Capítulo 3

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No dia seguinte, Ana estava no trabalho exausta pela noite mal dormida, quando seu celular tocou. Era Silvia, sua mãe:

"Oi, filha, você está bem? Não foi trabalhar hoje? Só vi agora que você ligou várias vezes, fiquei preocupada"'.

"Ué, que história é essa, mãe? Estou trabalhando, não te liguei hoje".

"Como assim, Ana? Tem umas 8 chamadas suas feitas às 2 da tarde".

"Estou com você no viva-voz e olhando as chamadas do celular agora. Não tem nenhuma pra você".

"Mas as chamadas não são do seu celular, são da sua casa".

Ana se sentiu tonta: "Mãe, do que você está falando? Não tem ninguém em casa hoje ".

"Filha, tenho o número da sua casa nova gravado nos meus contatos, juro que foi de lá que vieram as ligações".

Ana ficou muda e foi novamente invadida por aquela sensação de pânico, um medo muito maior do que ela, um medo fora de seu controle.

A mãe de Ana continuou falando: "Agora estou preocupada. Será que alguém invadiu o seu apartamento? Não é melhor chamar a polícia? Mas como o invasor saberia o meu número? Ele estava na porta da geladeira, sei lá?".

"Não, mãe. Tenho o seu número apenas no meu celular. Que está comigo".

"Filha, deve estar acontecendo algum engano, vamos pensar um pouco".

Mas Ana já não estava mais escutando Silvia. "Mãe, preciso desligar", disse. Ela foi ao banheiro, lavou o rosto e disse para si mesma: "Isso não está acontecendo". Voltou à sua mesa e passou o resto da tarde sem conseguir trabalhar, olhando para o relógio, com receio do horário de ir para casa.

À noite, Ana entrou em seu apartamento e tentou sentir a atmosfera. Parecia mais densa, pesada, escura. Mas talvez fosse só a sua imaginação, sugerindo coisas. No chão, mais uma carta anônima. Ana respirou fundo e a pegou. Com medo de enfiar a mão dentro do envelope, virou-o sobre a mesa, despejando um objeto e um pedaço de papel. O objeto era uma espécie de ferradura, bem pequena, com 7 pontos. No bilhete estava escrito: Não ignore meus avisos. Vá embora.

Ana correu para o computador e digitou as palavras "ferradura" e "fantasmas" na ferramenta de pesquisa. Leu os primeiros resultados, que diziam a mesma coisa: a ferradura de 7 cravos é um dos mais antigos talismãs contra os maus espíritos.

Cansada de procurar explicações lógicas para acontecimentos ilógicos, ela aceitou que estava vivendo um evento sobrenatural e nada do que Mario, a Ciência ou qualquer outra pessoa dissesse a convenceria do contrário. Procurou ainda na internet sobre espíritos do mal e coisas do gênero, mas, leiga no assunto que era, só conseguiu ficar mais confusa e com medo.

Fechou o laptop e decidiu por conta própria: "Se eu ignorar, o que quer que esteja aqui vai embora".

Apartamento 134Onde histórias criam vida. Descubra agora