Hipocrisia

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NOTA DA AUTORA
Obrigada por tudo, vocês são lindos ♥️. Vou tentar postar uma vez por semana, estou ficando sem tempo. Espero que gostem.
E sobre certas situações que eu vou criar durante capítulos e vocês se perguntarem o total sentido de tudo, é por que eu realmente quero que vocês façam suas interpretações.
(Se vocês não entenderam, depois vão entender)
Playlist da fanfic: https://open.spotify.com/user/12155482485/playlist/0vV7OTHWWL6ghtsvrpPIsN
Musicas do Capítulo: The End Again, Any Emotions, Angels, Hypocrite, All the Rage Back Home, The Beach, Apartment, Believer, Charlotte
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''She'll jump in the river, you'll wish you're the water. '' She Does The Woods - The Last Shadow Puppets.

2014, ATUALMENTE.
McDown 🌺
Mensagem:
Breana, não estou mais morando com Alex, não mesmo, e preciso de um lugar para ficar em Londres só por essa tarde enquanto tento pegar o apartamento de volta, não quero te incomodar, mas eu preciso de um lugar só por duas horinhas, e sinceramente, eu preciso de alguém como você agora, de verdade, xx.
Mandou a mensagem guardando o celular dentro de seu bolso, erguendo as mangas da jaqueta até um pouco depois de seu pulso, limpando o rosto molhado, e suspirando fundo, e deixando tudo para trás em sua cabeça.
A mão gelada de Dakota girou a maçaneta, pela última vez.
O corpo de Alex estava encostado ali, dormindo, com o violão pesado em seu colo e uma garrafa derramada sujando todo o chão, ela não estava com paciência.
Simplesmente o empurrou com os pés, abrindo caminho para si mesma e para suas coisas, só de olhar para ele, ódio e tristeza se misturavam, mas ela não iria chorar, não iria fazer mais nada, já passou por isso e sabia o rumo que tinha que tomar.
Passou por ele que aparentemente dormia ainda, iria lhe dar menos trabalho e problemas para si mesma.
Colocou a grande mala no chão, a levando pelas rodas por toda a sala, pegando seus documentos e todo seu dinheiro, queria sair dali o mais rápido possível.
- Eu não sei o que deu em mim - Virou rapidamente, ouvindo a voz rouca de Alex bem atrás de si, ele estava em pé, cruzando os braços e com uma expressão considerável triste, fitando o chão. - E eu sei que você não vai, mas eu só peço uma coisa, me perdoe, por favor - Ele a encarou, o rosto dela estava totalmente vermelho, conseguia ver ela segurando o choro na garganta e nos olhos, a situação era totalmente desconfortável para ambos. A ver chorar era uma sensação que ele não conseguia comparar a algo, como se fosse algo tão ruim que seu próprio corpo tivesse inventado algo novo, mas algo ruim.
Se virou e juntou as últimas coisas em cima da bancada, não gostava de chorar na frente de outras pessoas.
- Eu não te devo mais satisfação nenhuma Alex. - deixou uma lágrima escapar, limpando rapidamente e impedindo outras, sua voz saia com pura dificuldade.
- Eu te amo Dakota - a voz dele saiu baixa, porém estava mais próximo. Ela começou a rir ironicamente, o deixando mais desconfortável ainda.
Se realmente a amava, queria saber o motivo disso tudo que vem acontecendo a dois meses, ele simplesmente mudou, era como se Dakota estivesse vivendo tudo de novo, apesar da situação ser mais leve, doía do mesmo jeito, machucava do fundo de seu estômago até a ponta de sua língua, mas a diferença é que dessa vez, ela amava totalmente a pessoa que estava fazendo isso tudo com ela, Alex. Talvez nunca sentira algo tão forte por alguém, mas que só foi diminuindo, até chegar no nível 0.
- Mas eu não, não mais. - Se virou pra ele, pela primeira vez o viu com um pouco de lagrima aos olhos. - Como eu disse, você mudou, seu rosto está mudando, você não é mais o mesmo, e agora você está me fazendo voltar pro velho caminho, e eu não posso deixar você repetir isso de novo Alex, não você, eu juro que se fosse qualquer outro não iria ser tão... Doloroso, eu não queria isso de você, eu te amava, mas agora não amo mais, sua voz perfura a minha paciência e a minha alma todos os dias, por isso que eu não gosto mais de você, eu não quero mais isso. - A voz da garota ficou trêmula, segurando para seu choro não sair por sua voz, em vão.
Ele olhou para cima e suspirou, era como se ela tivesse pegado uma faca e a cada letra que saia de seus lábios ela enfiasse lentamente em suas costas, por fim ultrapassando seu corpo. Não sabia o que responder.
- Se você tivesse pelo menos um motivo. - Limpava o rosto, desistindo, deixando as lágrimas caírem. - Talvez eu pudesse pensar sobre, mas você não tem, eu sei que não Alex.
Ele tinha noção que não tinha motivos para ser perdoado, e se tivesse, não conseguiria raciocinar agora, e odiava o fato de não fazer nada, e de ter feito algo, e agora, não tinha nenhuma palavra para dizer.
- Você está certa, eu não tenho, e eu acho que até mesmo se eu tivesse, não iria ser o suficiente - ela assentiu com a cabeça, era a pura verdade - E o jeito que eu tenho agido, eu não tenho nenhuma explicação ou desculpa, talvez eu esteja me tornando um completo imbecil - Iria falar mais, porém ela o interrompeu.
- Alex chega, eu não quero mais discutir por agora, na verdade não quero ouvir sua voz, e muito menos ouvir você fazendo esse drama sobre si mesmo. Eu iria preferir que você pelo menos pensasse antes de falar. - pegou suas coisas na mão, prestes a sair. - Não vai ser você que vai me impedir de ir embora, não agora, e assim que eu sair por essa porta, eu não quero mais contato com você, e se você por acaso vier falar comigo ou qualquer coisa, eu vou fazer o que você fez comigo, e vai ser bem pior - As fracas lágrimas que saiam de seus olhos viraram lágrimas de raiva, não tristeza, e em grande quantidade.
Ele a viu andar até a porta, com o short surrado, e a mesma meia de sempre até os joelhos, aquela da primeira vez, deixando as mangas da jaqueta jeans molhadas enquanto limpava o rosto, ou simplesmente deixava elas caírem em seu mocassim preto.
Alex foi atrás, sem pensar, encostou a mão no ombro da garota, que imediatamente reagiu o empurrando.
- Eu só quero que você não esqueça das coisas que aconteceram tirando isso tudo, eu não vou desistir de você. - Ele ainda disse melancólico, era algo que não conseguia esconder.
Segundos se passaram e ela não disse nada, até que foi a vez dela lhe dar um tapa na cara, forte e rápido, sem se arrepender.
A dor era insuportável mas não superava a emocional, ele não era disso, de ser tão emotivo, ou de ser tão babaca com alguém, e ela não foi a primeira a reparar, todos seus amigos ou até mesmo familiares, falaram a mesma coisa, e isso o afasta cada vez mais de tudo.
Não estava com raiva, não estava triste, mas teve aquela sensação de um vazio, sentia um grande nada lhe dominando. Devia pelo fato de perceber que as coisas importantes estavam indo embora aos poucos da sua vida, e hoje perdeu uma e quase outra. Não queria continuar assim, e muito menos virar um dramático de merda, tinha que voltar pra sua essência antiga, mas não sabia como.
