Preciso entender: um novo começo ( 4º ciclo da história. Parte de 102 a 111)

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Parte 102- Juntando as sobras.

Eu sei que não faz muito tempo, mas as vezes sinto que esse tempo soa como uma eternidade pros meus sentimentos e principalmente para aquela certa saudade que eu sinto da minha vida anterior.
André

Parte 103- Juntando as sobras

Inicialmente, parecia um tédio viver aqui. Não que Buenos Aires seja uma cidade sem graça (pode crer que não é mesmo!) mas por mim mesmo. Me faltava vontade pra tudo, e além disso, existia o medo da independência.

Parece estranho falar "medo de independência" já que a independência é algo que a maioria das pessoas na minha idade procuram... eu fui forçado a achá-la.

Cheguei aqui sem saber onde ficar e sem nem mesmo saber o motivo de estar aqui. Foi idéia do meu tio, e algo rapidamente planejado: eu apenas sairia de casa pra longe, onde eu pudesse fazer a minha vida da forma que eu quisesse, e ele me ajudaria.

Nos primeiros dias, meu abrigo era um modesto quarto de hotel, do qual um amigo do meu tio de longa data é dono. Era um quarto grande, confortável, e a cama foi a minha melhor amiga durante o começo. E por lá fiquei durante várias manhãs, tardes e noites, e uma das coisas que eu mais desejava, era que o mundo me esquecesse.

Não vale mais a pena falar dos dias tristes do começo. Melhor é falar do recomeço.

Não lembro exatamente o dia, mas era um dia de semana. Acordei um pouco mais relaxado e aliviado por não ter mais lágrimas pra chorar (Obrigado, Deus!).
Fui para a janela, e ao de sentir o vendo bater no meu rosto e o cheiro do chocolate quente que eu bebia, descobri que parte de mim ainda tinha uma imensa vontade de viver. Eu nunca achei que eu aguentaria isso tudo sozinho e claro, sempre imaginei que o Rian estaria comigo pra enfrentar o que talvez seria a pior parte da minha vida, e ele não estava. Descobri que sou maior que isso tudo, e foi de onde tirei motivos pra recomeçar a minha vida por aqui.

Eu já tinha visitado essa cidade anteriormente, e então fui descobrir a cidade como um "morador". Eu já tinha mesmo que dar entrada em documentações por aqui, e aproveitava todas as minhas idas a bancos, consulados, apartamentos para aluguel e locais que estavam oferecendo emprego, pra aprender sempre um pouco mais sobre a minha "nova casa".
André

Parte 104- Juntando as sobras

Ainda nos primeiros dias, o contato com a minha família era um tanto frequente. O meu tio sempre dava um jeito de falar comigo. A minha irmã sempre me passava e-mails ou telefonava. Eles eram os únicos que sabiam onde eu estava.

O meu pai falou comigo umas 2 ou 3 vezes. Era eu quem ligava quando eu sabia que ele queria falar algo comigo. Era uma forma indevida de matar a saudade dele, e ao mesmo tempo, uma forma de ficar com mais raiva ainda!

Pai- Eu vou te mandar todos os seus documentos.
Eu- Tudo bem.
Pai- É só isso que te resta que ainda está aqui na minha casa. Recebendo isso, você pode ficar onde você está pra sempre. Tchau.

Em todas as vezes que cheguei a falar com ele, a conversa tinha um certo tom de decepção de ambas partes. Quando eu desligava o telefone, eu me sentia tão envergonhado disso...

Numa Segunda-Feira, acordei cedo e fui atrás de emprego. Tive sorte de achar um emprego por coincidência.
Entrei numa loja pra olhar uma roupa e eles estavam querendo mais um vendedor. Confesso que fiquei meio envergonhado de perguntar algo sobre o emprego pro gerente, já que de certa forma, nessas lojas de shopping ou lojas do tipo, eles sempre querem pessoas tipo "Miss ou Mister Brasil", e eu to longe disso hehehe.

Perguntei pro carinha lá, e ele me mandou voltar no outro dia. Logo que falei com ele, ouvi de volta a pergunta "eres brasileño?"; e pensei "pqp, ele nem deve ter entendido o que falei!"... mas ele agiu normalmente.

Preciso Entender ( boyxboy) ( romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora