O senhor do tempo

O mundo doente e a solidão

  Quando não somos completos, de pequenasmigalhas procuramos o todo. O mundo começa a perder o sabor quando estamosimersos situações incompletas. Quantas vezes vemos pessoas "invejáveis" asquais viajam pelo mundo – Londres, Paris, Nova Iorque – e no meio disso tudopassamos a cobiçar a felicidade do outro; queriater aquela roupa, queria ter aquele corpo, queria ter aquela casa. Existeuma procura desesperada por atenção no mundo moderno; cada um trancado em seupróprio mundo – nunca existiu tanta depressão, tanta solidão e revolta com aprópria vida – quantas vezes a vida pareceu vazia, sem sentido, banal. Aqueleque segue viajando pelo mundo e vivendo da fama, será que é uma pessoacompleta? As coisas perdem o sabor quando consumidas em excesso. Isso ocorreaté mesmo no casamento – Quantas vezes temos a impressão de que o amor acabouno casamento? Parece que os casais de namorados vivem de forma bem maisapaixonada que os casados, eles se veem somente uma vez por semana – a saudadee a distância são aliadas dos momentos raros. Aquilo que é bom e é raro nuncaperde qualidade. "A solidão é coletivano mundo atual"; Essa mesma frase se repete todos os dias, mas pouca genteentende o que ela realmente significa – em uma era digital, como podemos viversolitários? - Quantas vezes tu fostevisitado esta semana por aqueles que o visitam no meio digital todos os dias? Apartir daí tu começas a perceber que a separação começa a ser grande entreaquelas pessoas que costumávamos ver todos os dias quando os celulares nãoexistiam; As ligações se tornam escassas, a presença física se torna altamenterara. Com isso, sentimos completos no meio digital, mas aos poucos afundamos emuma solidão inconsciente, nos afastamos daqueles que vivem ao nosso redor.Logo, todo aquele que não está imerso no nas redes sociais passa a não fazerparte do nosso mundo. Desprezo aos pais, distâncias dos parentes, afastamento dosamigos. Esse é o preço que se paga por viver em uma realidade paralela ao mundoreal – o afastamento, isolamento e uma tristeza que cresce de forma sorrateira.