- Se algum dia, você souber o que está fazendo, e realmente voltar a ser o Alex, talvez eu consiga pelo menos olhar para você. - disse ela passando pela porta e a batendo, fazendo o barulho estrondoso pela casa inteira, vendo o rosto sem vida de Alex pela última vez.
Assim que o sol bateu em seu olho, ela pode desabar, as ruas estavam vazias, Sheffield nos domingos não era movimentada, e agradeceu por isso.
E toda raiva que queria sentir dele agora, sumiu, ela a queria de volta para não lembrar do fato que o ama, apesar de tudo. Tudo foi tão estupido, as palavras que saíram da boca de ambos esse tempo todo, ela só queria um pedido de desculpas dele, e o por que disso tudo, mas ela não obtinha, e isso a deixava confusa, por que se ele realmente a ama, ele teria que ter um, ou não. Sua vontade de gritar todos os pensamentos e descontar eles na mente de alguém só tendiam a ficar mais fortes.
Pegou o celular e viu a resposta de Breana.
McDown 🌺♥️
Mensagem:
Não me diga que aconteceu uma daquelas de novo, e se for, como assim você saiu de lá? Eu espero que não seja algo tão sério assim, de verdade, assim eu me preocupo. Você é muito bem vinda, pode chegar, mas acho que o único problema é que o Matthew está aqui, mas acho que ele não contaria para Alex, e também se fosse contar, seria só amanhã, pois ele está puto para caralho com ele também. Já avisei pro porteiro que você vai vim, então não se preocupe em falar com ele, não vai ser dessa vez que ele vai te cantar de novo, xx.
Um suspiro de alívio saiu de Dakota, agora pelo menos tinha um rumo e estava mais calma, teria alguém para a apoiar.
Desligou o celular limpando a tela que ela molhou com os dedos, o guardando no seu bolso, indo para a outra esquina pegar um táxi, iria pegar um trem para Londres aonde a sua amiga e mais outros se encontravam, não suportava mais ficar nessa cidade, era como se cada lugar que ela passasse o olho a lembrava de Turner, e era o que ela evitava.
Adentrou ao táxi e com a ajuda do motorista colocou os pertences no porta-malas, e sentando no banco de trás, apoiando a cabeça no vidro e vendo a leve chuva cair, sua vida parecia ter virado o clichê de um filme, um péssimo clichê em sua opinião. Ela simplesmente não queria sentir isso, voltar no tempo, e tentar o acalmar de alguma forma, tentar mudar as coisas. Sabia que agora, ela não era a única pessoa a estar assim, o conhecia, apesar dele ter sido tão filho da puta, ainda tinha sentimentos, observou isso esse tempo todo, era como se um espírito demoníaco tomasse conta dele por minutos, horas, algumas vezes dias, mas sumia, trazendo a visão tão adorável de volta, mas isso foi acontecendo menos e menos, hoje foi a primeira vez em tantos dias que parou de contar, que o viu agir como uma pessoa depois de sua ação.
Não conseguia mais suportar isso, precisava desse tempo, assim como ele, sabia de alguma forma disso.
Mas ela queria um tempo infinito, não iria o perdoar, percebeu que depois desse pensamento todo, ele nunca poderia voltar a ser o Alex que lhe ajudou quando mais precisou, quando nem sabia seu sobrenome, ou qualquer coisa sobre.
(...)
- Matthew! Por favorzinho - Breana dizia o mais falsamente possível, já estava desistindo.
- Não! Desculpa, mas não estou com paciência pra esse tipo de coisa. - Disse ele desviando o olhar para a TV, aumentando o volume.
- Se eu não te amasse, eu poderia arrancar todos os seus dentes fora. - soltou os ombros largos dele, bufando para o lado.
- Outra hora, ok? Me desculpa. - Era engraçado o jeito que ele de tão macho passava para um inocente, achando que ela realmente estava puta, enquanto quase sempre era brincadeira.
- Você nunca vai perceber né? - ela riu saindo do colo do mesmo, que a encarava com uma expressão boba. - É brincadeira Matt - contornou o sofá, mexendo nos cabelos dele, o conseguiu ver sorrir pela primeira vez em três horas. Era adorável a relação dos dois.
Breana se dirigiu à cozinha, pegando um copo da água, olhando para o relógio, já iriam dar quatro da tarde, conseguia sentir o frio de fim de tarde chegar, adorava essa sensação de alguma maneira.
Observou Matthew entrando na cozinha, abrindo bruscamente a geladeira, estava com a mesma roupa desde a hora que chegou, um tanto quanto formal por causa da reunião que iria ter.
- Descontar a raiva na geladeira não vai fazer ela virar Alex magicamente. - implicou ela colocando o copo na pia, encostando na bancada novamente.
- Infelizmente. - respondeu concentrado, logo puxando uma cerveja de dentro, se encostando ao lado de sua garota.
- Não precisa ficar com tanta raiva assim, ele vacilou, mas às vezes ficar reclamando não vai adiantar nada - Breana olhava para ele que a ouvia com atenção. - E você sabe como ele está, o jeito que ele vem agindo, já disse para você falar com Alex sobre isso, pode ter algum motivo, alguma coisa no meio disso tudo.
- Você viu a reação dele naquela vez que eu tentei? Só faltava jogar aquela garrafa na minha cara - Ele riu, apesar de trágico foi um tanto quanto engraçado no dia.
- Você foi discutir com ele justamente quando vocês dois estavam bêbados. - disse ela rindo de canto ironicamente.
- Eu ainda vou ver o que eu faço - resmungou ao pensar no que iria fazer.
Alex tinha tirado alguns dias para ficar em sua casa em Sheffield, Dakota queria continuar em Londres, fingindo que tinha que trabalhar para simplesmente não ter que suportar ele por alguns dias, mas foi em vão, e novamente foi arrastada para lá.
Precisaria ir conversar com ele antes mesmo deles se reunirem amanhã, da última vez que ocorreu algo do gênero, com a sua raiva quase arruinou tudo, por pouco deu tudo certo, teria de ir a Sheffield ao longo da manhã, estava preocupado com o tal também apesar de tudo, lembrou do seu tom de voz na ligação, obviamente não estava tudo bem, mas saberia que se ligasse ou tentasse qualquer contato sem ser pessoalmente, seria ignorado, conhecia Alex desde pequeno, sabia de cada ação e reação dele.
O barulho da campainha desfocou Matthew de seus pensamentos, já iria atender mas foi interrompido.
- Matthew - Breana se colocou na frente dele - É a Dakota, ela precisa conversar comigo, se importa de subir? - um ar de preocupação estava no tom de voz dela, o deixando receoso também.
- Espera, ela não estava com Alex em - Breana o interrompeu de novo com pressa ao ouvir a campainha novamente.
- Longa história, e você provavelmente vai ficar sabendo dela logo - Breana deu a volta saindo pela porta da cozinha e indo atender - Por favor Matt - disse por fim, o vendo subir as escadas com uma expressão confusa, entrando em seu quarto e fechando a porta.
Suspirou e abriu.
