Os Templários

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Diz o historiador maçom Adelino de Figueiredo Lima que Hugo de Paynes e mais oito cavaleiros Franceses, abrasados pelo fervor religioso e movidos pelo espírito de aventura tão comum aos nobres que buscavam nas cruzadas, nos combates aos muçulmanos a glória dos atos de bravura e a consagração da impavidez, abalaram rumo à Palestina lavando no peito a cruz de Cristo e na alma um sonho de amor. Eles se constituíram fiadores da fé, disputando as relíquias sagradas que os "infiéis" ou fanáticos do Crescente retinham e profanavam. Nicola Aslan diz que a Ordem foi fundada em 1118 por Hugo de Paynes, casa dos Condes de Champanha, e seu companheiro Godofredo de Buillons e que posteriormente se agregara mais companheiros.

A Ordem dos Templários era  constituida: 1° de cavaleiros (fratres milites) que deviam ser nobres; 2° de capelães (fratres capellani) que era o clero da Ordem; 3° de escudeiros, sargentos e soldados (fratres serventes armigeri); e 4° de criados e artífice (servientes família et officii). O grão-mestre, que era eleito assim como todos os dignitários, tinha honras de príncipe.

Reinava em Jerusalém Balduíno II, que os acolheu e lhes destinou um velho palácio próximo à mesquita de El-Aqsâ, junto ao planalto do Monte Moriah, onde os montões de escombros assinalavam as ruínas de um grande templo. Seriam as ruínas do Grande Templo de Salomão, o mais famoso santuário do 11° século antes de Cristo, destruído pelos caldeus em 588 A.C., reconstruído por Zorobabel em 516 A. C., ampliado por Herodes em 18 A.C. e, finalmente, arrasado pelas legiões romanas chefiadas por Tito, na tomada de Jerusalém, no ano de 70 da era cristã.

Lutaram e venceram os sarracenos, porém, à medida com que se batiam, atraídos pela sensação do mistério que Pairava sobre as venerandas ruínas, cresciam nos "Pobre Cavaleiros de Cristo" , - como assim se chamavam os precursores dos Templários - a curiosidade pelas ruínas do templo de Salomão, onde os hebreus haviam tido a Arca da Aliança e onde, possivelmente, haveria ainda, entre o mármore destroços e os restos das venerandas colunas ainda eretas, algumas coisa que recordasse os vestígios de uma civilização que servirá de fonte, e da qual emanava ainda a preciosa linfa do Cristianismo cuja bandeira eles, templários, erguiam como os mouros. Assim nasceu a Ordem do Templo em 12 de junho de 1118, a que São Bernado de Claraval daria depois uma regra sábia e prudente, confirmada pelo Concílio de Trotes, em 1128. A bula "Omne datum Optimun" do lapa Alexandre III, de 15 de junho de 1163, tinha completado a regra do templo, dando aos Templários lugar privilegiado na Igreja. A sua divisa era "Non nobis, Domine! Non nobis, sed nomini tuo gloriam", isto é, " Não para nós, senhor! Não para nós, mas para glória do teu nome". Os Templários pronunciaram três votos: de castidade, de pobreza e de obediência.

Retornando ao Ocidente e recebidos como heróis, receberam da igreja privilégios e horárias, dos reis cristãos terras, comendas e castelos, pelo auxílio que lhes prestaram na expulsão dos mouros da penínsulas. A bula de 15 de junho de 1163, outorgado-lhes privilégios excepcionais, consolidou a Ordem como esteio do Cristianismo em todo mundo. Enriquecidos, os templários tornaram-se banqueiros de reis e papas, manobreiras de tesouros reias e árbitros nos conflitos entre nações, já que era o seu ouro o nervo vital das vitórias nas batalhas indecisas.

A Ordem do Templo era no primeiro quartel do século XIV a potência financeira mais opulenta de toda a Europa,  possuindo vastíssimos domínios em Portugal, na Espanha, na Inglaterra, na Alemanha e na França, de onde o ouro corria em caudais para os seus templos, convertidos em autênticas fortalezas a que montavam guarda os espadachins mais famosos de entre esses cavaleiros brigões. Suas fabulosas riquezas provinham dos despojos dos vencidos nas guerras de religião e de conquista e de doações pela ajuda que prestavam aos príncipes na dilatação dos seus domínios.

A defesa da terra Santa e a proteção aos peregrinos eram o pretexto que guiava os aventureiros até o coração da palestina; mas o sentido exato das cruzadas que o ocidente demandavam o oriente era o espírito de rapina, mais forte, sem dúvida, que o fanatismo religioso. Era a cobiça do ouro dos sarracenos o que atraía as espadas das aventura, muito embora a cruz que sangrava no ombro dos cavaleiros não fosse elemento desprezível nessas lutas contra o Crescente do profeta.

Por dois séculos gozavam os templários da contemplação servil dos senhores do mundo ocidental; mas à medida com que aumentavam a sua influência e domínio, crescia neles uma nova mística mais consentânea com o que haviam aprendido nas ruínas do Grande Templo e que se antepunha à dogmática da Igreja de Roma. Em outras palavras, criaram novas formas de culto, com cerimônias Ritualísticas de liturgia complicada e praticavam a alquimia, a magia branca e os mistérios da cabala. Como disse Rizzardo de Camino, o ramo místico-cavaleiresco da maçonaria originou-se em Jerusalém, com o surgimento da Ordem do Templo em 1118 para proteger os peregrinos.

Há uma outra versão da história dos Templários que remota a sua origem como ramificação de uma sociedade secreta antiga denomina Priorado de Sião (sociedade essa mencionada em "O código DaVinci"), que tinha por finalidade restaurar na França a dinastia merovíngia. Segundo está linha, Hugo de Paynes, Godofredo de Saint Omer e mais sete cavaleiros, foram encarregados por Bernado de Claravaux, monge cisterciense e grande iniciado, a realizar um trabalho arqueológico nas ruínas do Templo de Salomão em Jerusalém, em busca da Arca da Aliança, das Tábuas da Lei e do Santo Graal, bem como da grande biblioteca judaica onde se acreditava estarem guardados os secretos de arquitetura. Não existem provas de que os Templários tenham encontrado esses tesouros, mas existem acúmulos de fatos para abonar essa tese, haja vista a incrível e rápida ascensão da Ordem partindo de um pequeno grupo de cavaleiros.

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