Capítulo 1

272 7 3
                                    

Finalizei botando meus saltos perfeitamente altos e meus fones de ouvido, apesar de nunca entender o que a letra diz, eu amo essa música. Entrei no meu carro torcendo pra que meu pai chegasse atrasado ao trabalho hoje, já que eu evidentemente estava. E não estava pouco.

Não é fácil pra uma garota de dezoito anos arcar com tantas responsabilidades. Faculdade, trabalho, amigos... Agradeço de não adicionar um relacionamento na minha lista de responsabilidades, já tentei algumas vezes, mas quase nunca da certo. Acontece que eu não sou muito organizada então eu não consigo conciliar tudo e eles sempre caem fora, ou eu digo para irem passear.

"Você não tem tempo pra gente", "você trabalha de mais", "tem certeza que você vai mesmo trabalhar?". Sou uma pessoa que não é fã de cobrança, então ainda não encontrei meu príncipe com seu cavalo branco.

Depois de pegar um grande transito pelas ruas da Califórnia, finalmente cheguei ao grande prédio espelhado com portas impressionantemente grandes e que abriam sozinhas. Há pessoas de terno e gravata extremamente engomadinhos andando de um lado para o outro o dia inteiro. Sou uma delas.

- Você está dez minutos atrasada mocinha.

- Desculpa pai é que peguei muito transito.

- Tudo bem, vai lá tem pessoas querendo saber onde ficam as salas.

Para quem acha que eu trabalho em um super emprego no qual eu ganho maravilhosamente bem, achou errado. Eu só sou a menina que da informações e cuida das contas do chefe, que no caso é meu pai, que no caso não interfere nada.

- Oi, se lembra de mim? - diz um homem chamando minha atenção.

- Desculpa senhor, falo com muitas pessoas durante o dia, não conseguiria guardar seu rosto.

- É faz muito tempo que não nos vemos, sou o pai do Adam, lembra?

Forcei um sorriso na cara e busquei por algum Adam para me livrar logo desse cara, mas acabei tendo que bancar a diplomática.

- Não conheço nenhum Adam, mas tenho quase certeza de que o senhor não veio até aqui para me perguntar sobre ele.

- Sempre com uma resposta na ponta da língua. Pode me informar aonde é a sala do seu pai?

- Sala número 17 senhor.

- Ok ,obrigada...?

- Katherine.

- Isso, Katherine.

Ele deu as costas e foi em direção à sala do "Dr. Paulo".

Essa gente que acha que manda no nosso cérebro e querem nos fazer lembrar de pessoas que nem fizeram grande história, fala sério , esse tal de Adam descobriu a América? Foi o inventor do celular? O primeiro homem a pisar na lua? Tenho certeza de que não, então por que sou obrigada a lembrar desse Zé ninguém?

Agradeceria se Deus me fizesse uma pessoa menos curiosa, por que minha cabeça não para de girar e gritar para si mesma:

"Quem é Ele?"

Brilho eterno de uma mente   sem lembrançasOnde histórias criam vida. Descubra agora