Lembranças

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Nota da Autora:
Não queria que a história fosse dramatica demais, mas a questão é que foi, é minha cabeça e minhas ideias, não a nada que eu possa fazer, desculpem. Espero que gostem <3.
Deu um puta trabalho fazer isso tudo, sim está enorme, então acho melhor até vocês prepararem um lanche.
Playlist da fanfic: https://open.spotify.com/user/12155482485/playlist/0vV7OTHWWL6ghtsvrpPIsN
Musicas do Capítulo: Time has come again, Lovely Day, Something Good, Intro, Mad Sounds, Dakota, Suck It And See, Guitar.
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Rapidamente ele largou tudo o que estava fazendo, agiu por impulso, e analisou se realmente era a tal.
Pelo vidro e a distância, com toda a chuva atrapalhando, se era muito difícil enxergar algo, mas ele fazia um esforço que era quase em vão.
Ela era alta, não possuía sapatos aos seus pés, um sobretudo marrom a envolvia juntamente com um cachecol em seu pescoço. Os cabelos cor de mel estavam praticamente cobrindo o rosto que fitava o chão, com uma garrafa na mão direita e uma mala ao seu colo, era uma situação tão confusa, ele não tinha ideia do que pensar sobre aquilo.
Decidiu terminar de comer para  aproximar, aquela pessoa não parecia que iria sair dali tão cedo.
Nesses breves minutos a chuva parou e tudo se abriu, deixando o ar abafado e quente novamente, muito mais do que antes na realidade, alguém sensível já estaria soando com aquilo tudo, o clima estava tão bizarro quanto a (maldita) quantidade de açúcar no café, que Alex odiava.
Terminou tudo um quanto rápido, a ansiedade lhe tomava conta.
Pagou sua conta e pegou o seu livro, se retirando do local, antes de ameaçar atravessar, abriu o carro e colocou os pertences ali.
Quando saiu a fora e fechou a porta, viu a garota tentando levantar, com pura dificuldade, bêbada as quatro da tarde, uma decadência, mas ele não teria o direito de julgar, já havia feito tal coisa mil vezes.
Ela desistiu e largou-se ali mesmo, vários olhares estranhos eram lançados pelos desconhecidos, que sumiam de acordo com a distância da rua.
Podiam chamar Alex de frio, insensato, mas na verdade tudo dependia da situação e da pessoa, e dessa vez, ele não estava de como o julgavam.
Precisava chegar mais perto, olhar, o cabelo tampando o rosto não o deixava ter a certeza que tanto queria, apesar dele a ter, sua mente precisava da informação completa, se não iria ficar incomodado.
Aproximou e colocou o pé no primeiro degrau, chamando a atenção da garota que começou a levantar o rosto lentamente.
- Dakota? -  perguntou, analisando uma situação lamentável.
Era ela, infelizmente.
Os olhos de Dakota estavam pesados e entre abertos, vermelhos, com a maquiagem da noite anterior escorrendo até a maçã de seu rosto, ela chorava, estava pálida, frágil.
- Oh... - ela abriu os olhos um pouco, os esfregando com o pulso, parecia não o reconhecer por um minuto, mas apenas por um minuto, suspirou. - Hey Alex - ela demonstrou o sorriso mais falso, torto, sua voz estava rouca e totalmente embriagada.
O que aconteceu com você garota? Ele se perguntou.
Foram apenas algumas horas que ela foi embora, e de um estado tão bom, pelo que se lembra, estava assim agora, a sua frente, e ele não sabia lidar, mas uma preocupação enchia seu peito.
Perguntar se estava tudo bem seria idiota demais, estava estampado entre cada centímetro da feição da garota que não.
Perguntar o que aconteceu seria sua única opção, mas ele mal a conhecia e não tinha o direito de saber, mas ele queria.
- O que aconteceu? - tentou manter o tom mais doce possível.
O que aconteceu? Isso ecoou pela pequena cabeça da menina, aconteceu tudo que não deveria.
- Ah... - ela virou a cabeça para trás, encarando a porta por um segundo, quando ela se virou, viu através de uma pequena fresta do cachecol de Dakota uma marca roxa em seu pescoço, mas ele tinha certeza que não havia sido uma das suas .- Muitas coisas mas, nada que importa - ela coçou o nariz jogando a garrafa na caçamba ao lado.
Um silêncio ocupou o ambiente, enquanto ela gritava por dentro, Alex tentava ainda processar tudo isso.
Ela tinha palavras curtas e pequenas, não há detalhes, não há um tom verdadeiro, mistério demais, se sentia um agente da CIA tentando desvendar algo de grande potencial.
Ela então levantou, ignorando o e descendo as escadas.
A cada passo que Dakota dava, sua cabeça girava, não podia fazer um esforço, era como se sua cabeça fosse uma panela de pressão, ligada à tempo demais, prestes a explodir.
Ela achava que parecia bem, que seu estado estava bom como ela tentava demonstrar, mas era tão aparente o qual ruim tudo estava, nem seus passos  estavam no lugar.
Alex a segurou levemente pelo braço,  impedindo seus passos de continuarem.
O encarou confusa.
- O que? - ela perguntou voltando um pouco, tentava o ver menos nos olhos, era estranho e ela apenas queria resolver seus problemas longe de todos.
Ele não sabia o que estava fazendo.
