Bad Blood

Prólogo

- Pega leve Max, eu estou exausta. - Passei a mão na minha testa sentindo o suor.

Já fazia horas que estávamos treinando e eu não aguentava mais. Eu sei que tudo era pelos meus pais, tudo que eu fazia era por eles. Meus pais sempre foram meu tudo, e perdê-los aos meus 9 anos, acabou totalmente com a inocência que eu tinha naquela época. Eu queria ter tido uma vida normal, falar com minha mãe da minha primeira vez, meu pai ficar morto de ciúmes quando eu levasse meu primeiro namorado em casa. Mas infelizmente nada disso aconteceu. Eles foram arrancados de mim, sem piedade nenhuma.

Max tinha sido a única pessoa que restou no mundo pra mim, o que foi meu porto seguro. Ele me criou, e a cada ano que se passa ele intensifica os treinos. Para que? Para eu vingar meus pais, me tornar uma assassina a sangue frio, e não apenas isso. Uma assassina boa no que faz. Que sabe as coisas, acerta um coração sem errar, mirar em uma cabeça e não ter outra. Cruel? Talvez, mas quem disse que eu me importo?

Alguém foi cruel comigo, e agora eu vou retribuir o favor com três vezes mais força, é a lei básica do universo. Toda ação causa uma reação, é bem, às vezes ela é maior.

- Vamos logo Amber, sem reclamar. Não é assim com essa sua preguiça que você vai conseguir vingar seus pais. - Ele diz me olhando com uma cara nada boa. Max é muito divertido, mas na hora do trabalho ele fica bastante focado, quase é outra pessoa. Não que isso seja ruim, até porque, essa é uma das coisas que eu mais admiro nele.

Pego a faca e acerto bem longe de onde eu realmente deveria ter acertado. O coração. Max começa a rir do meu lado, me fazendo ficar sem paciência.

- É assim que você quer que eu pegue leve? Você nem consegue acertar o coração do boneco, Amber. Na verdade, você passou bem longe disso. Estou vendo a assassina que você quer se tornar. – Ele fala em deboche e eu fico furiosa.

Ele começa a rir de novo, me deixando mais irritada ainda. Vou em direção ao boneco, retirando a faca de onde eu tinha acertado, ou errado, voltando ao lugar em que eu estava antes.

Joguei a faca novamente.

E errei novamente.

Calma, concentra. É simples, pegar, preparar, mirar, jogar.

Joguei de novo.

E ouvi a risada de Max.

E errei de novo.

Tentei mais umas cinco vezes e nada de eu acertar o maldito coração daquele boneco. Qual é o meu problema? Eu não consigo nem acertar a merda do coração de um boneco, que raiva. Max também não ajuda, fica me observando soltando umas risadinhas em deboche a cada vez que eu errava. Me fazendo ficar cada vez mais nervosa e irritada.

Fui em direção ao boneco de novo.

- Você pensa demais, não pense tanto, apenas sinta a faca, como se fosse dar um tapa em alguém a longa distância. – Max instruiu.

Pegar. Preparar. Mirar. Jogar. Não pensar.

Respirei fundo e fechei meus olhos por um instante, então mirei a faca.

Mas dessa vez não foi igual as outras tentativas.

Dessa vez eu acertei. Acertei em cheio no coração do boneco.

Max me olhava orgulhoso e eu mesma deixei escapar um pequeno sorriso de vitória.

- É assim. – Ele fala e eu volto meu olhar para ele. – É assim, que você vai vingar seus pais, Amber.

¨Amber tinha tudo para ser uma assassina de primeira, mas nada é perfeito. E sua ingenuidade ia fazer ela pagar um preço muito alto, iria ser o seu pior pesadelo"