Espere, eu sou um lagarto?

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O meu primeiro pensamento depois do que Stephanie disse foi "Droga cara, eu sou um lagarto!". Então, como eu já vi coisas demais hoje, faço a mesma pergunta que, provavelmente, qualquer um faria:
- Um camaleão? Então tipo, eu sou um lagarto?
Stephanie começa a rir alto enquanto Sarah apenas esboça um pequeno sorriso que em questão de segundos desaparece e volta a carranca que imagino ser normal para ela.
- Não, - ela começa a explicar - Camaleões por aqui é uma espécie diferente, mas com o mesmo conceito, os "lagartos" -ela faz aspas no ar - podem se camuflar mudando a aparência de sua pele, você pode mudar o seu padrão cerebral, ou como prefiro dizer, você pode ser de qualquer espécie..
- Então resumindo - A bruxinha continua- Você pode ser bruxa, ou fae, vampiro, lobisomem.. Quer dizer, isso depende de quais espécies seus pais derivam...
- Mas meus pais eram normais, quero dizer humanos, nunca vi eles fazendo magia ou tomando sangue ou sumindo na lua cheia... - Respondo.
- Os camaleões pelo que sabemos, podem se passarem por pessoas normais.. - Explica a Vampira.
- E o mais legal é que vocês podem ficar invisíveis!! - Stephanie diz toda animada.
Me jogo para trás me sentindo meio tonta e com uma dor de cabeça começando a me atingir, tento absorver tudo o que eu ouvi.
- Acho que eu preciso de um remédio para dor de cabeça..
Stephanie levanta e vai na cozinha e volta com um copo de água e um comprimido, tomo o remédio e agradeço as meninas, ambas acenam e vou pro quarto, arrumos as coisas no guarda roupa e outras na cômoda, logo depois pego uma toalha e vou pro banheiro ligando na água gelada, deixo ela correr por mim tentando espantar meus pensamentos, o que de nada adianta e lembranças voltam a mim como se em algum momento de minha vida tivessem sido apagadas.
Meus pais na sala discutindo sobre algo quando eu deveria ter uns cinco anos de idade, eu nem deveria estar ali na verdade pois já passava da meia noite, deveria estar dormindo mas não conseguia por que cada vez que eu fechava os olhos os pesadelos voltavam, um cara alto de rosto sombrio me perseguindo por becos escuros e eu tentando me esconder apavorada e com medo. A outra era de quando eu estava com uns 10 anos e estava sentada em uma balança de um parque que tinha perto de casa enquanto eu observava algum animal, algo parecido com... um lagarto? Hoje eu reconheço que na verdade era um camaleão! Ele me observava mas não estava com medo, parecia algo como, admiração ou até... Respeito?! Ai vem algo que fazia parte do meu sonho, uma pequena parte. Eu estava usando um vestido Rosa, o mesmo que eu usei dois anos atrás na minha festa de aniversário de 15 anos. Avisto meus pais por trás de uma porta entre aberta, discutindo novamente sobre algo, algo que parecia o mesmo assunto de quando eu era criança, me aproximo da porta e espio sobre ela e como se meus sentidos sentissem que eu precisasse escutar a conversa, eles ficam melhores mais afiados..
- Maria, ela tem 15 anos agora, ela já está grande o suficiente para entender o que se passa com ela, as mudanças que ocorrem por que uma hora ou outra ela irá descobrir e temo que seja da pior forma, sabe que não podemos continuar fugindo sempre, não é?
- John, ela é apenas uma menina, ela não faz idéia ainda do que é capaz e do que pode fazer, ela não precisa ter a vida como nós temos, estou cansada de termos que nos esconder e fugir, é.. É uma criança ainda e crianças não merecem ter essas responsabilidades. - Minha mãe se aproxima de meu pai e segura suas mãos - Ela não precisa passar pelo que nós passamos na adolescência Jhon..!
Ele segura suas mãos por um minuto e em seguida solta e se vira para a janela de cabeça baixa.
- Então você pretende deixá-la para o resto da vida no escuro Maria? Pois acho que você também sabe o quanto isso pode ser perigoso para ela, ela é como um farol para navios em intensa escuridão e você sabe a que estou me referindo, só tenha consciência do que está fazendo pois não queremos que ela seja um navio sem farol... - Dito isso ele abre a porta e me vê com lágrimas nos olhos pelo que escutei a minutos atrás, ele apenas olha para minha mãe diz:
- Faça o que sabe fazer melhor! - Ele diz com ironia e sai, e agora é mamãe que está com lágrimas nos olhos, ela me olha e da um sorriso e dali em diante as cenas se apagam de vez. Quando volto a mim mesma percebo que estou sentada no chão do banheiro abraçando os joelhos com lágrimas escorrendo e se misturando com a água do chuveiro. Chorei o que não consegui nos últimos dois meses, chorei pelos meus pais, pelos segredos, chorei por mim e pela vida que eu tinha e a que eu teria se soubesse a verdade, chorei pela culpa que sinto pela morte deles, chorei inclusive por quem não deveria ter chorado, Jackson e Jhen, pessoas que agora são desconhecidas para mim...
Não sei por quanto tempo permaneço assim mas quando saio sinto meu rosto inchado.. enrolo a toalha no corpo e vou até o meu quarto, coloco o mesmo shorts de antes e uma blusa de alça fina branca e justa ao corpo e um chinelo de dedo, olho no espelho e vejo que meu rosto desinchou. Vou até a sala e como não vejo ninguém saio dar uma volta no campo, vejo todos os alunos no refeitório, olho na tela de meu celular e vejo que é meio dia e meio, vou até o refeitório e como vejo alunos pegando bandejas vou até lá e faço o mesmo, paro atrás de um garoto sem dar muita atenção e quando ele se vira percebo meu erro, era Bryan. Pego um hambúrguer e uma porção de batatas para mim junto com um suco de laranja tentando ignorá-lo ao máximo. Olho para as mesas e vejo Sarah em uma, o que imagino ser uma mesa para os vampiros, e Stephanie em outra... Sento em uma mesa vazia mais afastada e começo a comer, uns três minutos depois percebo uma bandeja sendo arrastada para o meu lado, junto com um cheiro amadeirado parecido com floresta, nem olho para o lado pois imagino quem seja.
Sarah e Stephanie chegam e se sentam a minha frente, Sarah e Alex trocam um grande olhar cheio de ameaças do tipo "Uma palavra e você terá seu traseiro canino arrastado para o inferno". Arqueio as sobrancelhas mas não falo nada, e nesse momento algo estranho acontece, enquanto eu estava olhando para Sarah com as sobrancelhas arqueadas eu pude ver um monte de linhas que seguiam quase como um padrão, quando olhei para Stephanie algo totalmente diferente apareceu.. Abro a boca e deixo o hambúrguer cair de volta na bandeija e olho para as duas, espantada..
- Meu deus.. Eu posso ver o cérebro de vocês? -
Alguém que acaba de sentar do meu outro lado começa a rir, assim como os outros na mesa, menos Alex, que parece querer rasgar a garganta da outra pessoa que sentou do meu lado, olho para o lado e vejo que era Bryan. Isso vai ficar tenso, e adivinha! Eu estou bem no meio..
- Não Emilly, você não está vendo nenhum cérebro de ninguém, está vendo o padrão cerebral das espécies, cada espécie tem um diferente... Parece que aprendeu rápido!! - Bryan sorri me explicando, e faço de tudo para ignorar as duas beldades que estão ao meu lado..

