Nick

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- Que foi se sente mal? Perguntou Livy segurando o braço da garota que ameaçou desmaiar.
- Sim é que eu não comi nada. Não deixava de ser verdade.
- Venha sente-se aqui. Livy a levou até o banco de madeira que Nick sentara outrora. Eles se sentaram e Livy começou a remexer na bolsa que levava presa a cintura. Nick pode ver a arma a lazer no coldre.
E se ela pegasse a arma e atirasse nele. Não, Nick não teria coragem de matar ninguém. É verdade que ela atacou o padrasto, mas não pretendia matá-lo. Apenas dar uma lição no sacripanta. Além disso, Nick não era nem um pouco agil, estaria morta em um instante. Sacudiu a cabeça para espantar tais pensamentos.
- Toma. Livy ofereceu um sanduiche que Nick aceitou. Livy comeu um outro.
- Obrigada. Agradeceu Nick comendo com vontade.
- Você estava mesmo com fome hein?
- Sim. Eu pensei que os caçadores comiam pirulas de comida desidratada.
- Temos destas tambem. Livy balançou um vidro cheio.
- Dizem que tem mais vitaminas concentrada. Continuou Nick.
- É verdade, mas o gosto é horrivel. Só como em caso de estrema necessidade. Confessou - Toma fica com esse. Livy deu o vidro para Nick.
- Obrigada.
- O que fazia sozinha na rua a essa hora da noite? Onde estão seus pais?
- Eu sou orfã. Meus pais morreram.
- Onde você mora?
- Na rua. Antes eu morava na casa de uma senhora, mas tive que sair. Pensou em sua casa com tristeza e magoa.
- Por quê?
- Por motivo de doença dela. É isso. Nick inventou com os nervos a flor da pele.
Livy ficou olhando pra ela intensamente. Parecia que ia perfura-la com aquele olhar de azul intenso. O coração de Nick gelou.
- Você cheira diferente. Um pouco como aquele mutante, mas bem mais fraco.
- Deve ser porque ele estava me agarrando agora pouco. Nick colocou uma mão sobre a outra no colo, para disfarsar o tremor delas.
- É pode ser. Você tem que ir pra um abrigo de crianças. Disse Livy mudando de assunto.
- Não, eu não quero. Eu posso me cuidar eu já tenho quinze anos. Respondeu ela desesperada para achar uma saida.
Nos abrigos eles faziam testes de DNA regularmente em seus acolhidos. E os que tivessem DNA misto, humano e animal, viravam cobaias do governo. Eles pretendiam fabricar uma vacina anti-mutante, não importava quantos cobaias morressem no processo. Nick lera isso no site de um grupo secreto anti governo que se intitulava DMS(direito dos mutantes).
- Você tem a mesma idade que eu. Observou Livy.
- Então, você esta na rua caçando mutantes. Eu também posso me cuidar.
- Mas eu fui desenvolvido e treinado com esse propósito. Você não.
- Mas...
- Eu não posso deixar uma garota tão linda e indefesa perambulando por aí. Nick corou com o elogio.
- Sao três dias de caminhada até o abrigo, menos se acharmos um grupo de caçadores e pedirmos carona.
Nick se desesperou, ela não podia nem com um caçador imagine com um grupo.
- Eu não vou. Respondeu Nick enfática.
- Garota, como oficial do governo eu posso te obrigar a me acompanhar.
Nick olhou com cara de choro. Lagrimas começaram a rolar pelo seu rosto, seguido de soluços descontroladas.
- Ei Nick calma. Livy colocou o braço ao redor dos ombros dela e a puxou para um abraço. Ele sentiu algo diferente quando a viu ali no chão pela primeira vez. Sua pele morena seus olhos verde esmeralda, ela era linda. Ele sentiu vontade de protege-la de cuidar dela. Nunca esse tipo de sentimento habitou o coração frio de caçador dele. Os caçadores eram solitários por natureza, podiam ter relacionamentos sexuais é claro, mas raramente se apaixonavam.
- Nick olha pra mim. Livy segurou o rosto da garota com as duas mãos. Nick levantou seus olhos lentamente até os dele.
- Nós vamos procurar um abrigo para passar a noite e depois conversamos sobre isso. Ok?
Nick concordou balançando afirmativamente sua cabeça.
- Temos que achar uma casa com água pra você tomar banho, o sangue do lobo que está em você, esta fedendo demais.
Só então Nick olhou para baixo. Sua calça e parte de sua camisa estava manchada com o sangue do mutante.
- Oh, meu Deus! Gritou Nick, levantando de um pulo do banco velho. Livy também se pôs de pé.
- Desculpe, eu não queria ter te sujado com sangue daquela coisa. Nick sentiu náuseas das palavras de Livy. Aquele mutante era mal, mas era uma pessoa não uma coisa. Ele era um humano, sim um humano diferente, assim como ela. Mesmo com nojo, Nick seguiu Livy para uma das casas abandonadas. Ela ia ficar con ele, mas no instante em que ele se distraisse ela fugiria pra longe.
Nick observou enquanto Livy destrancava a porta digital com um cartão sem disparar um alarme ou levar um choque.
- Uma das vantagens de ser caçador. Com isso posso entrar em qualquer casa. Livy levantou o cartão pra que ela visse e depois guardou na bolsa de coro presa ao seu cinto.
Eles entraram na melhor casa que havia por alí. Nick procurou o banheiro e viu satisfeita que havia água, tomou um banho demorado para tentar lavar de si o sinais da violência de Livy e do lobo, as roupas ensanguentadas ela jogou num cesto no banheiro. Ela não ia ter coragem de vesti-las de novo, mesmo lavadas.
Assim que ela saiu encontrou Livy saindo de um dos cômodos.
- Parece que ninguém invadiu essa casa antes. Há comida estragada na cozinha e está repreta de baratas e roedores. Fora isso está relativamente limpa. Me acompanhe.
Eles entraram num amplo cômodo, com uma cama de solteiro com colchão coberto de poeira, um sofa verde desbotado também empoeirado e um guarda roupas, que Livy havia aberto e tinha dois cobertores comidos por traça, algumas camisas masculinas no cabide, além de uma calça que se revelou um ninho de baratas. Nick subiu na cama enojada enquanto o jovem caçador as esmagava com sua bota de couro.
- Você tem medo desses pequenos insetinhos? Livy perguntou incrédulo.
- Não tenho medo, mas eca baratas são tão nojentas. Respondeu Nicoli com uma careta.
Livy riu divertido com a cena. Nick o observou extasiada.
" Como os dentes deles são brancos e alinhados, como sua risada preenche o ar, como seus olhos de safira ficam diferentes quando sorri, ele ê lindo, tudo nele é perfeito". Pensou Nick o observando.
- Terra para Nick. Livy estralou os dedos a despertando do transe.
- Oi?
- Você ficou aí parada. Está pensando em alguma coisa?
- Não, nada demais.
" Mas infelizmente ele é um caçador". Pensou ela tentando tirar tais pensamentos da cabeça.
Nick sentou-se na cama, Livy sentou no sofá a sua frente.
- Ainda está com fome?
- Muita. Nick observou enquanto Livy tirava uma lata de comida de sua bolsa.
- Como cabe tanta coisa nessa sua bolsinha tão pequena? Apontou Nick o objeto de couro.
- Ah isso. Por dentro ela tem um campo interno extensivel. É uma nova tecnologia da COM. Explicou Livy com orgulho.
- Ela é mais grande por dentro do que por fora?
- Isso mesmo.
- Posso ver?
- Pode. Só não mexe nas minhas coisa aí dentro. Livy passou a bolsa para Nick que viu maravilhada que era verdade, a parte interna era mais ou menos do tamanho de uma mochila.
- Legal. Admirou ela devolvendo a bolsa que Livy pegou e enroscou em um gancho na parede.
- Vou tomar um banho. Livy pendurou seu cinto junto com sua jaqueta de couro no gancho junto com a bolsa.Tirou os coturnos também. Depois pegou sua arma no coldre.
- Nunca me separo do meu brinquedinho. Explicou ele mostrando a arma e saindo em seguida.
