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Framingham, Massachussets

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Framingham, Massachussets.


A música irritante do despertador do celular, ecoava pelos quatro cantos do ambiente. O que tirou minha total atenção do teto amadeirado do quarto. Respirei bem fundo e o desliguei.

A janela envidraçada mostrava um céu nublado, prometendo uma boa chuva.

O nervosismo e a ansiedade não me abandonaram durante toda a madrugada. Eu vinha tentando controlar meus pensamentos nesses últimos dias, mas falhei horrivelmente.

Uma caminhada. Era disso que eu precisava.

Eu já estava pronta, só precisava sair do casulo. Isso! Sair do casulo. Igual uma borboleta.

Eu tinha dado somente alguns passos entre as árvores. Ainda não estava na trilha, dava de ver a minha casa. Quando meus pensamentos se desviaram para o restante do dia. Não estava preparada para ir a escola - não depois do que aconteceu no baile. Descartei as lembranças ruins, como vinha fazendo todas as manhãs, desde aquele bendito dia; coloquei os fones de ouvido e iniciei minha caminhada.

Alguns ramos estalavam por onde meu tênis pisava, as folhas estavam imóveis devido a densa umidade. A água do rio, estalava nas pedras com a correnteza.

Sinceramente, não havia mais nada de mais valioso, do que o silêncio. Juntando é claro, com o ar puro.

As árvores passavam por mim feito um borrão e mesmo com a música tocando, eu podia ouvir o sangue martelando mais rápido em meus ouvidos.

Aquilo me fazia bem. Me fazia me sentir livre. Longe de olhares curiosos ou de pena. Era exatamente o que eu queria. Apenas: Viver!

Resolvi parar um pouco e respirar com calma. Meu peito ardia e minha garganta estava seca. E de repente, houve outro som, além da minha música e meu coração acelerado. Outro som, assustadoramente perto.

Olhei para trás, instintivamente. E me perguntei se devia sentir medo. O que não faltava era noticiário mostrando o quanto o mundo estava cruel. E que sim, eu devia sentir medo.

Voltei a correr, dessa vez como se estivesse fugindo. Nem que fosse do barulho que eu ouvi ou que achava que tinha ouvido. Não importava, não queria ficar pra saber. Eu não era como as adolescentes de filmes e séries. Não queria ficar pra saber, principalmente se fosse pra morrer.

Bem dramática eu sei!

Minha ansiedade fazia eu olhar uma vez ou outra para trás, pra saber se não havia ninguém me seguindo. Quando olhei de novo pra frente acertei-me em cheio, com algo. Do impulso cai para trás, batendo a bunda no chão. Meu corpo tremia, me levantei num vulto e a menina também.

- Desculpa - falamos em uníssono. Eu nunca tinha a visto antes. Um cabelo loiro tão cacheado assim, e olhos tão verdes eu teria me lembrado.

- Desculpa, ter trombado em você... - ela se apressou em dizer. - É que eu jurei que tinha alguém me seguindo... - ela respirava com dificuldade, olhando para todos os lados.

Ascendência - Vol. 1: A Escolhida Onde histórias criam vida. Descubra agora