Mais tarde naquele mesmo dia Holiday me chamou em seu escritório, tivemos uma longa conversa sobre tudo, e estranhamente eu me sentia bem conversando com ela, como uma irmã mais velha ou até mesmo uma... Mãe.
Em determinado ponto de nossa conversa um menininho muito bonitinho entra correndo no escritório e se joga em seus braços, ela o apresenta como filho dela e de Burnett, ele tem 7 anos cabelos avermelhados como Holiday e olhos azuis, um amor.. Depois falo a ela sobre as lembranças que tive de mais cedo e ela murmura algo como que elas poderiam ter sido apagadas ou alteradas, pergunto a ela o que significa e ela explica que alguns Faes podem fazer isso, e que ela acreditava que minha mãe poderia ser Fae puro sangue e meu pai um camaleão ou ambos poderiam serem camaleões.. Depois ela me faz uma série de perguntas estranhas que variam entre a hora exata em que eu nasci ( que como pode imaginar eu não faço a mínima ideia! ) e se eu tenho sonhos estranhos ou sinto alguns calafrios esquisitos, então falo a ela sobre os sonhos que me atormentam desde criança.. Ela não fala nada mas parece que estava pensando em muitas coisas. Pergunto a ela quantos iguais a mim estão na escola e ela responde que são apenas 10 dos quase 200 alunos que estudam ali, não sei se isso me anima ou se me assusta..
Nós ficamos cerca de duas ou três horas conversando e no final ela me fala que a uns anos atrás conheceu alguém muito parecida comigo, que ela inclusive dava aula aqui, seu nome era Kylie Galen...

Meia hora depois Stephanie e Sarah em todo o seu esplendor de mau humor (da semana pelo que parece... ), me mostraram todo a escola/acampamento, não tinha muita coisa, uma quadra de basquete, 5 salas de aula, umas áreas de treinamento de corrida, arremesso, luta e outras coisas... E umas trilhas que passavam por dentro da floresta, inclusive uma que ia para um lago enorme em que todos tomavam banho, tinha até uma ponte e devo admitir o lugar era bonito.
Depois nós voltamos e ficamos na frente do refeitório onde de acordo com a Sarah, seriam sorteados nomes para a hora do encontro.. Tenho um pressentimento de que não irei gostar de passar uma hora inteira com outros alunos.
Um garoto acho que deveria ter a minha idade, Maicon o nome dele, estava com uma cartola na mão (sim uma cartola) de onde tirava os nomes de quem iria se encontrar com quem... Stephanie comentou que as vezes alguns alunos chegavam a doar meio litro se sangue para os vampiros já que Mailon era o líder deles, à fim de passar uma hora com alguém e que geralmente essas pessoas eram sorteadas por primeiro, para minha depressão eu respondi que isso deveria ser muito vergonhoso...
Maicon pega o primeiro nome da cartola e olha diretamente para mim, meu sangue gela de repente.
- Emilly Halle, você terá o prazer de passar uma hora inteira com.. - Ele faz um suspense um tanto dramático quando tira um segundo nome da cartola. - Bryan, o Metamorfo mais sexy do Colégio! - Ele ri.
-Ah merda!! - Sussurro e pela primeira vez durante o dia todo, escuto Sarah rindo e vejo Bryan vindo em minha direção.

I Promise The Moon (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora