Eduarda pensou um pouco e teve algumas ideias para ajudar a sua nova amiga, que por sinal estava caidinha por ela. Ela mandou a zumbi ir para o banho e entregou um lindo vestido floral para ela. A zumbi ficou contente e perguntou:
— Isso...é...para...mim?
— Claro! Você merece uma roupa legal!
A zumbi sorriu e foi até o banheiro. Ela começou o banho e sentiu a água percorrendo pelo o seu corpo. Gostou tanto que por um momento se sentiu viva outra vez. Em seguida, colocou o vestido e ficou se admirando no espelho.
Eduarda estava muito ansiosa para vê-la e resolveu invadir o banheiro. Quando entrou, ficou encantada pela imagem que viu no espelho, assim como a zumbi.
— Você ficou linda, Alice!
— Eu...não...me...via...assim...faz...tempo...
— Por falar nisso, há quanto tempo está assim?
— Acho...que...já...faz...dois...anos.
— E você tinha família?
— Eu...não...lembro.
— Aquela casa que estávamos... Por acaso, era a sua?
— Eu...acho...que...sim, porque...eu...me...sentia...muito...bem...nela.
— Certo! Mudando de assunto... Vou pentear os seus cabelos. Ok?
— Ok. Os meus dedos estão muito duros para isso.
— Eu sei. São dedos de zumbi.
Eduarda pediu para que ela sentasse em uma cadeira em frente ao espelho e começou a pentear os cabelos de Alice. Em seguida, ela pegou uma maletinha, e a zumbi a interrogou:
— O...que...vai...fazer?
— Vou te maquiar para tirar essa cara de zumbi. Olha só...você está com olheiras enormes!
— Eu...não...durmo.
— Sério? — perguntou Eduarda, começando a maquiá-la.
— Sim. Os...zumbis...não...dormem...e...não...sonham.
— Nossa! Isto é muito triste.
— Posso...ficar...aqui...essa...noite? Prometo...que...vou...embora...de...manhã.
— Ok. Vou preparar depois o seu colchão. Mas quer que eu continue com a maquiagem?
— Pode continuar...
Em alguns minutos, a zumbi estava toda maquiada. Eduarda estava ainda mais surpresa com o resultado. De repente, alguém bateu na porta, e a Eduarda pediu para a zumbi se esconder debaixo da cama.
— Não faça nenhum barulho, por favor. — pediu Eduarda.
Logo depois, abriu a porta e viu a sua irmã Elisa.
— Eduarda... Nós já estamos te esperando há meia hora para o jantar, e você não ouve a minha mãe te chamar. Então, eu resolvi vir até aqui e ver o que está acontecendo.
— Não está acontecendo nada. Eu vou agora com você...
— Ok. Já estou morrendo de fome.
Eduarda trancou a porta e acompanhou a irmã. A zumbi sentou-se no carpete do quarto e ficou esperando por Eduarda. No jantar, Eduarda comia com muita velocidade. Os pais e a irmã acharam bem estranha essa atitude dela. Quando terminou de comer, a mãe dela perguntou:
— O que está havendo, Eduarda?
— Não é nada, mãe.
— Mas você já vai para o quarto?
— Sim. Eu estou com um pouco de sono.
Antes de sair da sala de jantar, o pai a perguntou:
— Amanhã é o grande dia, filha! A polícia vai exterminar todos os zumbis.
—Tomara, pai. — disse ela, sem graça.
Ao chegar ao quarto, Eduarda encontrou a zumbi sentada no carpete e tentando ler uma outra revista de moda que estava em cima da escrivaninha. Ela aproximou-se e disse:
— Desculpe por ter te deixado um pouco sozinha... Fui jantar.
— Tudo...bem. Eu...sei...que...os...humanos...têm...as...suas...necessidades.
— Sabe de uma coisa? Eu queria ter te conhecido antes de tudo isso.
— Sério? — A zumbi olhou para ela.
— Sim, porque se as coisas estivessem sido diferentes, talvez você não estivesse se transformado em uma zumbi.
— É. Talvez...
— Por que acha isso?
— Porque...acredito...em...destino.
Elas ficaram-se olhando por alguns segundos. Eduarda estava quase corando de tanta vergonha, então resolveu sair daquele silêncio:
— Vamos dormir? Eu já estou morrendo de sono.
Eduarda deu um sorriso e disse:
— Caramba! Eu esqueci que você não dorme. Mas, mesmo assim, vou colocar o colchão aqui para você se deitar.
Eduarda pegou um colchão e no chão perto de sua cama. A zumbi a agradeceu e deitou-se nele. Em seguida, a garota queria se trocar. Mas como se trocaria com aquela zumbi a olhando? Então, pediu:
— Pode fechar os olhos?
— Sim.
Eduarda tirou a roupa rapidamente e colocou um pijama para dormir. A zumbi não pôde deixar de observá-la, mas soube disfarçar.
Logo, Eduarda deitou-se também, olhou a zumbi e disse:
— Alice...Amanhã a polícia vai exterminar todos os zumbis. Você vai ficar triste com isso?
— Não. Se...quiser...saber...se...eu...tinha...amigos...por lá., a...resposta...é...não! Nenhum...deles...se...importava...com...ninguém.
— Eu te entendo. As pessoas são muito complicadas.
A zumbi ficou pensativa sobre isso, e Eduarda disse:
— Boa noite, Alice.
— Boa noite, Eduarda.
Durante a noite, a zumbi teve um sonho. No sonho, Eduarda estava discutindo com o Roger. Nesse momento, a Alice aproximou-se dos dois. Roger a olhou e disse a Eduarda:
— Ela é uma zumbi!
— E daí?
—Vai me largar por uma zumbi?
— Ela tem mais coração do que você!
— Isso... Fica com ela então! Quero só ver as pessoas aceitarem essa aberração.
— Eu vou ficar mesmo! Ela é diferente dos outros zumbis.
— É mesmo? Então deixa perguntar uma coisa para a sua amiguinha... — Olhou a zumbi. — Você já pensou em comer a Eduarda?
No sonho, a zumbi ficou sem saber o que dizer e, Eduarda ficou com um olhar decepcionado. A zumbi acordou e gritou:
— Não!
Alice levantou-se, olhando para a Eduarda dormindo e colocou o moletom. Em seguida, abriu a janela e foi embora. Eduarda continuou a dormir sem se dar conta que a zumbi tinha saído de sua casa.
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Ela é uma zumbi (conto lésbico)
Short StoryPLÁGIO É CRIME! É PROIBIDA A DISTRIBUIÇÃO OU CÓPIA DE QUALQUER PARTE DESSA OBRA SEM O CONSENTIMENTO DA AUTORA! © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. SINOPSE: O casal Eduarda e Roger decidiram ir até uma cidade abandonada. Nesse local, segundo informações...