O senhor do tempo

Sobre a religião

  Posso mencionar dois discursos referentes à religião: o da paz e o do ódio. Não confunda religião com fé – são coisas completamente diferentes. Existe uma prática moderna de atrelar a religião com a alienação. Isso de certa forma é verdade. Mantem-se, em ambiente religioso, pessoas sob o domínio de crenças que em muitos casos são impostas de forma a nunca serem questionadas. É-lhes proibido o questionamento tanto da fé, quanto das razões das coisas. De certa forma isso é benéfico para a sociedade. No geral, pessoas religiosas vivem em condição servil, presas em suas crenças e preocupadas demais com a salvação de suas almas para um paraíso futuro, assim, separar-se do resto do mundo dos "pecadores" se torna fundamental para a tão sonhada salvação. Veja que o estado sempre esteve ligado à igreja. No Brasil, o sistema do padroado – igreja e estado juntos – perdurou até a instauração da republica em 15 de novembro de 1889. Instaurada a republica, deu-se fim a esse sistema e o país se tornou laico. Contudo, a igreja ainda permaneceu e permanece operando sobre os lares brasileiros; nos tempos da república influenciou eleições, se apoderou de terras em nome do sagrado. A religião também serviu como base para atrocidades nos tempos antigos – o tribunal da santa inquisição, as cruzadas para a retomada de Jerusalém – na modernidade, não obstante da religião está à fé. Vale lembrar o nazismo, os campos de concentração russos chamados "gulag", o "Holodomor" na Ucrânia. Todos estes eventos patrocinados por ideais de superioridade, não distantes do horror acontecido no passado em prol de uma entidade celestial. Tais acontecidos demonstram o quão perigosas são as ideias pregadas em prol da salvação da alma. Existe um desespero natural frente à aniquilação do corpo, o fim de uma vida e a destruição de uma existência. Todo aquele que se apresentar como capaz de salvar-nos da morte, ou confortar-nos frente ao sofrimento da vida, será digno de nossa atenção e veneração transcendental.