Feridos

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Nick não acreditar que aquele mesmo Livy que a beijara cheio de paixão, podia atirar nela assim.
Ela só acreditou quando sentiu ardencia em seu ombro já ferido pela mordida do mutante lobo.
Nick olhou para ele horrozida por sua atitude.
- Por que? Meio que grunhiu segurando o ombro ferido.
- Não é obvio? Eu sou um caçador e você é uma mutante. Um deve matar o outro. Livy soltou um riso histérico que assustou Nick.
O que ela não sabia, era que Livy era um exímio atirador, ele jamais erraria um tiro daquela distância.
Ele não pudera mata-la. Errara de propósito.

Livy fez a pior careta possivel. Botando banca de caçador implacavel. Quando ele deu um passo para para frente em direção a ela, Nick esqueceu o que poderia ser e tudo que foi. Saiu correndo com toda força que lhe restava deixando um rastro de lagrimas pelo caminho.
Livy ao contrário de que Nick pensou, não a seguiu. Caiu de joelhos ali mesmo, se permitiu chorar pela primeira vez.
Sim chorou e por uma garota e o mais grave, uma mutante.
Livy enchugou os olhos imaginando o que seus companheiros diriam se o vissem assim derrubado por uma paixão relampago.
- Acorda Livy, você mal a conhece. Lentamente se colocou de pé e espanou o pó de sua roupa.
Livy se encaminhou para a casa que lhes serviu de abrigo. Lá dentro tudo estava fora do lugar. A porta da frente já não existia, derrubada pelo lobo, estava em pedaços jogados no chão. As marcas de sua luta estavam por toda a sala. Sangue, coisas quebradas, marcas de facadas e tiros.
Devagar Livy subiu as escadas apalpando a garganta. Um pouco mais e o multante teria quebrado seu pescoço.
Livy colocou a mão sobre a velha maçaneta abrindo passagem para entrar no quarto outrora frequentado por Nick e ele.
Sentou-se na cama cansado. Deslizou aos poucos até estar deitado na cama. Alizou a cama no local onde Nick estivera. Ele ainda podia sentir o cheiro dela empregnado no pano que lhes servira de lençol. Seu olfato apuradissimo, uma das muitas habilidades adquiridas pela COM atraves de manipulação genética, lhe permitia isso. Livy se permitiu fechar os olhos e descansar, ele se sentia esgotado de corpo e alma.

Depois do que pareceu uma hora apenas Livy se levantou da cama. Ele tinha que se por em movimento. Tinha relatórios pra passar e devia estar em seu quartel amanhã, no máximo até o anoitecer. Além disso a fome, parecia formar um buraco em sua barriga.
Um dos preços a pagar pelas melhorias geneticas dos caçadores, era a fome. Eles se sentiam famintos muito mais rapidos do que humanos normais. Principalmente depois de surtos de adrenalina como quando se luta.
Livy foi até o lugar onde pendurara sua bolsa, mas ela não estava lá. Desesperado procurou pelo comodo todo, mas claro, não encontrou. Reparou nos vestigios no quarto pra entender o que acontecera. A porta estava arrombada, com certeza o lobo entrara por ali. Uma cadeira estava caida atras da porta. O joven caçador se abaixou e verificou que existiam marcas na parte de cima dela. Nick deve ter escorado a porta com o movel. Levantando-se Livy caminhou até a janela. Havia cacos de vidro no chão, a janela estava quebrada. Marcas na poeira acumulada ao longo de anos, indicavam que alguém passara por ali recentemente. Uma digital ensanguentada enfeitava o que restava do vidro antigo da janela. Livy colocou a cabeça para fora e olhou para baixo. O galho da arvore estava proximo a janela. Perto o bastante para pular. Livy pensou que Nick devia ter usado esta rota de fuga.
Nada mais estava fora do lugar, ou seja, o mutante deve ter seguido Nick direto, sem parar para roubar nada. O que significava que Nick o roubara.
- Bandida! Gritou de raiva e decepção.
Ele fora muito bobo. Baixara a guarda com alguém que nem conhecia. E eis o resultado.
Ela levara seu cartão, munição e toda sua comida.
" A faca". Livy pensou desolado. Em algum momento ela deve ter surrupiado. Sim ele se lembrava agora. Quando foi tomar banho deixou a jaqueta com a faca no quarto. Sua preciosa faca de diamantes que tinha seu nome gravado. Todo o caçador tinha a sua. Eles as ganhavam quando saiam em sua primeira caçada.
Como ele expricaria a Benne que perdera, o cartão, munição e sua faca de caçador.
Com toda a raiva o impulssionando, Livy deu soco que fez um buraco no antigo guarda-roupa. Ele estava desolado e a fome não o deixava pensar direito. Viu um vidro perto do velho sofa e se aproximou. Se abaixou e pegou do chão. Eram suas pirulas de comida.
Livy riu com a ironia. A unica coisa que ele dera para ela, ela deixou levando todo o resto.
O jovem caçador pegou cinco pirulas de uma vez e engoliu. Como ele odiava seu gosto insosso, mas teria que se contentar com elas.
O pior é que não poderia buscar abrigo e nem sequer pedir auxilio a qualquer caçador desconhecidos sem seu cartão e sua faca. Ambos serviam como identificação primária dos caçadores.
O que seus amigos vão dizer quando ele, Olive Night o caçador prodigio, o mais jovem caçador da historia, voltar sem os seus simbolos de honra?
Mas Livy não era covarde, ele enfrentaria tudo de cabeça erguida. Só não falaria de sua paixão relampago. Esse erro ele guardaria para si.
Livy caminhou até o banheiro e lavou o rosto. Olhou para seu rosto bonito refletido no espelho. Várias caçadoras, até mais velhas que ele o desejavam como parceiro. Ele até mesmo fora parceiro de uma por um tempo. Mary era nome dela. Ela era uma loira exuberante, mas por mais que Livy a achasse bonita, não sentia mais do que atração fisica por ela. E Livy acabou se cansando dela. Quando disse a garota que queria terminar, levara uma facada no braço como lembrete do desgosto que causou.
Nada muito estranho, os caçadores viviam para lutar. Ferir uns aos outros era comum, mas matar somente multantes. Isso era lei.
Livy abaixou o olhar e viu um objeto sobre a pia. Uma pulseira com contas de pedra de meteoro coloridas. Elas eram caras e raras. Pois os meteoros que conseguiam passar pelo escudo protetor da terra eram pequenos e muito usados na fabriçação de diversas tecnologias, por ser uma otima fonte de energia.
Livy manipulou a pulseira com cuidado. Havia algo minusculo escrito nas pedrinhas.
- N-I-C-K. Leu Livy.
Com raiva ele apertou a pulseira nas mãos. Pensou em joga-la pela janela, mas não conseguiu. Vestiu-a em seu pulso direito e ficou admirando. Não que ele quizesse ter uma lembrança dela, mas isso seria um lembrete de nunca mais confiar em um desconhecidos. E jamais baixar a guarda de novo.

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⏰ Última atualização: May 08, 2016 ⏰

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