Era o fim do jogo. Cada um com sua última cartada na mão. Olhei para ele. Ele olhou para mim. Podia sentir o suor escorrer pelo meu rosto, mas esperava que ele não pudesse ver. Em alguma parte do jogo tínhamos trocado os sorrisos pela expressão séria e compenetrada. Sem joguinhos.
- Sua vez de jogar – disse a ele, me esforçando ao máximo para não tremer. Eu não podia perder. Era uma questão de dignidade.
As cartas que eu tinha na mão não eram ruins, mas não eram as melhores. Eu precisaria de muita sorte da minha parte e muito azar da parte dele para ganhar essa. Ele sabia disso, ainda que tivesse mantido o olhar voraz no rosto.
Só para brincar, ele lançou um daqueles sorrisos e fez um pequeno mistério antes de abaixar suas cartas. Fitei elas e um calafrio percorreu todo o meu corpo. Fechei os olhos e respirei fundo.
Quando abri os olhos de novo, ele estava sorrindo para mim, mas esse sorriso era diferente. Era o sorriso de quem sabia que tinha acabado de perder o jogo, mas não podia perder a pose.
Dei meu melhor sorriso de vitória enquanto baixava as cartas. Ele as olhou em cima da mesa, curvou uma sobrancelha e sorriu debochado.
- Foi por pouco – ele comentou.
Ele tinha razão. Eu tinha ganhado por muito pouco. Muito pouco mesmo.
Me inclinei sobre a mesa, puxando sua parte do dinheiro em minha direção.
- Foi um prazer apostar com você.
Lancei um olhar para Melissa no bar. Ela tinha desistido de assistir no meio da partida e foi beber algo. Ela me encarou e, quando sorri, ela largou tudo e veio em minha direção, abrindo a bolsa para jogar o dinheiro dentro.
Olhei para o homem à minha frente. Ele ainda me encarava com aquele mesmo sorriso predatório e aquele mesmo olhar ardente.
- Parece que te fiz suar hoje – comentei.
- Não mais do que eu te fiz suar – ele afastou a cadeira e se levantou. De pé, ele era ainda mais alto do que eu imaginava – Seria uma bela visão se você estivesse nua na minha cama, a propósito.
Retribui o sorriso malicioso e me aproximei dele. Ainda tinha algo que eu queria. E estava em seu bolso.
Quando nossos corpos estavam colados, levantei o rosto, próximo ao dele.
- Se eu tivesse deixado você escolher a aposta... – comecei, passando a mão lentamente por seu corpo, descendo um pouco de cada vez – O que você teria apostado?
Ele sorriu de lado.
- Não sexo – ele sussurrou, aproximando seus lábios dos meus. Cheguei ainda mais perto do meu alvo – Isso eu consigo sem apostas.
- Ah é? – curvei uma sobrancelha, roçando nossos lábios um no outro e, por fim, beijando sua boca.
Calor percorreu todo o meu corpo quando sua língua encontrou a minha. Sentia minha pele ardendo e meu cérebro derretendo. Estava tão bom que por um momento eu quase esqueci o real motivo de estar o beijando. Quase...
Assim que consegui o que queria, interrompi o beijo e me afastei sorrindo enquanto passava a língua pelos meus lábios, testando sua sanidade.
Sem dizer nada, virei de costas e o deixei para trás, ainda me encarando com aquele sorriso no rosto. Esperava pelo menos ter deixado ele duro.
- O que foi aquilo? – Melissa perguntou assim que saímos.
- Aquilo o que? – acenei para um táxi.
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Jogando com Prazer
Romance"Serei seu predador essa noite. Te caçarei e te comerei viva, como animais. Talvez você pense que pode se esconder, mas consigo sentir seu cheiro de longe. O que está tentando fazer comigo? Não conseguimos parar, somos inimigos. Mas nos damos bem qu...