- Eu realmente sei que você não me deve satisfações, afinal, a gente apenas passou a noite e colocamos um ponto final ali, mas por algum motivo você me atraiu - nunca havia revelado algo no jogo tão facilmente - e ter essa coincidência de te encontrar de novo acho que foi uma grande sorte, mas eu não queria ter te encontrado nesse estado, realmente falando, me deixe ajudar você.
- Eu realmente acho que não, você não me conhece e isso é algo que eu deveria tratar sozinha. - se virou a ele, fazendo-o a soltar.
- Você não tem ideia nem para onde está indo - ele respondeu o óbvio.
Ela não tinha mesmo, isso a irritava mais ainda.
- Eu sei, eu sei - sussurrou a si mesma pousando a mão na testa - Eu vou para um hotel qualquer, sei lá, olhe - não sabia que palavras dirigir nesse momento a ele, ou se fosse qualquer outra pessoa - eu só preciso descansar, e você não apareceu no melhor momento, ok? - As palavras saiam com pura dificuldade, nem ao menos respirar conseguia.
Turner poderia deixar ela simplesmente ir, ou insistir que nem um idiota.
Insistiu.
- Eu acho que sou o único a te ajudar agora Dakota.
Não escutou, não por que não queria, mas a sua visão turva ocasionada do som abafado não deixou. Foi o suficiente para seu corpo que estava próximo ao dele, simplesmente desabar, desmaiou.
Ele levou um susto mas a segurou com cuidado, tão frágil, respirando aos poucos em seu ombro, estava calor, e ela estava gelada, com o rosto molhado e conturbado.
Seu braço esquerdo envolveu as costas dela, enquanto sua mão se recostava ao cabelos da mesma.
Ficou alguns segundos ali, ela precisava de algo assim, ele sabia, apesar da inconsciência.
Após o curto tempo, envolveu-a pelos braços. Não acordava de maneira nenhuma, a conduzindo para o carro com cuidado, fazendo o mesmo a colocando no banco de trás.
Querendo ou não, ele a levaria para o seu apartamento, era o máximo que poderia fazer.
Não era muito longe dali, cerca de dez minutos que passam em segundos na noção da cabeça avoada de Alex.
Era um lugar impecável, gostava bastante de lá e fazia algum tempo que não colocava os pés nesse local de várias histórias.
E essa seria a mais bizarra, de longe.
A garota não moveu um músculo o trajeto inteiro, apenas dormia, e o engraçado que ela parecia perturbada ainda, não relaxada de uma maneira que deveria ficar.
Estacionou o carro na garagem interna do prédio, e teve que a carregar novamente, era difícil a manter,  magra, porém alta, poucos centímetros menor que ele.
O lugar era arejado, uma janela de vidro enorme envolvia a sala inteira a uma sacada, com a cozinha logo atrás, constituída por um balcão longo e vários armários, com términos na parede de tijolos, próximas a pequena e branca escada que levava ao quarto e ao banheiro.
Carregou-a pelas escadas, deitando Dakota na sua cama.
Observou por um tempo, a maquiagem ali escorrida a deixava com um visual pior ainda, incomodava a ele e com certeza a qualquer um.
A deixava depressiva.
Tirou um lenço com cuidado da gaveta, saberia que nenhum barulho iria acorda-la, mas tinhas suas precauções.
Foi até o banheiro e o molhou, retornando ao quarto e sentando, ao lado de Dakota.
Passou levemente pelas maçãs da menina, que não reagia pelo sono pesado.
De alguma forma Alex se sentia melhor vendo o belo rosto dela dessa maneira, agora assim limpo, e relaxado.
Não sabia aonde estava se metendo, seria interessante ter uma experiência um tanto quanto maluca dessa vez, tinha saudades de algo novo.
Decidiu a deixar ali, porém antes deixou um bilhete próximo, quando a garota acordasse iria vê-lo.
Estava cansado e precisava relaxar, a cabeça estava cheia.
(...)
- Jigsaw women with horror movie shoes...
A melodia e o som das cordas do violão ecoaram pela cabeça de Dakota, que abriu os olhos lentamente, tirando o embaçado de sua vista que era incomodado pela luz, que saia pela fresta da porta entre-aberta que estava justamente em seus olhos.
- Mas que merda? Aonde é que eu - perguntou a si mesma alto, continuando o pensando dentro de sua cabeça, jogando as pernas para fora da estranha cama, se deixando sentada a beira.
Tentou raciocinar ou lembrar de algo, mas a única coisa que lhe vinha a mente era a dor de uma ressaca e a própria imagem bebendo nas escadas do velho prédio por causa de um filho da puta.
Isso era um tanto quanto medonho, não tinha ideias de aonde estava, e analisando o quarto, não era nada familiar.
Dakota estava sobre uma cama de casal, que era um tanto confortável e quente, com lençóis azulados que eram iluminados levemente por duas luzes amareladas em cima da cabeceira.
Já era noite, conseguia ver pela longa vista da janela que estendia por toda parede esquerda, deduzindo, era uma cobertura.
Aos pés da cama, um pequeno sofá branco, seguido por um tapete de cor escura que dava a um armário, e a um grande espelho.
Seu estado era o mesmo, a roupa estava intacta, cabelos desarrumados, porém a maquiagem havia sumido de seu rosto.
As possibilidades de estupro podem ser riscadas. Pensou ela levantando.
A sua frente estava sua mala, com um papel branco e amassado em cima, estava torcendo para ser uma resposta.
