Parece-me desprezo com a vida comer carne. Parece-me errado matar o pobre animal. Acho que de carne eu não deveria viver. Acordo. Percebo que o cão faminto precisa ser alimentado, e que meu respeito pelo bife morto no prato de nada serve para a vida que prossegue errante e faminta. Acordo mais ainda. Sou ridículo. Lembro que não como carne pelo simples fato de respeitar o animal morto- mas ele já está morto. Foi cultivado para me alimentar, sofreu e padeceu em sua vida de escravo. Agora percebo; Minha compaixão somente é útil com a coisa viva, sob tua capsula mortal moribunda nada posso fazer. Agora sou livre dessa mazela ética. Sobre o morto nada posso fazer. Aos vivos devo ter respeito e admiração. Pois bem, não medirei esforços para salvar algo da morte; pois, sobre ela, nada posso fazer. Repare que a reflexão é profunda – que sentido faz protestar contra a morte se afastando daquilo que foi produto dela? O animal foi "cultivado" como se tua vida fosse a de um vegetal. Deixar de se alimentar da carne não salvará nenhum da morte, aquele que já morreu deve ser aproveitado em respeito à vida escrava que viveu. A luta não deve ser por aqueles que já padeceram para nos manter vivos, mas sim, por aqueles que ainda estão por nascer, por aqueles que sofrem em cativeiro.
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O senhor do tempo
EspiritualA modernidade guarda profundas reflexões, neste pequeno livro eu o chamo a refletir sobre a realidade profunda em que vivemos. Observe a realidade como ela realmente é.