A viu brevemente, nem ao menos teve chance de ver sua expressão, quando rapidamente Dakota a abraçou forte, com o rosto em seu ombro, conseguia reparar que ela chorava um pouco, retribuiu da forma mais carinhosa que pode, totalmente preocupada, já a viu assim muitas vezes, mas de alguma forma sentiu que dessa vez era algo diferente, diferentemente pior, considerava Dakota uma irmã em tão poucos dois anos de convivência, podiam confiar tudo uma a outra.
- Ei - Breana sussurrou ao ouvido da amiga, de uma forma doce, fazendo ela se afastar, vendo sua expressão tão devastadora.
- Ele passou dos limites - dizia Dakota limpando as poucas lágrimas enquanto com ajuda da amiga, arrastava a mala pra dentro, a apoiando no sofá, fazendo ambos sentarem no mesmo.
Um silêncio não tão desconfortável se fez no ambiente por um tempo, Breana decidiu dar um espaço e um tempo para Dakota, estava mais do que obvio a confusão que estava na cabeça da tal, os olhos tão pesados e seu rosto completamente vermelho.
- Espere um minuto - Breana levantou, se achando totalmente idiota por não ter tomado nenhuma atitude por ela nesses dois minutos desde que ela chegou.
Tinha o costume de sempre tentar agradar as pessoas que ela mais amava, sempre foi educada por sua mãe assim, desde pequena, já agradou muita gente que não merece, mas hoje em dia estava crescida, e esperta.
Enquanto ela pegava um copo de água para a amiga, ela estava sentada no sofá, encarando o teto e pensando em um grande nada, estava assim desde aquela hora, o nada, ocupando minha cabeça, um gigante e desprezível nada.
Começou a prestar atenção nos detalhes da casa, já havia se esquecido de como a casa dos Helders tinha um clima familiar e aconchegante , tinha falta desse sentimento, era um dos seus favoritos depois da sensação de nostalgia.
O seu devaneio foi quebrado com a volta de Breana, que tinha um copo de água na mão a oferecendo, fazendo ela voltar a realidade, e ter a sensação que ela menos sentimento que ela gosta, o constrangimento.
Não o sentia por vergonha da situação, do fato de falar pra alguém sobre, nada relacionado a isso, mas o tinha pelo fato de saber que no fundo era pura idiotice cada fala dela sobre isso, ela sabia, principalmente o que disse a Alex mais cedo, foi algo totalmente idiota, era a verdade de seus pensamentos, mas para ela era idiota, e aquele riso totalmente irônico e assustador que ele deu, talvez fosse certo, por que talvez ela teria a mesma reação se fosse ela no seu lugar, a mesma reação, menos a mesma ação, a maldita ação.
Nunca foi de se sentir constrangida por qualquer coisa, mas agora estava por ver Breana tão preocupada com ela, odiava causar isso as pessoas, se sentia como alguém que queria atenção, mas na realidade só gostaria de soltar os pensamentos que tanto queriam uma liberdade para fora de sua cabeça.
- Dakota, o que houve? - Breana a encarava profundamente, vendo a garota envolver as mãos no copo de água oferecido, encarando o teto e recostando a cabeça em seu sofá.
Ela bufou, dando um gole.
- Não sei como definir, mas eu diria que o que aconteceu foi uma... - ela arrastava a palavra, procurando o certo - Hipocrisia.
Breana ficou confusa, mas não iria a interromper, era um tanto quanto particular e peculiar o jeito como ela desabafava as vezes, era como se a mesma nadasse numa piscina de emoçōes e pensamentos.
- Eu lembro daquela noite ainda, ela está se repetindo desde a hora que eu entrei no bendito trem para cá, naquele dia que eu pude conhecer o Alex de verdade, quando estávamos cansados de um grande nada, deitados naquela cama vendo o sol nascer, eram o que? Seis da manhã? E ele queria aquela resposta provavelmente desde as três.
- Acabe logo com a minha maior dúvida para eu poder dormir em paz - Turner sorriu sonolento, tirando os olhos da janela e olhando para a garota, que ouvia suas palavras com atenção - O que aconteceu com você?
O sorriso bobo que ela mantinha a duas horas ia sumindo aos poucos de seu rosto, enquanto se recordava das coisas, mal lembrava delas nesse tempo. Ainda encarando Alex, vendo a reação da mesma ficou preocupado, ele sabia que era algo ruim.
  - Eu não sei como dizer isso sem ser direta - ainda com o rosto em direção ao dele, olhava para o teto. - Mas tinha esse cara, que eu estava noiva a alguns meses - interrompeu as falas vendo as sobrancelhas pesadas de Alex se arquearem com uma surpresa, mas ignorou logo depois - E as coisas meio que começaram a desandar entre nós depois de - Engoliu seco, se sentindo desconfortável e deprimida ao lembrar dos fatos, mas tentava demonstrar isso ao menos. - Um certo "acidente". E quando elas desandaram, eu achava que a gente se limitava em apenas brigas verbais, afinal, eu achava que nós dois tínhamos limites.
  - Achava. - Alex afirmou, pensando alto, já entendendo o caso todo, sem saber o que pensar ou dizer, trazendo o silêncio consigo.
  - A quanto tempo isso acontece? - disse ele sério e preocupado, a vendo suspirar, estava se arrependendo de ter perguntado ao ver o estado dela agora.
   - Eu realmente não sei, dois, três meses.
  - E você nunca fez nada? - ele ajeitou um fio de cabelo que caia sobre o rosto da garota, chamando atenção dos olhos marejados dela a ele.
  - Hoje eu tentei, e eu tive a sensação de que iria ser morta, e acho que por pouco, eu não fui.
Os dois corpos estavam deitados, virados um para o outro, ele a vendo quase chorar, ela o vendo preocupado, algo que não queria, mas não conseguiam se controlar na situação que era um tanto quanto desconfortável para ambos.
   - Me desculpe - disse Alex a fitando vendo sua expressão deprimida, com os pequenos feixes de luz atingindo o verde de seus olhos, ele não conseguia evitar de olhar, era impressionante a forma de que os pensamentos dela eram um tanto quanto impenetráveis, mas ao fundo de seus olhos, ele via uma emoção que não conseguia distinguir se era boa ou ruim ou ao menos qual era.
Ela riu baixo, pelo nariz, fanha, fechando os olhos levemente e o olhando novamente.
  - Alex, não precisa pedir desculpas, muito pelo contrário.
   - Eu acho que eu que eu apenas fiz o que qualquer um deveria. É o bom senso.
   - Mas a questão é que eu acho que ninguém faria.
O silêncio novamente, breve.
- Você não merecia isso. - pensou alto novamente, mas nem ao menos percebia ou ligava, seu sono era gigante, mal mantinha os olhos abertos totalmente, assim como ela.
- Eu acho que ninguém merece, não sou a única - disse ela fechando os olhos, iria dormir em poucos segundos se lhe deixassem, não tinha mais questão de continuar aquela conversa, por não saber o que dizer ou como reagir.
A escuridão e a falta de consciência a ocuparam, tudo sumindo, incluindo sentimentos e pensamentos, mas sentiu o conforto, talvez a paz tomando conta de si, e ela era quente, com um cheiro amadeirado, até abrir os olhos cansados e reparar que, ele a envolvia.
