Capítulo 6

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Já são exatamente três e quinze da manhã e eu me encontro nessa situação. Já entrei em todas as minhas redes sociais e dei uma breve olhada nas postagens das pessoas mais próximas, organizei meus aplicativos em ordem alfabética e procurei imagens fofas no Tumblr. Cada sinal que meu sono dava eu largava o celular imediatamente e fechava meus olhos, mas logo meu cérebro começava a trabalhar e pensar de mais.

Depois da última ligação que ignorei, não me procuraram mais, acho que é por isso que ando nessa insônia constante, as coisas entre mim e Abi não estão legais, mais parece que isso não é o foco de agora. Lembro-me vagarosamente de quando eu e Abigail éramos vizinhas de frente, nas grandes noites de pesadelos, como chamávamos, pulávamos a janela do nosso quarto para dormir juntas, nos enfiávamos debaixo das cobertas e não há calor que nos tirava dali. Isso me fez refletir que não importa quantas vezes ela me machuque com suas palavras irrefletidas, eu vou sempre a amar, por que é isso que os amigos fazem, valorizam mais sua relação do que seu próprio ego.

Preciso resolver isso.

Levantei da cama, vesti meu casaco e minhas pantufas, incrível como o clima pode variar de acordo com a hora. Comi alguma coisa também, não tinha sono, porém minha fome era insaciável e não queria dar a honra de outros ouviram meu estômago roncando.

Minhas chaves, bolsa e telefone, desci assim para a garagem, a fim de consertar a burrada que eu não fiz.

Fingir que nada aconteceu, fingir que nada aconteceu.

Era isso que procurava repassar em minha cabeça enquanto ia em direção ao meu carro, afinal há pesadelos maiores a se enfrentar. Cheguei a portaria, Noah nosso porteiro, me olhava assustado, provavelmente se perguntado por que uma garota de dezoito anos estaria de pijama às três da manhã na garagem?

Só assenti com a cabeça e segui em frente. Entrei e liguei meu carro, saindo pela cidade. Botei em uma estação de rádio e estava tocando 22 da Taylor Swift, lembranças vieram sobre minha adolescência ao lado de algumas meninas que andavam comigo na época de colégio, toda aquela loucura de chegar na adolescência e já se achar a adulta com ideias loucas. Lembro de quando nos reuníamos em fins de semanas para planejar onde colocaríamos um piercing, ou sobre pintar nosso cabelo de uma cor não muito comum, até mesmo passar a noite acordada só contando histórias sobre nossos ex namorados.

"Acabamos sonhando ao invés de dormir"

Peguei o telefone. Última visualização fora as duas e quinze, ou seja, uma hora e meia atrás.

Não dando mais de cinco minutos depois chego aí meu destino. As janelas fechadas, luzes apagadas e o vento soprando frio do lado de fora. A única opção que tenho é ligar para Anne e pedir para que me deixe entrar, e assim o faço

- Oi! Tá acordada?

- Não, e você também não deveria estar.

- Preciso subir

- Já abro

Assim? Fácil?

Nossa que ótimo, pensei. Fui em frente, entrando no elevador e esperando dar o número do bloco em qual queria parar.

Com uma mão leve, bati na porta. Reinando um silêncio pelos corredores não demorou muito para alguém vir e me atender.

- Sem perguntas, só precisava sair de casa, da licença.

Deixe-a para trás, com cabelos emaranhados e pijama amaçado. Subi as escadas a procura de uma porta toda pintada de verde com desenhos sem forma.

A abri com cuidado, como uma casa antiga, os móveis e ela toda costumavam ranger bastante. Me deparei com Abigail babando em cima de seu monte de ursos brancos e cobertas peludas, a empurrei um pouco para o lado, na tentativa de conseguir deitar, só que falhei e acabei a acordando.

- Kath? O que aconteceu?

- Tive pesadelos, amiga.

Brilho eterno de uma mente   sem lembrançasOnde histórias criam vida. Descubra agora