FLASHBACK ON
Dezembro de 2007
Agora toda essa preocupação com o ano 2007! Só pode ser essa velha mania de acreditar em tudo que dizem e que não é comprovado.
Se vocês estão bem lembrados ao nos aproximarmos dos anos mil já se cogitava a ideia DO FIM DO MUNDO, com todas as letras maiúsculas. Tanto que, para adiantar o serviço, vários se mataram antes. Não é porque Pat Robertson fez um livro nos anos 90 dizendo que o mundo vai acabar esse ano, que ele vai mesmo.
E isto simplesmente por que a vida é contínua. Não um projeto imóvel de slides, mas sim um desenrolar de filme em câmera lenta. Ênfase no lenta, por favor. Bem lenta.
Deixemos essas preocupações de lado, pois o ano dois mil e sete vai acabar como outro qualquer e começar mais um ano... continuamente, rotineiramente... as mesmas coisas, todos os anos. Sempre.
Me desculpa pelo pessimismo, é que a rotina me consome, e a rotina não é uma coisa muito boa, você sabe: Acordar, se arrumar, toma café, ler o jornal da manhã, ir trabalhar - no meu caso no Jornal ou escrevendo meus livros, voltar pra casa, tomar café, dormir, acordar...
Sou uma cronista, faço crônicas se você não sabe...
Claro que eu sei, Lauren, você está falando com você própria, na sua cabecinha. Não é como se alguém tivesse lendo ou te ouvindo. Irei supor que aqui tem um leitor.
Bom, enfim, meu dinheiro não é pouco, eu ganho bem e da pra me sustentar sem nenhuma preocupação e sem ajuda dos meus pais.
Me mudei para Miami 2 anos atrás, tenho 23 anos, prazer. Por enquanto estou vivendo sem eles - e parece que estou enlouquecendo, visto que estou falando como se estivesse em um Reality Show da minha vida -... Claro, é realmente mais difícil ter aquela renda no final do mês pra me divertir como bem quiser, mas sempre que eu posso, consigo aproveitar.
Segunda,
Hoje é segunda, me chamem de estranha, mas, sim, eu amo segundas. As manhãs em minha rua eram mais lindas, os pardais cantavam animadamente, e o sol batia na orquídeas, rosas, margaridas da floricultura da Dona Mabel.
Peguei meu carro, um UNO, ele é pequeno, mas dá pra me locomover, e isso é o mais importante. Estava me dirigindo a minha Cafeteria favorita da Avenida Duchamp, não era muito diferente das outras, apenas por ter uma atendente um tanto quanto linda, uma das minhas melhores amigas, Lucy Vives. Ela me servia o de sempre e ficávamos conversando e jogando papo fora. Mas hoje, infelizmente, ao chegar no local, ele estava fechado. Lucy é uma desgraçada, nem para me avisar que não funcionaria hoje serve. Na porta da dessa tinha uma plaquinha escrito "Reforma. Book&Coffee mais próxima: Avenida 172".
Tudo bem, irei ter de obedecer uma placa. Tudo bem, Lauren.
Me direcionei até a tal avenida, ela não era muito movimentada, quer dizer... não era movimentada, o máximo 4 carros passando por vez. Estacionei na frente da pequena Book&Coffee, onde se tinha uma pequena placa informando que o local estava aberto.
Saí do carro e peguei minha bolsa.
— Por favor, atendente – Era a quarta vez que eu tentava chamar a única atendente daquela cafeteria, essa franquia vai falir em poucas semanas, não tenho dúvidas. – Moça...
Logo a morena alta e, podemos dizer, bonita... sim, muito bonita, veio de encontro a minha pessoa, finalmente.
— Me desculpa, senhorita, é que essa historia de fim do mundo passando em todos os cantos... – Ela disse sorrindo simpática. Pessoas simpáticas demais as vezes me dão nojo, forçadas, mas ela não aparentava, apenas sorri de volta.
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172 AVENUE
RandomA partida, a despedida, o momento em que você dá um sorriso-mona-lisa, estica os lábios e mostra as covinhas, apontando o tamanho da cova que vou entrar quando a distância se tornar lei e o mais perto que estarei dela é na lembrança. Aquele gosto r...