Capítulo 3

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Clari
Plenamente num sábado de manhã eu acordei cedo sem nenhum alarme e nem mesmo com um pingo de sono, milagres acontecem. Levantei me sentindo muito disposta, então trajei roupas confortáveis e peguei meu celular e fone de ouvido. Sai de casa e não cruzei com ninguém, então para não preocupar, deixei um bilhete dizendo que fui dar uma caminhada.
Andei por alguns minutos com uma música suave no fone até eu chegar a praia. Estava quase deserta, com o tempo frio e nublado ninguém tinha o interesse de vir. Fiquei caminhando à beira do mar, tirei os fones. Era mais tranquilizador ouvir as ondas do mar do que música.
Fiquei pensando nos últimos acontecimentos, ontem Diego estava estranho, nosso passeio se tornou estranho.
O que eu não esperava era que eu ia acabar trombando com alguém.
-Ai meu deus! Me desculp... Diego?
Sem querer, meu fone de ouvido caiu no chão, mais especificamente na areia, me abaixei para pegar me desculpando e quando levantei novamente era o Diego.
-Oi Clari -disse Diego não parecia nem um pouco surpreso ao me ver.
-Faz sempre caminhada por aqui? -perguntei, sempre que me sentia disposta, eu ia caminhar e nunca vi Diego antes.
-Às vezes, mas e você? -perguntou.
-Às vezes também! -sorri ele também.
Continuamos nossa caminhada juntos, apenas lado a lado sem nenhum toque físico. Mas qual era a precisão daquilo? Somos apenas melhores amigos.
-Que acha de ir em uma cafeteria? Não comi nada hoje -disse Diego e eu o olhei um tanto surpresa.
De uma forma muito estranha, somos muito parecidos, pensamos iguais é algo tão... Tão nosso.
-Topo! -respondi e mudamos o rumo, saindo da praia.
Fomos rumo a cafeteira entre conversas.
-Dih, a Camilla já percebeu o idiota que você é? -perguntei zombando dele.
-Af para de ser chata -ele me deu uma leve empurrada -Quase nem vejo a Cami, ela ainda muito ocupada com estudos, mais nerd que você.
-Ah claro, eu sou nerd passando todos os finais de semana com você e trocando mensagens até a madrugada todos os dias, nas vésperas de prova não estou estudando e sim fazendo alguma programação com você e acha que sou nerd?! -perguntei brincando de uma forma incrédula.
-Mesmo assim, tira notas melhores que as minhas! -disse e balançou os ombros numa forma infantil de dizer que não estava nem aí, comecei a rir. Diego parecia uma criança de três anos no corpo de um adolescente de dezessete.
-Seu ridículo, logo vai estar na faculdade e age como uma criança!-apertei suas bochechas e o mesmo me olhou com uma cara de emburrado.
-Eu preferia ser uma criança, você ia à escola e quando acertava uma conta de adição e subtração ia pra casa todo alegre! -disse parecendo uma criança quando a negam doce.
Era verdade, era tão bom quando tudo era mais fácil. Agora o tempo passa, crescemos e adquirimos responsabilidade, é bom não ter responsabilidade mas ter liberdade, deve ser bom também.
-Pois é, é a vida -suspirei -Só espero que com trabalho e outras obrigações eu ainda consiga irritar você.
Após falar, veio em minha cabeça, como será meu futuro? Diego vai estar presente nele? Como meu melhor amigo ou apenas uma lembrança?
Olhei para o mesmo que também parecia pensar.
-Mas eu vou eternamente te chamar de princesa! -disse e envolveu meus ombros com seu braço.
Chegamos assim na cafeteria, mas logo nos separamos.
Pedimos dois cafés expressos e algumas rosquinhas, somos completamente viciados em café.
Minha concentração era apenas comer, que nem me importei em puxar assunto. Com o pratinho vazio e a xícara também, olhei para o Diego e ele também havia acabado.
-Nosso passeio no parque de diversões ainda está de pé, não é? -perguntou Diego sorrindo.
-Claro, não estava nos planos nos encontrarmos aqui! -sorri de volta.
Pagamos a cafeteira e fomos para casa, durante o caminho eu brincava com minha pulseira. Até que me assustei quando Diego me puxou brutalmente pelo braço, me fazendo dar dois passos para trás.
-Clara você está louca? -me perguntou incrédulo, nervoso e bravo.
-O que? Você que do nada me puxa! Agora meu braço está doendo! -reclamei passando a mão no meu braço que estava vermelho.
Diego pareceu ficar mais irritado.
-Você é muito irresponsável e distraída! Essa dorzinha no braço não chegaria perto da dor causada por isso! -falou e fez eu olhar para frente, onde a rua estava movimentada, os carros passando como um carro de corrida e o farol verde. Talvez eu não sairia viva do possível estrago que poderia ter ocorrido se não fosse por Diego.
-Di... Diego, cara, obrigada por poupar sua presença no meu funeral! -eu poderia tê-lo abraçado e agradecido de outra maneira, mas eu ainda estava em choque.
Diego não conseguiu segurar e riu. Possivelmente com chances de ter morrido à segundos atrás, eu falei mesmo uma piada?
Eu ainda estava em choque que quando me dei conta, Diego estava novamente segurando meu braço, só que desta vez com delicadeza e me guiando a atravessar a rua já no farol vermelho.
-Clari o que colocaram no seu café? Ta mais distraída que nunca! -brincou Diego.
-Idiota, é que do nada minha pulseira me pareceu interessante -falei voltando a brincar com o objeto cheio de pingente no meu pulso.
-E por que tem essas coisas todas nele? -perguntou mexendo na minha pulseira.
-São pingentes! -o corrigi -São pingentes que contam a história da minha vida.
-Nossa você tem só dezessete anos mesmo? Olha quantos pingentes! -perguntou vendo pingente por pingente -O que é isso?
-É um diploma, ganhei esse na formatura do ensino fundamental.
-E esse? -perguntou novamente apontando para outro pingente.
-É um olho grego, protege da inveja e mal-olhado, minha avó que me deu de presente -suspirei.
-Ta tudo bem? -perguntou preocupado.
-Sim é que, estou com saudades da minha avó só isso, hoje ela está morando em Madri.
-Sei como é, também estou morrendo de saudade dos parentes e amigos que estão lá.
XX
-Para de irritar, você já perguntou de todos os pingentes!
Diego estava me irritando perguntando sobre todos pingentes, de propósito.
Por sorte, já estamos em frente a minha casa.
-O que acha de almoçar na minha casa? -perguntou Diego.
-Eu topo! -sorri -Depois eu vou, preciso me arrumar, da sua casa vamos para o parque?
-Sim!
-Ok.
-Até logo! -ele falou já indo para casa.
-Até -respondi entrando em casa.

O meu melhor amigo é o meu amorOnde histórias criam vida. Descubra agora