Os braços tão fortes por de baixo dos dela, nas suas costas geladas, e a mão por de volta de seu cabelo, sentindo ele respirar cada vez mais lentamente em seu ouvido, com a cabeça em seu peito, nem ao menos percebeu a quanto tempo aquilo ocorria, mas poderia o chamar de maior conforto que já tivera, e que ela nunca havia tido ao menos para comparar a outro.
Ele murmurou algo, um tanto quanto claro, mas não o suficiente para compreender.
- Desculpe, eu não entendi - disse ela levemente, quebrando aquele pequeno silêncio que era acompanhada com as leves batidas do coração do mesmo, que ela ouvia com a cabeça apoiada ali.
- Um dia vai. - Alex disse por fim, rindo baixo e breve, mas então dormindo.
Confusa, adormeceu.
Um dia ela entendeu que ele disse eu te amo para alguém em apenas um dia, e foi para a mesma.
- Ele não - Breana a encarava pasma, sem acreditar, por que além de tudo, Alex era amigo dela, e Breana o conhecia a um bom tempo, e isso era totalmente horrível.
O hipócrita é alguém que oculta a realidade através de uma máscara de aparência. Representa pessoas que fingem comportamentos e sentimentos. Um hipócrita muitas vezes finge possuir boas qualidades para ocultar os seus defeitos, e por isso também é conhecido como uma pessoa dissimulada.
Hipócrita pode ser uma pessoa que tem atitudes hipócritas, ou ela mesma, uma pessoa falsa, fingida, que faz coisas que na verdade não faria, em outra situação.
- Não foi algo que da para o que se comparar com o que eu passei antes - Breana a interrompeu.
- Dakota não me venha com essa, ele fez essa grande merda do mesmo jeito, com você, e mesmo não sendo do mesmo jeito de antes, ele fez, e isso é doentio - ela aumentou o tom de voz, estava indignada com as açōes de Alex mais do que nunca.
- Eu perguntei ele o por que - disse Dakota com um sorriso fechado e irônico para ela, podia se reparar o qual deprimida a garota se encarava, com as bochechas que foram acumuladas pelo falso sorriso, mostrando claramente as lágrimas nos olhos que agora não estavam tão esverdeados, em sua margem. - E a resposta? Um grande "eu não sei porque" - ela começou a rir falsamente, um tanto quanto alto, e em poucos segundos, sua cabeça se abaixou, não estava mais rindo, chorava, não conseguindo se controlar.
Breana realmente não teve outra saída, fala ou opção a não ser largar o copo da mão dela e a abraçar, a ficha da situação caia aos poucos para ela, a sensação de raiva tomava conta de si, junto com a de decepção e logicamente, a de surpresa.
- Eu estou ficando maluca - dizia Dakota com um pequeno riso, se afastando da amiga, limpando o rosto. - Me desculpe.
- Eu iria dizer que eu entendo, mas eu realmente não entendo, afinal nunca passei por isso - disse Breana baixo, o suficiente para ela ouvir - Mas eu só sei de uma coisa, eu vou falar com o desgraçado.
Dakota se soltou depressa do abraço, assustando Breana com sua reação e expressão.
- Por favor, não faça isso - ela soou mais desesperada do que queria, mas era nítido.
Nítido o medo que ela já começara a ter dele, que começou a se alastrar apenas agora, mas que já estava guardado a muito tempo, esperando a jaula ser aberta.
- Você realmente quer deixar as coisas assim? - disse Breana.
- Breana, falar com ele sobre isso, não adianta - ela deu uma pausa, engolindo seco - Você acha que entrou na cabeça dele, mas na realidade, não, e então nada muda, e na realidade foi tudo uma grande perda de tempo.
- Você já tentou?
- Duas vezes, em uma eu nunca o vi tão irritado, e na segunda, bem, a segunda foi hoje. - disse Dakota com sinceridade.
Breana não queria ainda aceitar o fato, e aceitar que iria ter que seguir a ordem da amiga, por que querendo ou não, era um assunto particular dos dois que Dakota confiou a ela, mas a sua vontade era de simplesmente se meter em tudo, e esmurra-lo por isso, não poderia se acreditar que uma pessoa, um tanto quanto um de seus amigos mais confiáveis, teria feito uma das coisas que ela era mais contra, a violência.
- O que você vai fazer? - disse ela, não iria insistir em entrar nessa história.
- Eu apenas sei que eu pedi para trocarem a chave do meu apartamento, que eu tenho dois dias de folga do trabalho e tempo o suficiente para pensar como esquece-lo, por que por mim, acabou.
Suspirou, vendo que seu plano iria ser o pior que poderia ter, e claramente não iria dar certo, por que era mais do que óbvio que ela não iria esquece-lo tão cedo, assim como ele sobre ela.
O silêncio seguido foi quebrado por uma mensagem no celular de Dakota, aquele barulho um tanto quanto irritante.
Iria perguntar a Breana se ela se importaria com o fato dela interromper a conversa ao usar o telefone, mas só de a olhar obteu sua resposta, retirando o celular do bolso.
Mike 🏢
Mensagem:
Desculpe a demora vara-pau, porém troquei a chave já, e não, ninguém subiu.
R:
Não venha com essa de vara-pau, vá se foder. Tirando isso, obrigada. 🌸
- Aparentemente eu fiquei menos tempo do que esperava - disse Dakota ajeitando as costas e espreguiçando os braços.
- Já vai? - disse Breana um tanto quanto impressionada, geralmente a amiga ficaria chorando uma hora em seu ombro e falando mil coisas.
- Trocaram as chaves um tanto quanto rápido, porém fazem duas horas que eu pedi, então era algo de se esperar. - ela encarou Breana por breves segundos - Me desculpe o maldito incomodo e o drama, não queria ter de atrapalhar você, mas eu nem ao menos pensei em outra pessoa ou lugar. - sorriu sinceramente.
- Você sabe que pode vir aqui, me ligar, me atrapalhar, a qualquer hora, por que todas as vezes eu nunca vi você fazendo drama por coisa desnecessária, se fosse eu já teria te jogado pra fora da minha casa.- ambas riram brevemente, odiavam drama desnecessário, algo que elas acharam em comum além das outras mil coisas, mas ambas sabiam que eram hipócritas em relação a isso.
A garota ficou em silêncio de repente, fitando Breana, que ficou confusa.
- E se, por acaso, ele aparecer? - engoliu seco, séria, apesar da pergunta, ela sabia a resposta, infelizmente.
- Me ligue, e não abra, apenas ignore, não quero que ele faça mais nada.
Dakota por um momento, se deu conta de que talvez, ele não faria mais nada, apesar de todas as coisas horríveis, e de que ela já era um tanto quanto acostumada com a situação e com a personalidade de Alex, conhecia a sua antiga essência. Mas agora não poderia mais ter certeza sobre as ações dele, não o conhecia mais, e isso a assustava, era como se ela tivesse que o estudar de novo, um novo alguém.
(...)
Matthew escutou por fim a porta batendo, após quarenta minutos, ele não evitou e escutou tudo, o seu plano de querer matar Alex mais cedo com todas as certezas estava de pé, e com certeza, mais forte.
Estava com tanta raiva que o fato de pensar na decepção que ele sentia não vinha a sua cabeça, apenas raiva, e nas mil formas de xinga-lo ou agredi-lo.
Já estava se arrumando este tempo todo, enquanto escutava tudo nos mínimos detalhes, e apesar de não ter sido citada com claras palavras o que ele fez, por todas as situaçōes e coisas faladas, estava mais do que claro, infelizmente.