"Não se preocupe, eu não te sequestrei e não fiz nada de errado com você, mas sua situação estava tão preocupante que decidi ajudar, principalmente depois de você DESABAR em cima de mim, mas sem problemas.
Quero te ajudar apenas, você estava horrível e sem rumo.
(Desculpa qualquer coisa ou barulho. O banheiro é logo a direita, saindo do quarto)
Alex."
- Merda! - resmungou mas não muito alto, olhando para cima e lembrando um pouco das coisas - qualquer um menos você.
Você transa com um homem, vai embora, ele te acha no meio de Londres que é particularmente grande para caralho, você está no seu pior estado, seu corpo faz questão de parar de funcionar justamente quando ele está ali e agora acorda na cama dele.
As possibilidades de ela ter sido estuprada voltaram em sua mente em segundos, em brincadeira, mas com um pouco de verdade.
Após esse pensamento largou o papel em cima da cama, abrindo a porta receosa e silenciosamente, parando aos pés de uma escada, Alex cantava.
- Be cruel to me, cos' i'm a fool for you. - cantarolou lentamente, tocando os últimos acordes.
Sua voz ecoou na cabeça de Dakota, de alguma forma tranquilizando-a por breves segundos, era um belo tom, sua voz era impressionantemente linda.
Um talento absurdo.
O sofá era de costas a visão que ela tinha, apenas enxergando os cabelos de Alex, molhados e sem gel, com o violão.
Ela sentia-se estranha, assim como ele, que apenas esperando para ver o que iria ocorrer, interessante porém perigoso.
O viu prestes a levantar, Dakota foi ao banheiro que estava ao seu lado, fechando a porta atrás de si rapidamente, não queria que ele a visse nesse estado, apesar de ser inevitável.
O local estava úmido e quente, algumas gotículas de água escorriam pelo box da ducha.
Todo esse ar a fez retirar o sobretudo e o cachecol, revelando seu corpo magro e pálido, com o vestido branco que já utilizava iria fazer um dia.
Engoliu seco, apoiando os braços na pia, olhando o seu pescoço e o ombro direito, que tinham marcas bem aparentes, que nunca deveriam ser feitas.
Sua pele tão branca com uma simples força ficava vermelha facilmente, mas com mais força a poderia deixar roxa, como aconteceu.
A história era estúpida, o fato dela não demonstrar reaçōes pelo medo que conduzia sua cabeça, mesmo estando longe de seu pesadelo ela ainda estava sim, com medo.
- Tenho certeza de que não fui eu que fiz isto noite passada. - Alex estava na porta, com um copo de água na mão, recostado, ela nem ao menos notou a presença dele que estava ali a alguns minutos.
Estava sem camiseta, apenas com uma calça xadrez de pijama e com um chinelo aos seus pés. Os olhos dele a encaravam, eram um tanto quanto grandes, parecia um cachorrinho abandonado.
- Como me achou? - Dakota perguntou ignorando o comentário de Alex anteriormente.
- Pura coincidência - deu um breve gole no copo e a ofereceu, apenas fez isso para demonstrar que não havia nada ali que ela poderia desconfiar, a garota aceitou analisando seu gesto, um pouco receosa.
- A casa é sua? - perguntou.
- Uma das - ficou surpresa com a resposta, deveria ser um homem com muito dinheiro. - mas relaxe, essa não é a casa aonde eu levo as garotas bonitas que eu raptei - brincou, sorrindo, Dakota apenas sorriu de canto.
Não queria lhe dar tanta confiança, por que na realidade apenas lembra dos toques dele em seu corpo, até lhe arrepiava um pouco, mas nem ao menos lembrava do que conversaram, se sentia meio insegura agora e sem saber o que fazer.
Ele fitava as marcas tão aparentes nela, Dakota reparou, e antes que ele fosse perguntar qualquer coisa ela já lhe respondeu.
- Não importa. - foi seca, não devia satisfaçōes, na realidade sim, ele a ajudou, mas nunca falou com alguém sobre, e não sabia se ele seria a primeira.
- Não vai me dar desculpas de que bateu ou caiu em algum lugar, não é? - sua feição ficou séria - Quem foi? - era como se ele tivesse ignorado a fala dela.
A intimidava de alguma forma com o olhar, mas ela não iria abrir o jogo assim com Alex tão rapidamente, apesar dele a forçar sem palavras.
- Não sei se é uma boa ideia, não agora. - Dakota passou a mão esquerda pelo braço direito, se escondendo no próprio ombro.
A curiosidade esfaqueava o estômago dele lentamente, mas não era só a questão da curiosidade e também da preocupação, ela parecia um vaso de cristal de tão frágil.
- Esse agora talvez vire um depois? - disse Alex, não queria pressiona-la.
Suspirou e pensou, não o conhecia e era um assunto pessoal, esconder dele ou contar não faria diferença na vida de ambos, talvez.
- Tudo bem, você venceu - sorriu frouxa, ele retribuiu, fazendo um silêncio.
- Por que eu me importo sem te conhecer? - pensou alto fitando o chão, sem reparar.
- Talvez você tenha bom coração.
- Me ferrei muitas vezes por isso, talvez seja verdade.
- Ou talvez convencido demais - zombou após o último comentário do garoto e eles riram.
- Acho que deveria me apresentar direito, eu nem me lembro do seu sobrenome. - Dakota disse tentando lembrar novamente, em vão.
Lembro muito bem de você gritando ele noite passada. Alex riu de seus pensamentos por dentro.
