Eduarda acordou com o toque do despertador. Ao olhar para o lado, não viu a zumbi deitada no colchão. Ela também olhou pela janela e não havia nenhuma pista da Alice. Acabou ficando um pouco desorientada. Não sabia ao certo o que estava sentindo. Ela sabia que a zumbi iria embora de manhã, mas não imaginou que acordaria sem ao menos uma despedida dela.
Ela aprontou-se e desceu a escada. Ao chegar na sala, a mãe estava assistindo ao noticiário. Eduarda juntou-se a ela e observou do que se tratava. A notícia do momento era que o exército tinha conseguido exterminar todos os zumbis da cidade abandonada. Segundo o repórter, não sobrou nenhum zumbi à solta nem na cidade e muito menos na região.
Eduarda ficou com o coração apertado ao ouvir isso. A mãe a olhou e disse:
— Filha, isso não é o maravilhoso? Todos os zumbis foram exterminados.
— Poxa... Que bom.
— Mas, infelizmente, o corpo do seu namorado não foi encontrado... Nós ligamos para a mãe do Roger e ficamos sabendo sobre isso.
— É uma pena! — disse ela, tentando fazer uma cara triste.
— Você ficou tão triste. Eu achava que não o amava tanto...Vocês dois viviam brigando feito cão e gato.
— Apesar do jeito explosivo do Roger... Ele era um cara legal, mãe.
— Não fica triste, filha... Logo você vai encontrar outra pessoa. — A mãe a abraçou.
À tarde, Eduarda foi para a escola. As suas férias tinham acabado e finalmente iria reencontrar os seus amigos novamente para contar à aventura que teve com a zumbi. Mas, sinceramente, ela não estava com cabeça para contar sobre isso.
Antes de chegar ao colégio, ela deparou-se com o moletom que havia emprestado para a zumbi. Ele estava um pouco sujo de sangue e poeira. Eduarda ficou mais triste ainda, porque a certeza de que algo havia acontecido com a Alice agora era maior. Ela jogou o moletom em um cesto de lixo, limpou algumas lágrimas que caíram de seu rosto com as costas de sua mão.
Se havia acontecido algo, só restava esquecer. Mas a Eduarda queria esquecer? Ao chegar na sala de aula do segundo ano, ela foi golpeada por várias perguntas sobre o ataque de zumbis. Ela gritou e declarou a todo mundo:
— Eu estou viva e é isso o que importa. Não quero falar sobre isso. Que droga!
Todos os seus colegas ficaram calados e sentaram-se em seus lugares. Pelo restante das aulas, Eduarda não parava de pensar no que havia acontecido com a Alice. Ela não queria que a zumbi estivesse sido exterminada e se sentiu um pouco culpada, porque ela poderia ter evitado isso.
Na hora de ir embora, o Átila, o amigo de infância dela se aproximou. Ele chegou sorridente perto dela e a cumprimentou:
— Olá, Eduarda! Eu falei com você na hora do intervalo e você nem me olhou.
— Desculpe. Eu não estou com cabeça para nada.
— Tudo bem. Eu também ficaria assim se me deparasse com zumbis. E fiquei sabendo que você foi muito corajosa.
— É. Se você não for, eles te comem vivo.
— Credo! É sinistro só de pensar. — Sorriu.
— Mas o que importa é que estou viva. Pode mudar de assunto?
— Claro. Eu às vezes sou um pouco indelicado...Então, mudando de assunto, como foram as suas férias? O natal? O ano novo?
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Ela é uma zumbi (conto lésbico)
Short StoryPLÁGIO É CRIME! É PROIBIDA A DISTRIBUIÇÃO OU CÓPIA DE QUALQUER PARTE DESSA OBRA SEM O CONSENTIMENTO DA AUTORA! © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. SINOPSE: O casal Eduarda e Roger decidiram ir até uma cidade abandonada. Nesse local, segundo informações...