Ele por fim, tentou ligar para Alex pela ultima vez, havia tentado duas, sempre desistia na terceira, e provavelmente ele não iria ter seu sucesso de ser atendido agora.
Mas a esperança veio e finalmente, ele obteve um resposta.
- Ei Matt - escutou o amigo gritando e rindo do outro lado, com um barulho bem alto ao fundo, e várias vozes, e tudo isso já estava o irritando até demais.
- Aonde você está? -  foi curto e grosso, impaciente.
- No paraíso - Claramente ele estava bêbado, o ênfase em sua voz o entregava totalmente - Já disse que amo Londres não disse? - A sua voz se afastava do telefone, o escutando falando com outro alguém.
- Que merda você está fazendo aqui?
- Me divertindo oras! Sheffield é chato quando se está sozinho, e afinal, é domingo, não tem lugar nenhum lá para diversão aos domingos.
Matthew passou a mão pelo rosto, seria mais difícil do que ele imaginava.
- Enfim, aonde você está aqui em Londres Al? - disse ele pegando a chave do carro em cima da prateleira de seu quarto, prestes a sair.
- E se eu te dizer que - ele deu uma pausa, rindo - eu não faço a mínima ideia?
- Ah você está zoando com a porra da minha cara - resmungou alto.
- Relaxe relaxe! Você está muito estressado, recomendo você vir aqui, esse lugar tira até o seu coisa mais profundo - disse Alex sem consciência de suas palavras.
- Claro que eu vou, se você soubesse o nome da merda do lugar que você está, ajudaria - foi irônico, tentando manter a calma.
- Pa-ra-i-so! - desligou ele, sem mais nenhuma palavra.
Jurava Matthew que mais um segundo naquela chamada e sua cabeça explodia para todos os lados.
Agora tinha um bêbado descontrolado que estava perdido em Londres em algum lugar com gente e música, mas era até que óbvio, não poderia ser nada mais ou nada menos que uma boate, um bar, ou qualquer coisa do gênero.
As seis e meia da tarde.
Pegou o notebook que já estava em cima da cama e procurou algum lugar perto da casa de Alex, ele não poderia ter ido muito longe só para encher a cara.
Paraíso, Matthew riu de canto.
Realmente o nome do local era Paraiso, ainda estava impressionada com a memoria de Alex ainda intacta em relação a isso, ou foi apenas mera coincidência, pois o mesmo havia dito que não sabia aonde estava, então no final foi tudo uma questão de sorte.
Abriu a porta rapidamente descendo as escadas com pressa, vendo Breana o encarar confusa.
- Aonde vai? - perguntou ela desconfiada.
- Mais tarde eu volto, espero não demorar muito, tenho umas coisas para fazer. - ele se aproximou dela e a deu um breve beijo na testa, pegando sua jaqueta no braço do sofá e saindo, nem ao menos deu tempo para ela dizer algo ou ter alguma reação.
O clima estava o mesmo de sempre, a cidade também, tudo movimentado e não-quieto, típica Londres.
Ao passar pelo portão de sua casa e descontar alguma raiva chutando as pequenas pedras do jardim até a saída, sentiu seu celular vibrar inúmeras vezes, quase ninguém o chamava por aquele número.
Alex.
Mensagem:
eu nÂO ACho que seria um aboa ideia eu digirir agora.
ta livre pra vim AQUi?,
e eu acho que alguem roubou o meu relogio.
Sorte era a de Alex que Matthew já estava indo, e azar por ser na realidade por outro motivo.
O lugar era cerca de cinco minutos dali, havia se esquecido que moravam perto, mais uma vez, sorte.
Poderia ir apé, quase desistiu de pegar o carro, mas se lembrou que teria de levar o maldito para seu apartamento, e ter que o aguentar bêbado pela rua era algo totalmente insuportável.
Ligou o carro e deu partida, sem colocar uma música nem nada, seguiu caminho quieto e mantendo a calma, pensando no que iria fazer ainda, e refletindo sobre as coisas mais cedo.
Pelo menos, acho que ele se arrependeu. Lembrou ele das reações do amigo no telefone, e também do qual motivo ele deveria ter lhe ligado de manhã, talvez fosse sobre isso, mas ele o interrompeu ao invés de escutar, e agora as coisas estavam assim, mesmo se tivesse atendido, talvez não teria feito muita diferença, as coisas são muito relativas, apenas um ato pode mudar tudo, então não podia ter certeza se ele realmente iria mudar algo, estava pensando até demais nisso, se sentia de alguma forma envolvido com tudo.
Parou então, após alguns minutos na frente daquele bar, era familiar, provavelmente já fora arrastado até ali alguma vez, mas não conseguia se lembrar.
O lugar estava impressionantemente, vazio. Nenhuma sombra de alguém e muito menos de Alex, apenas as cadeiras altas e longas mesas, e uma prateleira incrivelmente cheia e bem organizada, chegava até se definir como bonito, que estavam atrás de um homem não tão velho, que limpava o balcão.
Saiu do carro suspirando fundo, saberia já aonde iria se meter, e ter que rodar toda Londres atrás dele.
Seus sapatos ao pisarem na madeira do local, soaram por todos os cantos, chamando então a atenção do homem.
- Boa tarde, você poderia me dizer se um cara meio - Ele procura algo em sua cabeça para definir Alex, mas foi interrompido.
- Pelo amor de Deus, me diga que você está procurando um maluco de jaqueta de couro e um cabelo esquisito. - Definitivamente, a melhor descrição. Pensou ele, logo refletindo na reação do homem, que não foi agradável, e um pouco desesperadora.
- É, esse mesmo, ele passou por aqui? - disse Matthew confuso e ainda desconfiado.
- Ele está lá nos fundos, completamente doido, eu juro que tentei fazer ele parar de comprar as bebidas mas ele ainda insistia, então mandei ele ficar quieto na sala lá de trás, mas eu juro, nunca vi alguém chegar tão triste e ficar tão feliz em duas horas - zombou - Ali, naquela porta do lado do banheiro, pode ir - apontou ele, vendo a impaciência de Matthew - Só tire ele daqui antes que ele tenha uma cirrose.
Ele concordou em silêncio, seguindo até a porta, a cada passo ele escutava um barulho de música, cada vez mais alto, pessoas rindo, e outros barulhos que ele não conseguia destinguir.
Não sabia como se preparar psicologicamente para abrir aquela porta, então apenas a abriu.
Ele estava ali, naquela sala pequena e escura, rodeado de onze pessoas e rindo que nem um idiota, jogado no sofá, e obviamente bebendo, assim como o resto, o lugar fedia como o inferno, e agora que abriu a porta todos os olhares estavam a ele.
- Alex - ele disse, ignorando tudo, chamando a atenção do amigo.
Os olhos de Alex mal estavam abertos direito, com um sorriso estampado e o cabelo totalmente bagunçado sobre seu rosto, com a blusa praticamente molhada, nem ia se dar o trabalho de perguntar que merda estava acontecendo.
- Matt! - praticamente gritou, se levantando, sentando no sofá - Venha aqui! - ele abriu espaço no sofá pra ele, totalmente inocente, Matthew queria voar no pescoço de Alex, mas não fez, ao invés disso o puxou com todas as forças dali, ouvindo ele reclamar e tentando recuar, em vão, e todos os olhavam estranho, reclamando também pedindo para ele ficar, a cada minuto as coisas ficavam mais estressantes.