- Dakota Fitzpatrick - estendeu a mão a ele, um tanto quanto formal, foi até engraçado.
- Alex Turner - ele não apertou a mão dela - não precisa disso. - ele sorriu novamente, se ela ganhasse dinheiro toda vez que ele mostrasse os dentes e fosse adorável, estaria rica.
- Você me é tão familiar , seu nome... - não era mentira, realmente era, se sentia incomodada com o fato de não lembrar.
- Eu faço música - disse breve.
- Ainda não é isso... - ela fitou o chão ajeitando os cabelos, ela era tão linda aos olhos dele, poderia ficar a admirando o dia todo, se sentia mal com isso pelo fato dela ainda estar vulnerável, apesar de distraída com tanta conversa.
Ela arregalou os olhos e suas sobrancelhas se arquearam rapidamente, ela sussurrou um palavrão, ele não sabia se isso era bom ou ruim.
O fato do susto é que, ela ouvira o nome dele o dia inteiro na agência de modelos aonde trabalhava, e de uma maneira que não queria, Alex aparentemente namorava a (rabugenta) da sua querida colega de trabalho, Arielle Vandenberg.
- Aonde eu fui me meter - ela disse indignada - Alex desculpa mas eu preciso ir embora agora - disse passando pela porta indo para o quarto, apressada.
- O que? Por que?! - foi engraçado o jeito que ele desafinou, mas não deixava de ser uma situação trágica.
- Eu não devia nem ter conversado com você de primeiro, pra piorar a gente dormiu junto, e agora eu estou na sua casa - ela dizia rapidamente caçando alguma roupa de frio em sua mala para pegar e ir embora.
- Me explica direito - ele parecia desesperado.
- Eu conheço a Arielle, e acredite, se ela souber disso tudo, estou numa situação bem fodida com ela, se é que já não tenho uma - Dakota estava ajoelhada no chão em sua mala o observando de cima, bem séria, e ele começou a rir, deixando-a confusa.
- Sério que o desespero é por isso? - dizia quase gritando por causa dos risos - eu nem a vejo direito, e sinceramente, não ligo mais - foi bem seco nas últimas palavras, sua fala a surpreendeu.
- Não é isso que ela sai literalmente gritando por aí - Foi a vez de Alex ficar surpreso.
- Como assim? E aliás, de onde se conhecem?.
Dakota se levantou já a vontade, sentando na cama.
- Eu sou modelo, na verdade, mais ou menos, longa história, depois te explico. - ela deu uma pausa e se colocou a falar de novo - Estamos na mesma agência, infelizmente, e eu a fico escutando falar coisas de você todos os dias pelos cantos, de como a relação de vocês é perfeita e blá-blá-blá - fazia o caso até ficar engraçado, usando gestos e fazendo caretas enquanto dizia todos aqueles fatos.
- Essa mulher é louca - deixou um riso escapar sentando a cama também - Eu deixei bem claro que não quero algo com ela faz tempo, mas ela é que nem chiclete de morango, demora pra desgrudar e ainda deixa o gosto por um bom tempo.
Parecia que se conheciam a séculos se abrindo desse jeito, e era até confortável.
- Mas eu realmente acho que deveria ir - ela colocou os olhos na mala novamente - Esse pessoal fica de olho em nós a todo momento, e Arielle está controlando praticamente tudo agora, e ela não me joga na rua por pouco, se qualquer coisa acontecer - Alex interrompeu.
- Você se preocupa demais, se acontecer qualquer merda, aconteceu. - ele balançou os ombros.
⁃ Acha que é simples assim? Demorei meses pra conseguir isso tudo, e eu ainda estou no começo e já estou quase perdendo, isso seria a gota d' água, e então estou literalmente na rua - uma fúria subiu na garota, ele pisou no calo dela, realmente amava o trabalho.
⁃ Eu entendo - realmente entendia, admitiu que foi de fato bem idiota o que ele disse. - porém - Dakota já ia o interromper "sem poréns", mas ele foi mais rápido.
- Fique essa noite, por favor - ele sussurrou em seu ouvido, apenas provocando, passando suas mãos nas coxas da garota que arrepiou lembrando da noite passada.
- Você parece desesperado - tirou a mão dele a colocando de lado - Eu não vou, e depois dessa até nem quero. - revirou os olhos, levantando.
- Não seria uma boa ideia uma moça como você sair por ai as três da manhã.
São três da manhã?!
Ela suspirou fundo, contando até cinco, de costas para ele, que admirava seu corpo, Alex era um tanto quanto pervertido.
- Eu tenho opção? - Já sabia a resposta, se virando para ele, que apenas negou com a cabeça.
- Tenta algo e eu arranco suas bolas, ainda não confio em você. - disse séria com um olhar um tanto psicopata.
Ele conteve seus desejos e satisfações bem no fundo de sua alma nesse momento, como a sensação de prender a respiração instantaneamente, assentindo com a cabeça o pedido dela.
Dakota estava um tanto cheia de emoções, e agora mais uma coisa para se preocupar, não acreditava em Deus, mas gostaria que ele existisse para lhe ajudar agora.
O silêncio se fez no quarto, e ela odiava um tanto isso, sabia que Alex observava cada centímetro dela.
- Não quero me aproveitar, mas você disse que quer ajudar, e eu não vou recusar, aliás, agradeço, mas eu posso tomar uma ducha? Eu estou fedendo que nem um mendigo - Suas palavras sempre terminavam em uma brincadeira que fazia ambos sorrirem.
