesares. Era difícil vê-los sofrer daquele jeito.