- Me liga! - Alex gritou para a garota que estava ao lado dele, se virando, mas logo foi empurrado para fora da sala, tropeçando em tudo e mal conseguindo se manter em pé - Calma cara, se não você vai me fazer vomitar - Ele se encostou na parede, murmurando e balançando a cabeça, enquanto Matthew trocava olhares com o homem do balcão, que dizia obrigada silenciosamente, vendo aquela situação decadente.
- Anda, eu vou te levar pra casa - disse Matthew mantendo o olhar na saída do lugar, o arrastando pelo braço.
- Caralho! Você tá bem irritado heim, se acalma ai, você vai arrancar meu braço fora!
- Se eu escutar você reclamando de novo eu vou arrancar é a sua cabeça. - disse Matthew, enquanto abria a porta de trás e jogando Alex ali, entrando pelo outro lado, fechando todos os vidros pretos do carro, escutando ele tossir logo atrás, rindo, deixando apenas o próprio barulho do amigo ecoar com no ambiente, encarando Alex sério.
- Aqui é demais, devia ter descoberto isso antes - ele começou a falar rápido - Os próprios funcionários fazem uma festa, o quão genial é isso? - ele se deitava no banco. - Tinha essa garota chamada Cha-a - ele gaguejava tentando lembrar - Charlotte! - Alex por fim sorriu, abrindo a boca de novo, em vão.
- Alex - Matthew o interrompeu, falando mais alto que ele para realmente o fazer calar a boca
Alex fechou a cara, ele já sabia, ele somente não queria pensar.
- Por que você fez aquilo? - questionou baixo o amigo, nenhuma resposta do corpo em deitado foi imposta, ele apenas encarava a janela sobre seus pés.
Era como se tudo ficasse branco, aquela sensação de estar na roda gigante, bem no topo, e ela parar propositalmente, te dando a visão vasta da cidade e o frio do céu, mas você apenas encara, por que no fundo, o grande nada está na sua cabeça, e você não demonstra reação, apenas aprecia, algo que você não tem opinião formada, lhe dando então a tela branca em sua cabeça, aquela que você pode esboçar tudo o que quisesse, mas não sabia o que é o seu tudo mais. O pensamento que vinha a cabeça de Alex, ao lembrar dela.
- Por que você vem agindo assim? - Matthew continuava a lhe questionar, tinha um tom de decepção em sua voz, era como se ele fosse falar todas as verdades ruins a qualquer momento, mas se segurava, não queria ter uma discussão tão feia com ele justo agora.
Alex pôs o braço sobre então seu rosto, suspirando alto.
- Não sei - disse ele, rouco e baixo - Não tenho a miníma da porra da ideia. - Trouxe então o silêncio.
Matthew achou que tinha o colocado contra a parede, mas na verdade, tinha colocado a si mesmo, ele achou que teria uma resposta pra então pensar na sua, a sua resposta que poderia ajudar Alex a se colocar no lugar, a colocar os pés no chão, mas ele não tinha nenhum resultado, e nenhuma palavra.
- Tem gente que disse que eu fiquei louco - ele continuou falando, quebrando os pensamentos de Matt. - Pedindo para eu não pousar naquele aeroporto que é perto do mar, por que vai que eu me jogo de lá - riu forçadamente e brevemente. - Você pergunta o que aconteceu comigo, mas eu que na realidade estou te perguntando.
- Se nem ao menos você sabe, imagine eu ou qualquer um, a gente não pode ler sua mente Al.
- Vocês não conseguem ler, então como podem julgar com tanta certeza as coisas que ela transmite?
- Por que você deixa tudo escapar alem do necessário na maioria das vezes, você gera esse transtorno em todo mundo com isso, é a falta de controle disso que está fazendo tudo ser uma merda. - Matthew disse a pura verdade, o óbvio.
Aquilo parecia uma consulta de psicologo, um jogo de palavras, um jogo de respostas.
- Eu nem ao menos percebi que estava agindo diferente, eu só fico sabendo por causa das pessoas, pra mim eu sempre fui o mesmo. Talvez eu realmente esteja louco. - disse ele rindo baixo, desistindo de pensar já em suas falas, se sentia cansado com todas essas coisas, começava a se sentir um tanto quanto mal agora, era como se ele carregasse uma pedra de dez quilos em suas costas e em sua consciência.
- Você não deveria ter descontado tudo nela. - Matthew virou pra frente, ligando o carro, não ouvindo mais Alex, já que sabia que ele não iria se manifestar mais.
Foi uma conversa calma e rápida, estranha, que apesar de todos esses aspectos, trouxe um clima pesado e frio para dentro daquele carro, Matthew se sentia desconfortável enquanto Alex não sabia descrever sua emoção, ele não sabia de mais nada, e não iria começar a saber nesse curto caminho no qual o carro estava fazendo.
- Todo mundo me largou - ele balbuciou, Matthew saberia exatamente o que iria acontecer nos próximos dois segundos.
A bad-trip do álcool.
- Droga, eu fiz um monte de bosta pra todo mundo, do nada, nem sei por que, ai quando fui ver eu nem sei aonde estavam as pessoas mais, agora eu tô que nem um idiota correndo atrás de todo mundo, mas elas não ajudam muito, fazendo essas perguntas difíceis que eu ainda não sei responder. Só falta você desistir de mim agora, ai eu estou fudido. - Alex dizia alto, sem nem ao menos saber o que estava falando, estava vomitando palavras aleatórias pro ar, que saiam involuntariamente.
Matt ria em silêncio, era engraçado ver ele se abrindo graças ao álcool, ele raramente dava uma dessas, uma de liberar essa parte tão profunda do próprio cérebro, ele nem ao menos irá lembrar que disse isso no dia seguinte.
- Eu juro, mesmo não parecendo, eu nunca quis, nunca mesmo, ter feito tudo o que eu fiz. - ele se referia a Dakota, mas a outras coisas também - Ela não merece um porcento disso, um porcento de mim, um porcento de tudo. - disse ele por fim, Matthew ficava quieto, como se estivesse o ignorando, mas ouvia tudo com atenção.
Essas poucas e confusas palavras, que algumas Matthew nem distinguiu de tanto que Alex estava bêbado, foram o suficiente para ocupar todo o tempo até chegarem ao prédio.
Saiu do carro e deu a volta, puxando o amigo para cima com dificuldade, Alex caia de sono e estava lutando para se manter em pé no asfalto, praticamente se jogando ao ombro de Matt, enquanto ele lhe guiava para o elevador no saguão, o porteiro revirava os olhos em desaprovação, como se aquela imagem estivesse ficando repetitiva.
