Hey cara, acorde... Já é de manhã. - Disse Demyan bem baixo pra ninguém escutar.
- Ahn... O que? - Respondo meio zonzo acordando.
- Eles podem vir à qualquer momento. Se recomponha logo. - Disse Demyan.
- Ah cara, só mais cinco minutinhos. - Falei tentando voltar a dormir.
- Ah claro, por quer não pede para eles um leite quente também? - Disse Demyan com alto nível de sarcasmo.
Me virei para ele, com um cara de acabado.
- Ótima idéia. - Falei.
Demyan revirou os olhos e depois eu me arrumei pra sentar naquele chão imundo e muito duro.
- Posso fazer uma pergunta? - Perguntei à ele.
- Você já fez. - Disse Demyan.
- É sério cara. - Falei.
- Desculpe. Tudo bem, faça. - Disse Demyan.
- Por quanto tempo você acha que vai ficar aqui? - Perguntei.
Demyan não tinha expressão alguma naquela hora. Não sabia se estava triste, esperançoso, com medo, nem nada.
- Sinceramente eu não sei, não tenho idéia alguma. - Respondeu Demyan.
- Entendo. - Respondo.
Demyan mudou de assunto para que isso não nos afete muito, afinal aquilo apenas nos iria deixar sem esperança alguma de voltar pra casa.
- Enfim, como está os seus ferimentos? - Perguntou Demyan.
Eu sentia dor daqueles ferimentos, afinal foram feitos há um dia, então era meio óbvio que estavam doendo muito. Os socos em meu rosto ainda latejavam bastante, mas comparado a ontem, eu estava muito melhor.
- Já está um pouco melhor, a dor ainda existe, e qualquer movimento dói muito. Por isso prefiro ficar imóvel. – Expliquei.
- Melhor mesmo, eles podem vir a qualquer momento e te torturar de novo. – Disse Demyan.
- Mesmo que isso me mate? – Perguntei espantado.
- É, mas eles não. Precisam de você de vivo, por mais que queiram te matar, eles não vão. – Explicou Demyan.
- Entendi. – Respondi.
Eu estava olhando ao meu redor, e vi o quanto de pessoas estavam ali. Homens, mulheres, crianças e idosos. As celas tinham poucas pessoas dentro, mas eram muitas celas. Talvez quisessem separar por pessoas para não se misturar.
Sentia cada vez mais medo de estar ali, todos os gritos que eu escutava, choro, barulhos de ferramentas ou de sangue jorrando. Tudo aquilo me apavorava, eu não sabia do que seria a minha vida dali pra frente.
- Me responde algo, Demyan? – Falei.
- Diga. – Disse Demyan.
- Por que existem tantas pessoas aqui? São todas elas importantes para os negócios da Família Mafiosa? – Perguntei.
- Nem todos. Alguns estão aqui, simplesmente para servir de exemplo para os outros que desobedecem a Máfia ou que faze algo que a prejudique. – Explicou Demyan.
- Mas isso é bizarro! – Falei.
- Sim, demais, mas é assim que funciona. – Falou Demyan.
- E você não se incomoda com esses gritos e choros das pessoas? – Perguntei.
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Entre Dois Mundos [Completo] #Wattys2016
AksiJake é um garoto de 17 anos bem diferente dos outros a sua volta, possui habilidades que alguns o considerariam perigoso e um passado totalmente macabro. Seu passado é um mistério para seus amigos mas mesmo assim continuam do lado dele. Ele tem uma...