Capítulos 1 ao 3

350 13 10
                                    


    (Assista ao vídeo promocional acima. É amador, mas é só o primeiro ^_^ )

Introdução

          O que me define como uma boa pessoa?

          Meus atos ou minhas intenções enquanto realizo determinadas ações?

          Quando, às vezes, o motivo de ajudar alguém for apenas por conta das normas de educação, mas, por dentro, estou desejando que ela estivesse longe de mim naquele momento, me torna um ser humano ruim? Ou cometer algum delito só para impressionar alguns espectadores?

           Refletir sobre essas coisas me faz pensar em como não conhecemos ninguém e nunca sabemos os verdadeiros intuitos, até que decidam, enfim, mostrar quem realmente são. Isso ou quando descobrimos por conta própria. Talvez nem elas mesmas saibam do que são capazes, do limite de sua crueldade. Ao que ultimamente venho me perguntando:

           E quanto a mim? Tenho consciência do que eu sou capaz de fazer?             

1ª parte

"Maldito o homem que confia no homem..."

Jeremias 17:5


Outono - 1975

          Bem, eu poderia começar dizendo que eu era uma adolescente como outra qualquer, daquelas que têm como principal anseio de realização pessoal ter um corpo perfeito. Confesso que o máximo que penteava os meus cabelos era uma vez por semana, duas, se fosse um caso especial ou quando o nível de nós chegava ao extremo, quando tentava passar meus dedos e eles ficavam presos próximos do couro cabeludo. Tinha uma cor indefinida, meio loiro, meio castanho... Ou seria assim porque não lavava com muita frequência.

          Tentava gostar da cor dos meus olhos tanto quanto minha mãe, pois eles me lembravam muito um prato de panquecas regadas a muito mel. E eu detesto panquecas. E mel.

          Minha maquiagem era a iluminação ambiente, minhas roupas se resumiam em uma frase: se coube, eu visto.

          Uma informação irrelevante é que amava o número dois. Ele me causava certa fascinação, pois o enxergava como o símbolo da união, era sempre 1 + 1, completamente o contrário de solidão. Sempre tive pavor de terminar minha vida sozinha, talvez fosse essa a explicação.

          Morava com meus pais em Sunshine Town – sim, você entendeu certo – uma cidade com pouco mais de 7.000 habitantes, em Iowa. As pessoas eram simpáticas. Algumas até se esforçavam a ser, mas sem sucesso, outras, não faziam muita questão. Acho que em todo lugar deve ser assim. Menos a parte em que todo mundo se conhece.

          Tinha um balanço de pneu preso em uma árvore de tronco espesso a uns oito metros à frente de minha casa. Eu amava aquele balanço, embora, houvesse anos que o único a tocá-lo fosse o vento... Não foi meu pai quem o colocou ali, segundo minha mãe, já existia quando nos mudamos. A casa era branca e não tinha uma varanda, só uma pequena cobertura que protegia do sol e chuva a porta azul-marinho e a escada de três degraus. Não havia cerca alguma, ou jardim, e sim um vasto terreno completamente infértil em frente, portanto, não tínhamos problemas com o trabalho de manter a grama sempre aparada, ervas daninha ou qualquer coisa do tipo. Apenas ao redor das raízes da árvore alguns matinhos se arriscaram a tentar sobreviver.

O Segredo dos BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora