A Última Prece de Jacques DeMolay

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  Diz a lenda que Jacques DeMolay durante sua morte na fogueira intimou aos seus três algozes, a comparecer diante do Tribunal de Deus, em menos de um ano.

  No momento em que era amarrado no pelourinho, DeMolay gritava: "-Vergonha! Vergonha! Vós estais vendo morrer inocentes. Vergonha sobre vós todos". Amarrado, Jacques pediu a um de seus verdugos que voltasse sua face para a catedral de Nôtre Dame, permitindo que suas mãos fossem juntadas em sinal de prece.

  Teria sido está a última prece de Jacques DeMolay: " Senhor, permiti-nos refletir sobre os tormentos que a iniqüidade e a crueldade nos fazem suportar. Perdoai, ó meu Deus, as calúnias que trouxeram a destruição à Ordem da qual vossa providência me estabeleceu chefe. Permiti que um dia o mundo, esclarecido, conheça melhor os que se esforçam em viver para vós. Nós esperamos, da Vossa Bondade, a recompensa dos tormentos e da morte que sofremos para gozar da Vossa Divina Presença nas moradas bem-aventuradas. Vós, que nos vedes prontos a perecer nas chamas, vós julgareis nossa inocência ".

  DeMolay brada e todos ouviram: "Nekan Adonai! Papa Clemente... Cavaleiro Guilherme de Nogaret... Rei Filipe: antes de um ano eu vos íntimos a comparecer diante do tribunal de Deus, para ali receberdes o justo castigo. Malditos! Malditos! Todos malditos até a décima terceira geração de vossas raças!"

  Os gases letais interromperam o anátema, DeMolay dobrou-se r perdeu os sentidos. O impacto inesperando deixou a multidão estarrecida. Não esperavam essa reação, mas cada um sentiu em Si o peso da injustiça e a certeza que a maldição se cumpriria.

  Após essas palavras, Jacques DeMolay, inclinou a cabeça sobre o ombro e entregou sua alma ao Pai Celestial. Do palácio Real, Filipe assistia a morte de DeMolay e ouvira as palavras. Ficou em silêncio, mas bastante assustado. Mas tarde comentou com Nogaret: "Cometi um erro, devia ter mandado arrancar a língua de DeMolay antes de queimá-lo."

  Quarenta dias depois, Felipe e Nogaret receberam uma mensagem: "O Papa Clemente V morrera em Roquemaure na madrugada de 19 para 20 de Abril, por causa de uma infecção intestinal". Felipe e Nogaret olharam-se e empalideceram. O Papa Clemente V morreu por ingerir esmeraldas reduzidas a pó (para cura sua febre e um ataque de angústia e sofrimento) que provavelmente cortaram seus intestino. O remédio foi receitado por médicos desconhecidos, quando retornava a sua cidade natal.

  Guilherme de Nogaret veio a falecer numa manhã da terceira semana de Maio, envenenado por uma vela feita por Evrard, antigo templário, com a ajuda de Beatriz d' Hirson, dama de companhia de Malfada d' Artois, mãe de Joana e Branca de Borgonha e tia de Margarida de Borgonha, esposas de Felipe, Carlos e Luis, respectivamente, filhos de Felipe, o Belo. O veneno contido na vela era provavelmente ácido sulfúrico (sulfocianeto de mercúrio), que gera por combustão vapores de mercúrio e composto anidridos podendo assim provocar intoxicações. Morreu vomitando sangue, com câimbras, gritando o nome daqueles que morreram por suas mãos.

  Felipe, o Belo, veio a morrer em 27 de novembro de 1314, em uma caçada. Saiu a caçar com seu companheiro, seu secretário particular e alguns familiares na floresta de Point-Sainte-Maxence. Sempre acompanhado de seus cães foram em busca de um raro cervo de 12 galhos visto perto ao local. O rei acabou perdendo-se do grupo e encontrou um camponês que o ajuda a localizar o cervo. Acabando-o e estando pronto a atacar-lhe percebeu uma cruz que brilhava, começou a passar mal e caiu do cavalo. Foi achado por seus companheiros e levado de volta ao palácio repetindo sempre "A cruz, a cruz." Pediu como o Papa Clemente em seu leito de morte que fosse levado a sua cidade natal; no caso do rei, Fontainebleau. "A mão de Deus fere depressa, sobretudo quando a mão dos homens ajuda", teria dito um dos Templários remanescentes, jurando vingança.

  Após a morte de Felipe, a sua dinastia, que governava a França há mais de 3 séculos, foi perdendo a força e o prestígio. Junto a isso veio a "peste negra" e a "guerra dos cem anos", a qual tirou a dinastia dos capetos do poder, passando para a dinastia dos Valois.

  Ainda que a Ordem do Templo houvesse sido dizimada na França, ela não veio a sofrer tão brutalmente em outras nação da Europa. Na Inglaterra, o Rei Eduardo II prendeu os seus membros, mas permitiu que o mestre recebesse uma pensão. Na Alemanha, em Portugal, Na Suíça e em Aragão os Templários foram declarados inocentes, em Chipre, foram absolvidos. Em Portugal, sob a proteção do rei Dom Diniz a Ordem foi recomposta sob o nome de Ordem de Cristo e, na Escócia, sob o nome de Ordem de Santo André. Antes de sua execução, Jacques DeMolay nomeou seu sucessor uma cavaleiro de sua confiança chamado Larmenius, pedindo-lhe que reunisse os cavaleiros dispersos e secretamente reorganizasse a Ordem. É a partir daí que na história dos Templários a Ordem desaparece da visão pública, para emergir nos séculos posteriores como uma organização honorífica ou como uma organização dedicada à promoção da tradição ocultista.

 

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