- Eu nunca fiquei tão chateado e decepcionado com você em toda a minha vida - Disse Matthew rapidamente, apertando o botão, Alex o encarou surpreso e constrangido. - E se eu não fosse tão calmo, eu já teria literalmente socado você até sangrar, por que a coisa que você fez foi a maior covardia do século - eles adentraram ao cubículo metálico, nono andar. - Mas não, eu não vou desistir de você, trilhões de anos do seu lado, posso suportar mais alguns, se eu quisesse já teria te empurrado em alguma ladeira por aí - sorriu de canto -  Ninguém desistiu de você seu desgraçado, todo mundo tá é preocupado, mas você estourou tanto o limite de todos que apenas estão dando um tempo de você, ligam mais do que você imagina - suspirou, ao ver que chegarem ao andar, mas teria que o arrastar até o final do corredor. - A partir de hoje, você não vai poder reclamar de merda nenhuma que eu falar ou fizer em relação a você, se você mesmo não se põe no lugar, eu vou colocar, e reforçando, se eu precisar te bater, eu vou.
Alex permaneceu calado o caminho inteiro, com os olhos pesados fitando as paredes e portas a sua frente, mais especificamente a sua porta, que estava longe a alguns minutos atrás, quando percebeu estava encarando aquele 919 dourado.
- Vá dormir - ele sentiu Matthew colocando as mãos no bolso do seu jeans, lhe arrancando as chaves - Eu realmente espero que você esteja consciente ou ao menos pensando no que você está fazendo. - A porta abriu, então não se tinha mais o 919, e sim aquela sala suja com uma vista maravilhosa. - Amanhã a gente tem uma reunião importante, importante para caralho Alex, então por favor se foca nisso por hoje, a gente tem trabalho, lembra? Não podemos ficar mais agindo como animais por um tempo.- Foi empurrado brutalmente pelas costas para dentro de sua casa, vendo a chave voar ao sofá, nem ao menos olhou Matthew nos olhos, mas não era proposital. - Boa noite imbecil.
Aquele lugar frio lhe dava arrepios, era bizarro não se sentir confortável na própria casa mais, amava aquele lugar, agora já não suportava aquela imensidão vazia, com a figura de Londres estampada por todos os lados na janela vasta, se sentia sozinho desse jeito.
Sentimental. Se definiu assim por fim, Alex estava sentimental, até demais para o seu gosto, queria bater a cabeça na parede até ela quebrar, mas assim não fez, ao invés disso se jogou no sofá, e pensou em cada palavra dita pelo amigo.
Era nada além da verdade, que podia lhe guiar para sair dessa confusão, mas ao menos não sabia por onde começar, por onde buscar a palavra certa, nada.
(...)
- Não não! Larga isso ai! Eu não terminei Mike! - gritava Dakota implicando com o garoto, mas nem ao menos o enxergava direito.
- Ou você para com essa bebedeira que não tá deixando ninguém dormir, ou meu pai vai te dar mais uma multa e você vai ser é expulsa desse prédio. - ele revirou os olhos sem paciência, colocando aquela garrafa de vinho quase vazia dentro da geladeira da menina.
- Que se foda seu pai e aquele bigode dele que mais parece uma centopeia, daqui a pouco você que vai ser dono dessa espelunca mesmo, com quantos ano você está? 20? Ai eu não vou mais precisar me preocupar, por que eu sei que você não age sobre nada mesmo. - Ela deu de ombros virando seu último copo, indignada por ele ter lhe tirado sua única parceira da noite.
- A primeira coisa que eu vou fazer vai ser é te expulsar daqui - disse Mike um tanto quanto sério, no fundo não era verdade. - Agora anda, eu não tenho a madrugada toda, são duas da manhã Dakota, você está que nem um lixo e incomodando todos os vizinhos com sua cantoria e esse maldito rádio - disse ele se virando para ela, indo em direção ao aparelho e tirando então o CD de lá, ouvindo ela reclamar.
Músicas de merda, 0.7. Riu ele ao ver aquilo escrito, nada fora do comum relacionado a personalidade dela.
- Ok, ok, eu vou tentar dormir - ela se rendeu, desanimada, colocando o copo na pia e ajeitando seu pijama que fedia a bebida, assim como o resto de seu corpo. - Desculpa por isso.
Mike conhecia Dakota a exatos 6 anos, quando ela veio se mudar para Londres e estava totalmente perdida dentro do prédio, enquanto ele era a criança chata, filho do dono do prédio, que ficava a irritando escada a baixo, perguntando de onde ela veio e como era a Califórnia, obtendo a pior resposta do mundo "Lá faz calor demais, e as vezes é entediante, eu prefiro a Inglaterra, Los Angeles é horrível" O garoto havia ficado indignado, ele amava os Estados Unidos, principalmente a Califórnia, Los Angeles, era seu sonho desde sempre ir para lá, se sentia ofendido com aquilo, então nunca mais parou de a perturbar, apenas quando começou a crescer, com dezesseis começou a trabalhar para o seu pai como o mecânico do prédio, e o ar condicionado de Dakota sempre tinha problema, toda semana, então acabaram criando um relacionamento de amor e ódio um pelo outro, no fundo se amam como amigos, porém nunca iriam admitir.
- Não peça desculpas, é o seu jeito, não tenho direito de reclamar - ele segurou os ombros dela, a virando, vendo aquela expressão desanimada e horrível que ela manteve o dia todo. - Mas agora já está passando dos limites e você tem que dormir - enfatizou ele, praticamente empurrando seu corpo até o quarto, ela nem ao menos fazia esforço para andar, parecia seu fantoche.
- Meu dia foi uma merda - balbuciou ela, enquanto ele abria a porta do quarto, que era ao lado da cozinha.
- É, eu sei, você disse isso umas quinze vezes, e se for conta o mês todo umas cem. - disse ele brincando por um segundo, colocando ela na cama um tanto organizada, assim como o resto do quarto. - Mas sério, não fique assim, é horrível te ver triste, você não merece nada disso, e olha que você nem ao menos me contou o que aconteceu. - ela se jogou na cama, já com os olhos fechados, mas estava acordada, ao praticamente agarrar o cobertor que ele jogou sobre ela. - Você é boa demais para ficar sofrendo assim - ele foi sincero, sabia que ela não iria lembrar, mas foi bom ao menos ver o sorriso que se abriu no rosto dela.
- Mike, posso te perguntar uma coisa? - disse ela baixo.
- Só não faz pergunta difícil.
- Por que você me chama de vara-pau se você é praticamente quinze centímetros maior que eu? - riram baixo por alguns segundos.
- Pedi pra você não fazer pergunta  difícil - ele disse se levantando, sorrindo, vendo ela fazer o mesmo deitada ali. - Mas é por que eu não consigo ficar um segundo sem implicar com você.
- Ah disso eu sei - ela ria - e tenho outra também. - Por que você me colocou aqui se pra você sair eu tenho que trancar a porta depois? - Ela já iria levantar, era uma pergunta retórica, mas foi interrompida.
- Eu tenho todas as chaves, lembra? Descansa ai, você precisa. - ele tirou as chaves do bolso, mostrando a ela, o que a fez se jogar novamente na cama macia e quente, então não disse mais nada.
Mike se dirigiu a porta, então saindo do quarto e antes de a fechar, tendo aquela visão dela. As janelas transmitindo feixes da luz da cidade indo ao encontro de seu corpo, paralisado, de bruços, se encolhendo, agarrando sem paz o lençol com as duas mãos, próximo ao rosto, era como se estivesse com medo, ele não saberia o por que.
