Por volta das 4 da manhã, a mãe de Ana acordou assustada, com uma sensação ruim. Pegou o celular na mesinha ao lado da cama para conferir o horário e, no mesmo momento, ele apitou. Uma mensagem de Ana: "Me ajuda".
Silvia correu até o prédio da filha, que estava mergulhado na escuridão. "O que está acontecendo aqui? Recebi uma mensagem da minha filha, do 134, o que está havendo?", ela perguntou ao porteiro. "A luz acabou há mais de uma hora, só aqui no prédio, e não voltou mais. É tudo o que eu sei", ele respondeu de má vontade. Silvia não esperou mais detalhes e, subindo as escadas correndo, chegou ao 13o andar. A porta da casa de Ana estava encostada.
Silvia entrou no apartamento escuro. Ligou o celular para tentar ver algo. A casa da filha estava completamente revirada: sofá, mesas, cadeiras, livros espalhados, televisão no chão, o armário do quarto com as portas escancaradas, as roupas jogadas. A mãe da garota foi até o banheiro.
Pendurado na maçaneta da porta, o pijama de Ana todo rasgado. Já chorando desesperadamente, Silvia foi iluminando o resto do banheiro, procurando pistas.
Sobre a pia, o último bilhete que Ana recebeu e a ferradura de 7 pontos. Com as mãos trêmulas, ela continuou iluminando o banheiro. No canto do chuveiro sem box, estava o corpo de Mario, inerte, sem vida, o rosto paralisado em uma última expressão de desespero, com os olhos vidrados e a boca aberta.
Silvia ajoelhou no chão e gritou.
Ana nunca mais foi encontrada.
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Apartamento 134
Short StoryAna estava sem dinheiro e precisava mudar de apartamento. Foi parar em um imóvel escuro, sujo e destruído, mas o único que podia pagar. No entanto, desde o dia da mudança, Ana tinha a insistente sensação de que havia algo errado por ali. Sua vida se...