- Sinta-se em casa. - Alex espreguiçou, tinha uma expressão um tanto cansada, apesar do cochilo que ele tirou a tarde depois de chegar. Vivia assim na realidade, mas com o fim da turnê essa rotina iria ser quebrada. - Tem toalhas no banheiro - disse por fim se jogando na cama fitando o teto.
Alex era um tanto quanto esquisito para Dakota, e essas mudanças de humor tão rápidas que ele tinha.
Se ajoelhou no chão pela provável milésima vez perto da mala.
- Alex, tem outro problema também.
- Pode dizer - se manteu intacto na cama.
- Aparentemente eu estava sem consciência e só coloquei roupas esquisitas aqui dentro, não peguei meus pijamas - Se focava enquanto dizia, procurando algo ainda, mas sem sucesso.
Escutou o corpo dele se levantando do lençol, indo ao armário, passando vários cabides, era um som que já era habituada a ouvir toda semana.
Realmente desistiu e pegou apenas suas meias pretas de joelho, estava frio e era acostumada a usa-lás para deitar-se.
Sentiu uma camiseta a encostando, era Alex a entregando por cima, uma blusa um tanto quanto enorme.
- Pode ficar bem grande em você na realidade, mas é confortável, garanto.
- Obrigada - não evitou sorrir ao ver que era uma blusa do The Vines, amava, mas decidiu não comentar.
- Eu vou estar na sala, vá para lá depois, vou fazer algo para você comer - ele disse indo em direção a porta.
- Como vou saber que você não vai colocar veneno e me matar? - brincou com um pouco de verdade ao fundo.
- Já teria o feito se quisesse - se retirou com um sorriso de canto, descendo as escadas.
Quem os visse, achariam que já se conhecessem a anos, de alguma maneira se sentiam bem a vontade falando um com o outro, de um jeito aberto, e aquilo era um tanto quanto estranho para Dakota, era suposto namorado de sua "chefe", que odiava com todas as forças, sentiu que dormir com ele foi até que algum tipo de vingança. E o fato dele a tratar tão gentilmente e ter um desejo forte sobre ela era um tanto quanto interessante, parecia respeitar isso, não era como qualquer outro, no fundo ela sabia que Alex era uma boa pessoa, mas decidiu não aceitar isso por inteiro por enquanto até conhece-lo direito.
Levantou e foi para o banheiro, se sentia realmente horrível, esse banho iria a salvar, levou as escovas de dente para tirar o cheiro horrível da bebida que tomou mais cedo que nem ao menos lembrava qual era.
As costas doíam que nem o inferno, não duvida que estavam marcadas também, o ombro foi uma consequência delas, e do empurrão que levara, ou talvez pela forte pressão das mãos grandes do maldito ali, que foi para o seu pescoço.
Mexeu a cabeça tentando se livrar do devaneio e da lembrança, limpando uma lágrima que insistiu em cair, um calafrio percorreu sua espinha, odiava tanto.
Queria alguém para distrai-la novamente, por que agora que lembrou provavelmente não iria parar de pensar tão cedo.
Curiosamente, Alex foi uma das poucas coisas que me fez esquecer de tudo por algum tempo, mesmo sendo minutos, bizarro.
Colocou a água no morno, odiava banhos que não eram quentes do jeito que gostava, mas provavelmente iria sentir mais dor no corpo se fizesse isso.
Ela queria parar de pensar nisso, mas era como uma comparação tanto engraçada que Alex fez, chiclete de morango, demora pra desgrudar e ainda deixa o gosto para trás.
Oito horas, três minutos e cinquenta e sete segundos atrás.
Merda, merda, merda e merda.
- Você é uma filha de uma puta mesmo Dakota - Dylan gritou com sangue nos olhos, ela nunca sentiu tanto medo em sua vida.
O que eu respondo? O que eu faço?
- Eu vi você fazendo o mesmo caralho de coisa noite passada, acha que não? Eu não sou burra porra, não venha reclamar de mim desgraçado. - Estava cansada de ser vulnerável já, chega disso.
Ele bateu com os braços sobre a mesa, estava tão acostumada, era tudo uma merda todo dia.
Ambos ferviam de raiva, com dentes trincados, como dois animais selvagens.
O fato dele estar mais alterado, do que ela não deveria ter feito, de que ambos não deveriam, fazia tudo bem pior, e a situação ja era critíca.
Eu não quero conhecer o pior se ele existir.
Em meio ao silêncio que se escutava apenas as respirações pesadas, Dakota o observou ficando cada vez mais vermelho, como se estivesse virando o demônio, e isso realmente começou a assustar, desaparecendo com toda coragem que havia surgido em si, e a que estava guardada no bem no fundo. Começou a estremecer.
- Você diz que não é burra - ele disse se levantando rapidamente, ela fez o mesmo assustada, afastando o máximo que podia.
De novo não, por favor.
- Mas você vai demorar quanto tempo - Ele segurou os braços dela rapidamente com força, a arremesando na porta atrás de si, pressionando-a com o corpo e mão grande em seu ombro, a sensação era de ter quebrado um osso - para saber que você é só minha e de mais ninguém porra? - ele gritou em seu rosto, o choro da raiva e da dor de Dakota se continham no máximo, tentando o empurrar em vão, mas ele ficava cada vez mais forte.
