Ela sonhou com eles. Eles vieram para afastá-la de um pesadelo. Um bálsamo doce para seus sentidos danificados. Eles substituíram as imagens do diabo e do inferno. Suas mãos a acalmavam sem machucar. Adam, Ethan e Ryan o toque gentil, ainda que exigente, os lábios adorando seu corpo.
Holly despertou molhada de suor, necessidade e uma boa dose de vergonha. Talvez ela não fosse melhor que uma prostituta.
Talvez Manson estivesse certo. Ela estremeceu como se o frio tivesse alcançado a pele úmida. Olhou para a janela e viu que estava escuro.
Quanto tempo dormira? Procurou o relógio ao lado da cama. Quatro e trinca. Da manhã? Devia ser.
As chances eram que os irmãos não estivessem acordados. Era a oportunidade perfeita para sair escondido. Ela os colocaria em risco se ficasse. Manson a acharia e mataria quem a ajudasse. E a idéia de seus três salvadores serem feridos a machucava de um modo que não sabia explicar.
Deslizou as pernas para fora das cobertas, cuidando para não fazer barulho quando os pés chegaram ao chão. Sapatos. Um par simples de tênis, meias. Não tinha um casaco para vestir por cima do suéter fino, assim ela pegou a camisa de flanela que vestira no dia anterior. Teria que dar.
Com extremo cuidado, abriu a porta do quarto e perscrutou o corredor. As portas dos outros estavam ligeiramente entreabertas, preocupando-a. Teria que mover-se furtivamente e passar por elas.
Andou na ponta dos pés até o fim do corredor e suspirou de alívio quando chegou á sala de estar. Isso até que ela viu Adam dormindo no sofá. Ele deve ter dormido ali porque ela ocupara o quarto.
Um fogo baixo queimava na lareira, e ela quis aproximar-se, reter um pouco daquele calor antes de perder-se no frio.
Respirando profundamente, deu pequenos passos em direção à porta. Se pudesse alcançar... Olhou para Adam. Ele não se mexeu. Estendeu a mão e prendeu a respiração quando girou a maçaneta.
Abriu uma pequena fresta e escapuliu antes que o frio pudesse entrar. Fechou a porta suavemente atrás de si e suspirou. Conseguira.
O frio glacial rapidamente umedeceu sua roupa, demonstrando que era inadequada. O jipe continuava estacionado no passeio e por um momento ela o contemplou, mas não o roubaria dos homens que a haviam salvado.
Caminharia até encontrar algum transporte.- Está indo a algum lugar, boneca?
Ela virou na direção daquela voz e viu Ethan e Ryan, de pé mais a frente, os braços carregados com lenha.
Tentou abrir a boca para dizer algo, para responder. Mas nada adiantaria. Então fez a única coisa em que podia pensar. Ela correu.
Atrás dela, ouviu uma chuva de maldições, acelerou correndo o mais rápido que podia sobre a neve. Não fazia a menor idéia para onde estava indo. Somente sabia que tinha que fugir.
Não tinha ido muito longe quando sentiu que braços fortes a arrancavam do chão. Encontrou um tórax duro e olhou fixamente para Ethan.- Não me olhe assim - disse. - Eu não irei machucá-la. Matarei qualquer um que queira machucá-la.
Ela o olhou completamente confusa com o tom possessivo de sua voz.- Deixe-me ir - implorou. - Não posso ficar.
- E para onde você iria? - questionou Ryan ao lado. - Você não sobreviveria uma hora aqui fora.
Ela sabia que ele estava certo, mas não podia ficar. Não entendia a atração que sentia pelos irmãos, não compreendia o que sentia nos braços deles ou quando a olhavam. Por um ela podia entender, mas todos os três? Que tipo de monstruosidade a tinha acometido?