Grão Mestre Jacques DeMolay

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  Jacques Bernard DeMolay nasceu em Vitrey, na França, no ano de 1244. Pouco se sabe se sua família ou sua primeira infância. Sabe-se que na idade de 21 anos, ele tornou-se membro da Ordem dos Cavaleiros Templários. Estes eram uma organização sancionada pela Igreja Católica Apostólica Romana, para proteger e guardar as estradas entre Jerusalém e Acre, um importante porto da cidade do Mar Mediterrâneo.

  A Ordem dos Templários participou destemidamente das Cruzadas, e o seu nome era uma palavra de ordem de heroísmo, quando, em 1298, DeMolay foi eleito Grão Mestre, sucedendo Tibald de Gaudin. Era um cargo que o classificava muitas vezes acima de grande lordes e príncipes.

DeMolay assumiu o cargo numa época em que a situação para a cristandade no Oriente estava ruim. Os infiéis sarracenos haviam conquistado os Cavaleiros das Cruzadas e capturado a Antioquia, Trípoli, Jerusalém e Acre. Restaram somente os Cavaleiros Templários e os Cavaleiros Hospitalários para se confrontarem com os sarracenos. Os Templários, com apenas uma sombra de seu poder anterior, se estabeleceram na ilha de Chipre, com a esperança de uma nova Cruzada. Porém, as esperanças de obterem auxílio da Europa foram em vão, pois, após 200 anos, o espírito das Cruzadas haviam-se extinguido

Os Templários foram fortemente entrincheirados na Europa e Grã-Bretanha, com suas grandes casas, suas ricas propriedades, seus tesouros de ouro; seus líderes eram respeitados por príncipes e temidos pelo povo, porém não haviam nenhuma ajuda popular para eles em seus planos de guerra. Foi a riqueza, o poder da Ordem, que despertou os desejos de inimigos poderosos e, finalmente, ocasionou sua queda. Em vez de apoio público, os cavaleiros atraíram a atenção dos poderosos lordes.

Em 1305, Felipe IV, o Belo, rei da França, resolveu obter o controle dos Templários para impedir qualquer aumento de poder do sumo Pontificado, pois as Ordem eram ligadas apenas à Igreja. Para tanto precisava da aquiescência do Papa Clemente V que, imediatamente, concebeu o plano de unificar as duas Ordem rivais, ou subordinar todos aos Hospitalários. Convocou os dois Grão Mestres de ambas as Ordens a um encontro em Paris. O Grão Mestre dos Hospitalários deu uma desculpa convincente e faltou ao encontro. Jacques de Molay, Grão Mestre dos Templários, compareceu ao encontro com dois documentos: um plano detalhado para uma nova cruzada - que presumia ser o principal motivo da convocação - e um arrasado explicando as diferenças e motivos que considerava relevantes para manter Templários e Hospitalários como ordens distintas.

  De Molay foi recebido com todas as honras em Paris. Durante dois anos — período durante o qual Felipe de Valois ficou de apresentar sua decisão final sobre os dois documentos trazidos por Jacques de Molay — Guilherme de Nogaret, ministro de Felipe, O Belo, Templário que fora expulso da Ordem, arquitetou o plano para aprisionar a uma só tempo todos os Templários nem todos os pontos da Europa. Foram expedidas cartas lacradas aos senescais (líderes políticos e religiosos locais) de todas as paróquias com ordens expressas de somente abri-las a 12 de setembro de 1307. Naquela data, Jacques de Molay contava-se entre os maiores nobres da Europa a carregarem o caixão da princesa Catarina, falecida esposa do irmão do rei Felipe, Carlos de Valois. No mesmo momento em que o Grão Mestre dos Templários participava deste solene evento fúnebre em companhia dos nobres, não havia meios que lhe permitissem saber da trama, menos ainda to conteúdo das cartas que, abertas, tornariam aquela sexta-feira 13 o dia mais aziago do ano: 15 mil homens (o número total de Cavaleiros Templários) deveriam ser aprisionados em grilhões especialmente confeccionados e despachados a todos os pontos com está finalidade.

  Usou um nobre francês de nome Squin de Floryan, ex-Prior da Ordem que havia sido expulso desta como perjuro e traidor. Sua missão era denegrir a imagem dos Templários e de sua Grão Mestre Jacques Demolay, e como recompensa receberia terras pertencentes aos Templários logo após derrubá-los. O ano de 1307 viu assim o começo da perseguição aos Cavaleiros.

  DeMolay e milhares de outros Templários foram presos e atirados em calabouços. Foi o começo de sete anos de celas úmidas e frias e torturas desumanas e cruéis para DeMolay e seus cavaleiros. Felipe forçou o Papa Clemente V a apoiar a condenação da Ordem, e todas as propriedades e riquezas foram transferidas para outros donos. O rei forçou DeMolay a trair os outros líderes da Ordem e descobrir onde todas as propriedades e fundos poderiam ser encontrados. Apesar do cavalete e outras torturas. DeMolay recusou-se.

Após três julgamentos, Jacques DeMolay continuou sendo leal para com seus amigos e Cavaleiros. Ele se recusou a revelar o local das riquezas da Ordem, e recusou-se a denunciar seus companheiros. Finalmente, em 18 de março de 1314, uma comissão especial, que havia sido nomeada pelo papa, reuniu-se em Paris para determinar o destino de DeMolay e três de seus preceptores na Ordem. Entre a evidência que os comissários leram, encontrava-se uma confisao forjada de Jacques DeMolay há seis anos passados. A sentença dos juízes para os quatros cavaleiros era prisão perpétua. Dois dos cavaleiros aceitaram a sentença, mas DeMolay não; ele negou a antiga confissão forjada, e Guy D'Auvergnie ficou a seu lado. De acordo com os costumes legais da época, isso era uma retratação de confissão e punida por morte. A comissão suspendeu a seção até o dia seguinte, a fim de deliberar. Felipe não quis adiar nada e, ouvindo os resultados da Côrte, ele ordenou que os prisioneiros fossem queimados no pelourinho naquela tarde.

  Quando os sinos da Catedral de Nôtre Dame tocavam ao anoitecer do dia 18 de março de 1314, Jacques DeMolay, com 70 anos de idade e seu companheiro Guy D' Auvergnie foram queimados vivos no pelourinho, numa pequena ilha do Rio Sena. Asklepius d'Sparta diz que foram 3 Templários queimados na fogueira: Jacques DeMolay, Geoffroy de Charnay e Guy d'Auvergnie. Dante Alighieri em A Divina Comédia afirma que a ação de Felipe, O Belo, foi o de um novo Pilatos, impulsionado pela avareza, assim escrevendo: "Vejo o novo Pilatos que, não pondo fim à sua fúria, sem decreto escrito investe contra o Templo" (Purgatório, XX, 91).

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