- Me solta filha da puta. - se debatia em vão, desesperada.
Por reflexo, com a mão na escrivaninha do lado, pegou rapidamente o vaso de flores ali, batendo na cabeça dele, fazendo o vidro voar para todos os lados, ela mesma assustou com o que fez, enquanto ele a soltou recuando para trás. Tentava recuperar o fôlego em dificuldade, ainda estava assustada, ele se manteve ofegante com as mãos nos joelhos. Estava paralisada, com uma dor enorme, e não conseguiu mais segurar as lágrimas que caíram sem intenção de parar.
Ele se levantou rapidamente, nunca havia se sentido tão ameaçada em toda sua vida.
Ele vai me matar, ele vai me matar...
Queria gritar, não conseguia.
Ele seguiu em sua direção, estava encurralada, começou a correr para trás, esbarrando em tudo.
- Dylan, foi sem querer, foi sem querer - era desesperador, sua voz mal saia, já encurralada em outra parede sem tempo para sair antes do próximo passo dele que iria os fazer colidir novamente.
Cruzou os braços cobrindo o rosto e se encolhendo com total medo do que iria acontecer agora, não raciocinava mais nada.
Dylan pegou os braços magros dela e os separou com força, fazendo eles tocarem a parede com força, revelando seu rosto vermelho com lágrimas e os lábios trêmulos.
A mão dele voou no pescoço dela, a fazendo bater a cabeça na parede, apertando com todo ódio que poderia ter, o fôlego dela sumiu instantaneamente, não tinha mais forças, numa tentativa falha e desesperada tentava tirar as mãos dele dali, mas é como se ela apenas a tocasse.
Sua visão já estava ficando desnorteada, queria ar, precisava.
- Pensa bem antes de fazer qualquer coisa, prostituta - Disse próximo ao ouvido dela, que apenas escutava abafado, se aliviando quando ele a soltou rapidamente, Dylan andou pelo corredor e se trancou no banheiro.
Ela apenas caiu, apoiando sem forças na bancada, ajoelhada, pegando fôlego apenas segundos depois, o suspiro conseguiu se ouvir alto, seguido de tosses fortes e soluços com um choro.
Não queria acreditar, sua cabeça rodava e uma dor ardente tomava conta de seu corpo.
Eu quero morrer, eu não aguento mais, eu apenas queria uma resposta do por que de tudo isso.
Seu corpo não tinha nada estável, fez esforço com os dois braços na bancada para conseguir levantar.
As lágrimas ainda insistiam em cair, a irritando cada vez mais.
Pegou o seu copo que estava na mesa, com um pouco de cerveja ainda, ela tremia, pegando seu remédio que já estava aberto em sua frente.
Olhava pra cima sem saber o que pensar, era como se o tempo em sua cabeça em câmera lenta, e voltando, tendo todos os sentimentos de mágoa e raiva dele.
- Chega - gritou jogando o copo na parede longe, a porra da casa não era sua mesmo.
Tirou a aliança de seu dedo com força, machucando um pouco, jogando pela janela do prédio.
Andou rapidamente pelo chão de madeira indo para o quarto, provavelmente Dylan estava se drogando no banheiro.
Começou a pegar qualquer coisa e surrar dentro da mala, tudo que era seu, e se tivesse o cheiro do garoto, deixava ali, não queria lembrar do rosto dele, de qualquer coisa, mas sabia que não iria conseguir.
Pegou roupas de frio, estava calor, mas precisava esconder o que ele havia a feito, ninguém poderia saber.
Cambaleou pelo corredor sem consciência de suas açōes, estava bêbada desde quando havia chegado de madrugada.
Passou pela cozinha pela última vez, pisando em um caco de vidro, havia se esquecido dos chinelos, mas não voltou para pega-los.
Então pegou a garrafa de cerveja quente que estava ali, era seu único conforto agora, queria beber tanto ao ponto de esquecer isso, mas saberia que não iria dar certo.
Covarde, desgraçado, mentiroso, vagabundo, filho de uma puta, interesseiro, doente, burro, viciado, aborto, arrombado, corno, fracassado, lixo, merda, escroto, puto, pau no cu.
Citou em silêncio enquanto descia os degraus até sair para rua.
E não lembrar de mais nada.
Seu próprio suspiro a fez acordar dos pensamentos, e quando mal percebeu, estava apoiada no vidro do box, fitando a água cair se misturando com lágrimas, mas conseguiu se conter, desligando o chuveiro, deveria estar séculos ali dentro, avoada e gastando energia da casa que não era sua.
Decidiu pensar em Alex, distraia mas não enchia sua cabeça totalmente, porém era o suficiente.
Em busca de torradas na cozinha, ela ocupava os pensamentos dele até demais.
Quantos ela tem? Não parece ser inglesa, nem ao menos tem um sotaque, de onde veio então? Quando eu saber o que aconteceu totalmente, vou querer abraça-la novamente, mas dessa vez com ela consciente, é bom sentir os lábios dela em meu pescoço, ou talvez em outro lugar. Que mulher, poderia encarar ela todos os dias, ou emoldurar seu rosto num quadro na frente da minha cama, ela é engraçada sem intençōes, täo natural, ela é tão ela mesma, vou acabar ficando louco, eu preciso de você de novo, mas tanto.
Queria se bater por tanto pensar em alguém, até mesmo dessa maneira, se sentia algum maníaco tarado, mas ela mexeu bastante com ele, de uma maneira inexplicável, deveria ser pelo fato de o deixar curioso a cada segundo.