Nick contou até dez lentamente depois levantou da cama. Vasculhou o bolso da jaqueta de Livy e encontrou algemas elétricas, guardou de volta, em outro bolso encontrou uma faca com lâmina tranparente, guardou embrulhada em uma roupa e enfiou em sua mochila. Nick colocou sua bolsa nas costas, pegou a lata de comida do sofa e saiu sorrateiramente do quarto. De jeito nenhum, ela iria pra um abrigo.
Cada passo que Nick dava parecia fazer um barulho enorme, a pior parte foi na escada que parecia ranger absurdamente alto. Nick soltou o ar que nem persebeu que tinha prendido. Agora era só passar pela porta e estaria livre. Nick deu um passo.
- Nick, o que esta fazendo aí em baixo? Nick congelou, quase morreu de susto. Virou -se lentamente Livy estava só de calça, sem camisa e enxugava os cabelos. Nick não pode deixar de reparar em seu abdômen definido.
- Livy?
- Responda Nicoli, o que faz aqui?
Nick vasculhava sua mente buscando uma desculpa plausivel. Olhou para a lata de comida e teve uma ideia. Nick mostrou a lata.
- Vim ver se o fogão estava funcionando para esquentar isso.
Livy desceu a escada e pegou a lata.
-Não precisa nada disso. Me acompanhe. Os dois sentaram nas cadeiras em volta de uma mesa de madeira lascada.
- Veja isso. Livy apertou um botão vermelho na lateral da lata.
- Agora é só esperar um minuto, a lata tem bateria e esquenta a comida sozinha depois se abre sozinha. Isso é uma coisa normal na capital. Enquanto ele falava a lata se abriu levantando o vapor quente.
- Hum, só é normal pros ricos, essas novidades não chegam tão rapido para os pobres.
Livy se remecheu na cadeira sem saber o que responder. A COM dava tudo de bom e de melhor para os caçadores em troca de seus serviços. Ele não sabia o que era pobreza, mas sabia muito bem o que era perigo.
- Então Nick, o que realmente você veio fazer aqui embaixo?
Livy a olhou com seriedade.
- Como assim? Eu já falei que vim esquentar a comida na lata. Nick começou a ficar nervosa.
- Sei e pra isso precisa trazer a mochila junto?
- Eu, eu..n-não
- Chega de desculpas Nick! Por que queria fugir?
- Eu não te devo satisfação. Você é pago para caçar mutantes não pra ficar de babá! Nick gritou levando -se da cadeira. Livy se pos de pé.
- Como oficial do governo eu devo manter a ordem, e isso inclui levar criançinhas perdidas pro abrigo. Gritou de volta Livy.
- Eu não sou criança e tão pouco estou perdida. Vociferou Nick.
- Não é o que parece, gritando como uma garotinha mimada.
Aquilo feriu Nick. Se hã alguma coisa que ela não foi é mimada. Espancada sim, xingada sempre, mas nunca mimada.
- Cala boca! Você não me conhece seu caçadorsinho. Eu vou embora agora mesmo. Nick correu em direção a porta, mas foi detida por Livy que segurou seus pulsos.
- Você não vai a lugar nenhum. Ta louca, quer morrer? É isso que vai conseguir saindo a noite nessa hora.
Nick sentiu a fúria animal se avultando dentro de si. É isso ela ia se transformar e Livy a mataria. Nick parou de se debater.
- Me solta por favor? Pediu tremendo.
- Só se você me prometer que não vai fugir. Rebateu Livy.
- Prometo, mas por favor, por favor, me solta. Livy a soltou e Nick caiu de joelhos. Algo estava mudando dentro dela ela podia sentir, ela ia se transformar.
"O banheiro". Pensou. "Tem tranca manual, posso me trancar e me destranformar". A respiraçãp de Nick se acelerou ela tinha que correr.
Nick se levantou devagar.
- Esta tudo bem com você? Livy perguntou segurando seu braço.
- Me solta! Gritou Nick, empurrando Livy. Ela não podia mais conter sua metamorfose. Livy havia caido com o empurrão, Nick aproveitou e correu o mais rapido que pode. Abriu a porta do banheiro e se trancou. Respirou com alivio e deu vazão a mutante em seu interior.

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