Ela estava horrível a meses, sempre a observava indiretamente, começou a perceber isso quando ela começou a xingar as coisas mais do que o normal, disfarçando seu humor transformando as coisas em um grande sarcasmo, conseguia reparar tudo nela, suas mudanças de humor que foram tão repentinas, mas ela nunca dizia nada sobre as coisas importantes que aconteciam, apenas papo furado. Sempre andou escutando gritarias no seu apartamento, todo mundo vinha reclamando, principalmente quando seu namorado estava ali, diziam que ele era um rockstar louco, mas nunca teve a oportunidade de o ver, mesmo assim não tinha uma imagem boa dele.
- Mike - ela o interrompeu a fechar a porta, com sua voz.
- Algum problema? - disse ele no mesmo lugar, com a porta semi aberta.
- Não, eu só queria dizer - Dakota abriu os olhos e o encarou, escondendo ainda seus lábios, mas pareciam não esboçar algum sorriso - Obrigada. - ela fechou o verde novamente, assim como ele fechou a porta de madeira, com um sorriso no rosto.
Ele não fez nada além do papel de um amigo.
(...)
O barulho da campainha a perturbou de um sono profundo, aonde seu sonho foi uma misera tela preta de tranquilidade, que ela encarou por literalmente três minutos, ao lembrar de que antes de dormir eram duas e sete, e agora eram duas e dez.
Sua cabeça iria explodir de tanta dor, e as luzes da frente não ajudavam muito, não conseguia desviar a mente do pensamento de simplesmente se livrar daquele incomodo.
Ela envolveu o lençol de seda em seu corpo, rapidamente fechando a cortina, finalmente tendo uma visão clara de tudo, pegando a chave na sua cômoda sem muita consciência, colocando os chinelos gelados.
Por que diabos Mike voltou?. Era a única coisa que passou em sua cabeça no caminho até a porta, quando ela a destrancou com inocência e tranquilidade.
Mike não tinha os costumes de usar sapatos sociais pretos, e muito menos uma jaqueta de couro. Por isso certamente, não era ele.
Era aquele, que fedia a bebida, que tinha o cabelo bagunçado com o gel, e Sheffield escrito no braço direito, que tinha os olhos agora vermelhos e grandes, e os lábios avermelhados, entre abertos.
Aquele desgraçado.
Sua respiração se prendeu, enquanto deixou a lençol cair ao chão, seus olhos agora mais abertos, havia acordado, então dando um passo para trás, colocando a mão na maçaneta, iria fechar rapidamente, mas o toque leve da mão dele, a impediu, não só de fechar a porta, mas de pensar.
- Vá embora - disse ela, praticamente sussurrando, assustada.
Ele não tinha esse sentimento a tempos, Tristeza. Alex fez o que menos queria, criou uma imagem diferente de si para ela, agora era um monstro, e via o medo nas pupilas reduzidas dela, medo de seus atos, então, se sentia triste, por que a amava, e amar doía.
- Dakota - ele engoliu seco, colocando a mão dele também a maçaneta, ouvindo então ela respirar pesado, agora mais próximo, e vendo a água nos olhos dela, no escuro. - Me desculpa, por tudo. - ele praticamente implorava, implorava por tudo, por ela, não sabia o que mais dizer ou fazer, apenas precisava dela.
- Por que eu deveria? - a voz doce dela ecoou, no mesmo sentimento que ele estava tendo.
Ele fitava o chão, estava desesperado e confuso, sua cabeça só tinha um objetivo, a ter de novo, a ter seu primeiro perdão de um erro, ele poderia morrer por isso.
- Por que eu me arrependo garota, eu te amo tanto, você não consegue ter uma noção disso? Eu me arrependo tanto, eu me mataria para você entender, eu faria qualquer coisa para te ter de novo, para voltar no tempo, eu fiz a maior merda da minha vida! - Ele praticamente gritava, passava as mãos atônitamente pelos cabelos, não sabia aonde colocar as mãos, ela o via quase chorando, estava claramente bêbado, suas palavras, não sabia se eram sóbrias ou não, perdeu totalmente a confiança.
- Alex, cale a boca! - ela explodiu por um segundo, o deixando confuso. - Para de falar isso!
- Mas é a verdade. - disse ele inocentemente, assustado com ela, nunca a viu gritar com tanto ódio.
- Droga, claro que não é! Sabe quantas vezes você teve a chance de pedir desculpas? - Ela deu uma pausa encarando Alex quieto, totalmente constrangido e triste. - Você sabe?! Não, você não tem ideia Alexander! Por que todas as vezes que eu tentei te avisar, que alguma hora você iria perder tudo, que uma hora eu iria desistir de você, sabe o que você disse, ao menos lembra? Você me chamou de prostituta, de vadia, e ainda colocou a mão na minha cara! - Dakota berrava com o dedo no rosto dele, o empurrando involuntariamente a cada toque agressivo que dava em seu peito. - Agora você vem me dizer que me ama? Que se arrepende? Como ao menos eu vou poder acreditar em alguma palavra sua? Eu ao menos posso confiar em você ainda? - a voz raivosa dela ia enfraquecendo, então a ficha de suas palavras caiam com lágrimas. - Você me dá nos nervos Alex, eu não te entendo, eu nunca vou te entender.
Dakota conseguiu arrancar uma lágrima de Alex.
- Eu também não entendo nada de mim mesmo, mas eu sei de uma coisa, mesmo você não acreditando, eu me arrependo tanto, eu não sei como te convencer disso, e eu não sei se eu quero mais, você não merecia mais nada disso, e eu tenho medo de acontecer de novo, não sou eu que fico programando isso! De algum jeito a droga da culpa não é minha! - A voz de Alex ia afinando, enquanto ele cruzava os braços se contendo de arrancar a própria cabeça fora, e ela o fazia chorar.
- Era só o que me faltava - ela murmurou para o lado, soltando uma risada irônica - A culpa é de quem então?! Vai me contar que está possuído ou alguma merda assim? Alex você nem ao menos pensa antes de falar ou de agir, isso é assustador as vezes, você mesmo não se coloca em um limite, não tem ideia do que está fazendo comigo. Você me assusta, virou a droga de um filha da puta agressivo e com outros mil defeitos que eu nem imagina que existiam. Por um tempo eu até achei que você era perfeito, que eu nunca iria te deixar amar... Ah mas como eu era idiota, puta merda, como eu era burra, você só fez merda atrás de merda, decepção atrás de decepção, e ainda quer que eu te perdoe?! - Os vizinhos começaram então a reclamar da gritaria pelas paredes, ignoravam, focavam em si mesmo, ela nas poucas lágrimas silenciosas dele, e ele na atitude e na forma tão alta que ela se liberava, o destruía então por pedaços. - Eu não vou querer mais nada de você.
Ele ficou em silêncio, sua alma praticamente morria com aquilo tudo, ele não tinha palavras.
- Eu não sei o que eu vou fazer sem você - sua voz mal saia, rouca até demais, nem ao menos conseguia olhar para ela, era demais para ele, demais.
- Abraça a droga do seu travesseiro e finja que eu estou lá, eu nunca ao menos vou te tocar de novo. - Alex então a olhou, a sinceridade saiu na pura verdade daquele verde esbugalhado dos olhos dela, que também estava triste, mas nenhuma expressão além dessa, não sabia mais como estuda-la.

A perdeu, assim que a porta do 505 foi fechada.

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NOTAS FINAIS:

Eu não resisti ao clichê do 505.

Old Yellow BricksOnde histórias criam vida. Descubra agora