Hourglass

Capítulo 3- Mas pode me chamar de amor

Os dias se passaram dolorosamente calmos e lentos, eu acompanhava diariamente o site da escola de tão ansiosa que eu estava, eu queria que aparecesse uma mensagem bem grande dizendo que as aulas seriam adiantadas. Caleb me levou até a cidade vizinha para comprar alguns materiais escolares, fui fiel ao meu estilo escolhendo cada coisa nos minimos detalhes e me certificando que não faltava nada

. - Kylie, por que você não leva esse? - Caleb apareceu no corredor onde eu estava com um caderno de uma mulher nua de pernas abertas e sua intimidade estava grosseiramente coberta com um malote do banco.

- Por que você não compra uma fita e passa nessa sua boca? - Rimos e ele sumiu da minha vista novamente.

Eu não podia pegar muitas coisas pois o meu horário eu definiria com uma orientadora da escola no primeiro dia de aula, mas eu já deveria ir com o básico. Escolhi um caderno de estampa étnica preto e rosa, alguns lápis de escrever - porque sempre tem uma pessoa que rouba. Peguei algumas canetas que possuíam um cheiro divino, stickers, uma agenda com aquela onomatopeia de "BOOM" e uma borracha - devo acrescentar que tive uma discussão com Caleb porque ele queria que eu comprasse a que "apagava" caneta?

Ao fim da semana Caleb e Adam já haviam pego um avião de volta para a casa deles, no aeroporto eles prometeram voltar para o aniversario do meu pai e me desejaram boa sorte para meu ano letivo. Alguns dias antes do meu primeiro dia de aula minha mãe e eu saímos para comprar algumas roupas. Na volta, mesmo cansadas, passamos na escola para buscar meu uniforme de educação física, que era uma exigência particular da escola.

Durante uma noite, poucas dias antes do inicio das aulas, aquele par de olhos caramelados me veio em mente. Ele seria tão legal quanto pareceu ser? Ou seria idiota na mesma proporção que era bonito? Ah cara, já estou chamando o garoto de bonito. Mas fazer o que? Eu seria uma mentirosa se negasse. Boca graciosamente convidativa para combinar com uma voz sedutora. Meus devaneios foram encerrados com a minha mãe me chamando para jantar, fizemos a nossa oração rotineira e nos servimos de um delicioso frango.

Meu cabelo não havia caído durante minha "estadia hospitalar" - como eu, particularmente, gosto de chamar - e isso me marcou muito porque era algo que eu imaginava ter que perder para poder sobreviver, mas sensibilizada com a situação das outras crianças cortei ele o suficiente para uma peruca infantil. Depois que esse período encerrou, como um presente de Deus, meu cabelo ficou forte e saudável para hoje eu frequentar um salão de beleza na avenida principal e conhecer um grande amigo. Jacob, era o melhor cabeleireiro do país - obviamente em minha opinião -, era engraçado e entretia suas clientes com sua conversa e, claro, com sua beleza. Loiro, olhos claros e de brinco na orelha, se encaixava no grupo de homens que eu classificava como: " Quanto mais velho, mais gostoso ". Naquele dia deixei que ele fizesse em meu cabelo uma perfeita californiana com um azul maravilhoso. Eu nem acreditava como o resultado me surpreendeu mais do que a tese.

Faltando apenas um dia para o meu primeiro dia de aula, passei em uma consulta com uma equipe médica completa. Fiz muitos exames e fui sujeita até mesmo de um teste neurológico. O dia estava desgastante e aquele local ainda me trazia arrepios, eu olhava um jaleco branco e já me remexia desconfortavelmente na cadeira esperando o momento em que me colocariam numa cadeira de rodas e me levariam de volta para um passado doloroso e sufocante.

- Kylie, você tem todo o meu apoio para voltar a escola - O Dr. Holland olhava alguns exames com total atenção, minha mãe o olhou incrédula. Será que ela esperava um "Volte para casa e esqueça tudo isso" ? OBRIGADA MEDICINA - Só me prometa tomar cuidado e evitar lugares sujos ou contaminados

- Eu prometo - Respondi sorridente, era incrível poder voltar a ativa.

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