A questão é que queria agrada-lá, e sabia que a garota morria de fome, mas não havia comida em nenhum canto, esqueceu que fazia mais de  três meses que não ia ali, óbvio que não teria nada, e agora seriam duas pessoas totalmente famintas, mas estavam em pleno 2013, e existia serviço de entrega de comida.
Pizza.
Alex ajeitou os cabelos rapidamente, subindo as escadas, parando sobre a porta do banheiro e dando dois toques com o indicador a porta.
- Sim? - escutou a voz de Dakota ecoar lá dentro.
- Você come pizza? - perguntou encostando na porta por impulso.
- O que?! De jeito nenhum! - ela indignou, esqueceu que por um momento que o emprego dela era literalmente uma greve de fome, deveria ser horrível.
- Não tenho outra coisa aqui pra comer aqui - Alex desanimou.
- Pode pedir para você, não vou morrer - Encerrou o assuntou.
Ele deu de ombros, se ela diz.
Foi descendo as escadas novamente para finalmente ter a vitória e conseguir se alimentar.
- Alex! - ouviu ela cochichar, logo virou, vendo apenas sua cabeça pela fresta da porta - Não tem toalha nenhuma aqui.
Ele colocou a mão na nuca com a expressão levemente confusa.
- Tem certeza? Tinha certeza de que uma estava ai. - subia novamente - eu pego para você, um momento.
Dakota não deu respostas, apenas fechou a porta, fazendo Alex soltar um sorriso malicioso que conteve nessa sua atuação toda, se sentia horrível, mas para sua cabeça tivesse paz por um tempo, teria de fazer, nem que ela arrancasse suas bolas.
Foi para o quarto e abriu o armário e pegou a tal toalha, um tanto animado.
- Posso entrar? - disse ele já a porta.
- Você pode simplesmente me dar por aqui gênio. - esticou o braço por uma pequena fresta.
Pensou uma, duas, três, cinco vezes, enquanto Dakota já estava receosa atrás da porta, era previsível demais e ela não era burra.
Alex pousou a toalha na mão dela normalmente, sabia que ela não era burra como a própria afirmou em sua mente.
Puxou o mais rápido que pode, mas foi lerda demais distraída pensando exatamente, nele, e de seus atos.
Alex entrou junto aproveitando aquela brecha, sabia que iria acontecer, e percebeu que ela já sabia, ao observar ela com a blusa totalmente pressionada ao seu corpo, que ia até um pouco abaixo da cintura da garota, cobrindo seu corpo.
- Me poupe - Dakota revirou os olhos totalmente indignada - Chega mais perto e eu mato você - ele riu, mordendo o lábio, foi um tanto quanto sedutor para ela que até mesmo distraiu-se lembrando de tudo noite passada, sumindo com a expressão séria.
Seus corpos estavam perto o bastante para ele a agarrar por trás pelas suas costas desnudas, lançando um beijo agressivo e molhado na garota que logo reagiu o empurrando pelo peito, em vão. O desejo dele parecia ser tão forte e só vinha a ficar mais tenso.
- Alex me larga! - dizia sem fôlego e com raiva quase o distanciando, mas desistia enquanto ele mordia o lábio da mesma, fazendo-a chegar perto novamente.
Uma sensação de total frio na barriga lhe veio quando as mãos geladas deles deslizaram por suas costas, agarrando sua bunda e passando pelas coxas, fazendo seu corpo se envolver no dele, com a perna direita apenas, a colocando contra parede.
Estava cedendo, não podia negar, queria, mas ao mesmo tempo, não, não queria.
Os lábios dele foram para perto de seu pescoço, conseguiu sentir o ar tão quente e ofegante que saiam deles, era prazeroso e excitante ouvir.
Se acalmaram quando ele parou de repente, gostava de a sentir, de segura-lá perto, e da sensação de saber que ela odiava aquilo tudo, mas que não poderia lutar contra os desejos que tinha também.
- Alex - sussurrou em seu ouvido de uma maneira sexy, que o deixou mais animado - Eu te avisei - Dakota disse rapidamente e antes que ele pudesse raciocinar qualquer coisa a garota chutou o meio das pernas magras dele, com total ódio no rosto.
A sensação foi de como ela tivesse o arrancado fora de tanta dor que sentira, e apesar de toda a raiva, ela não conseguia evitar segurar os risos, vendo Alex se contorcendo de dor e sussurrando vários palavrōes.
Ele saiu reclamando ainda sem dizer mais nada, agora ele que tinha medo dela, rosto de anjo mas a alma é algo tão pior quanto o próprio demônio.
Ela ria de toda a situação, mas não deixava de morder os lábios e se sentir diferente após esse beijo, de alguma forma foi diferente, bem diferente da noite passada, queria estar bêbada para não ligar para as emoções que sentiu, ou então queria voltar no tempo, para não beber e realmente senti-lo de novo, e ter uma experiência completa.
Que diabos Dakota? O que você está pensando?
Brigou consigo mesma enxugando os cabelos e o corpo, estava bem mais relaxada.
Vestiu sua roupa íntima e finalmente colocou a blusa, tinha um cheiro peculiar, bem forte, e era maravilhoso, o cheiro de Alex. Estava grande o suficiente para cobrir as partes que não deveriam ser vistas, agradeceu por isso, por que na realidade não tinha visto short nenhum no meio de suas coisas. E por fim colocou as meias pretas que iam até seus joelhos, aquecendo o corpo que tremia pelo choque do banho quente com o ar frio.
Fez o resto de suas necessidades e tomou coragem para descer e o ver, até pensou em outros jeitos de surra-lo caso ele a atacasse novamente, mais uma brecha e ela iria embora, decidiu assim por fim.
Alex desligou o telefone, com a barriga roncando e irritado com o velho surdo que o atendeu, demorando tanto quanto dez minutos só para pedir uma pizza de pepperoni e mais nada.
Seu olhar voltou totalmente para a escada, ao ver ela descendo, e poderia colocar totalmente a culpa nela por causa de seus desejos agora, ela insistia em ficar sexy a todo momento em aos olhos dele.
- Como dizia minha vó, fecha a boca se não baba. - ela disse impaciente se debruçando no outro lado da bancada.
O silêncio tomou conta novamente, se encaravam, a garota ainda mantinha aquele olhar raivoso, enquanto ele estava ainda sério, passando a língua por dentro de sua bochecha.
Os olhos dela começaram a passear pelo lugar, se virando ainda encostada, passando eles pela sala, e pela vista da sacada.
- Teve um bom gosto, aqui é bem bonito - Dakota descontraiu com seus pensamentos deixando outras coisas de lado.
- Eu sei - Alex sorriu, deslizando os dedos pela bancada até chegar do outro lado - por isso que eu amo esse lugar, ele é aberto, é simples - cruzou os braços dizendo, fitando a vista do local como ela fazia.
Conseguia perceber que ela encarava o violão, com os pensamentos avoados, nem sabe se suas palavras entraram na cabeça dela.
- Aquela música - disse Dakota voltando à realidade aos poucos, olhando para Alex em seu lado - É sua? Parece ser interessante.
Realmente gostou do pouco que ouviu, a letra era intrigante, queria escuta-lá por inteiro, e ouvir Alex cantar novamente.
- Sim, é uma das minhas, você ouviu? - disse ele sorrindo, era uma pergunta retórica - É bom saber que gostou - Era um tanto engraçado para ele, pois lembrava totalmente a garota, riu disso por dentro.
- Se importaria de me mostrar a letra? - Poderia muito bem ter pedido para ele cantar, mas não queria abusar.
- Melhor, talvez eu possa cantar - ele se dirigiu ao sofá, Dakota o acompanhou, e enquanto ele ajustava as cordas, ela sentou com as pernas em cima do sofá, as envolvendo, em sua espera.
Sem nenhuma palavra a mais, Alex sentou na outra ponta, observando o próprio instrumento, o tocando devagar, com cuidado, e com paixão.
Um sorriso e um brilho nos olhos apareceu em Dakota.
"Your love is like a studded leather headlock
Your kiss it could put creases in the rain
You're rarer than a can of Dandelion
And Burdock
And those other girls
Are just postmix lemonade
Suck it and see, you never know
Sit next to me before I go
Jigsaw women with horror movie shoes
Be cruel to me, 'cos I'm a fool for you
I poured my aching heart into a pop song
I couldn't get the hang of poetry
That's not a skirt girl
That's a sawn off shotgun
And I can only hope
You've got it aimed at me
Suck it and see, you never know
Sit next to me before I go
Jigsaw women with horror movie shoes
Be cruel to me, 'cos I'm a fool for you
Blue moon girls from once upon a shangri la
How I often wonder where you are...
You have got that face that just says
"Baby, I was made to break your heart"
Suck it and see, you never know
Sit next to me before I go
Go, go, go...
Jigsaw women with horror movie shoes
Be cruel to me, 'cos I'm a fool for you"
A última corda ecoou no silêncio, enquanto Alex recuperava o fôlego, com os olhos fechados, levado pela emoção. Era como se enquanto cantava o mundo simplesmente sumia, mas quando parou ainda teve essa sensação, já que a garota não havia dito nada até agora.
Olhou para o lado e viu a expressão dela, surpresa, com um sorriso a ser solto.
- Isso é maravilhoso - Dakota disse doce, baixo, um sorriso foi a orelha a orelha de Alex - É sério! Genial - se empolgou, soltando as pernas.
- Muito obrigada, de verdade - poderia se considerar na mente da garota que esse foi o jeito mais fofo que ele agiu desde que se encontraram, a sinceridade de sua expressão e palavras .- A música agora me lembra você, um pouco. - ambos riram.
- Você não me conhece Alex - ela continuava risonha, não foi tão séria, era sua intenção.
- Não seja por isso - ele colocou o violão de lado olhando para ela. - Posso começar agora, seria uma boa ideia não? - Pegou um cigarro que estava em cima da mesa, acendendo e tragando.
- É, seria - aceitou o cigarro que Alex lhe passou - E não se preocupe, vi a dúvida desde a primeira vez em você, tenho vinte e cinco, não vai ser preso por nada. - ambos riram, ele em alívio.
O inicio disso tudo rendeu uma noite de conversas e descobertas. Como por exemplo a mania de morder canudos da garota que vinha de Los Angeles que era uma patriota inglesa fissurada em moda e em música, que agora estava fissurada em Arctic Monkeys após uma longa maratona de danças aos sons deles juntamente a Alex.
Os tempos foram bons desde a vez que se viram. Foram.

Old Yellow BricksOnde histórias criam vida. Descubra agora