Casa de Praia

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    Andrews é um maluco mesmo e a prova disso era como ele dirigia na avenida que nos levaria ao meu inferno particular. Calleb tentou acompanhar, em vão, ele socou o pé no acelerador desviando dos carros sem medo algum.
    Meu coração foi na boca.
    — O que ele tem?— Perguntou Calleb, tentando a custo acompanha-lo.
    — Matar nois dois, eu acho.
    Calleb riu histérico.
    Saímos da cidade e entramos em La Beach, uma prainha de tirar o ar, um lugar que tentei esquecer que existia e que tinha feito parte do meu passado. E a medida que o carro se aproximava, fiquei ainda mais inquieta no meu canto.
    Andrews, freou abrupto, obrigando Calleb fazer o mesmo. Olhei para a tal casa e fiquei pálida, com medo de que o passado me pegasse de guarda-baixa ali mesmo. Calleb desceu do carro e foi até Andrews, fui logo em seguida para evitar que alguma coisa acontecesse.
    Desde que Calleb descobriu que Andrews era o meu ex, ele simplesmente passou a vê-lo de outra forma e garanto que não é uma das melhores. Os dois passaram trocar farpas sempre que se trombaram, o que não é coisa boa, porquê Andrews é um ser iluminado de ironia.
    — Você esta pensando que está em uma cena de velozes e furiosos? Você quase nos matou!
     Alice tava verde dentro do carro.
     — Tem tanto medo assim de quebrar as regras, Senhor certinho?
    Ignorei os dois e fui ajuda-la. Abri a porta do passageiro e a segurei antes que ela caísse para o lado.
    — Está bem?— Perguntei, endireitando-a.
    Ela fez que sim.
    —Andrews pirou!— Seu ar saia com dificuldade.
   Sorri da sua expressão.
    — Vai se acostumando com isso.
    Com a minha ajuda, ela saiu do carro e eu chamei Calleb, colocando fim naquela pequena discussão entre eles.
    Andrews passou na frente e nos guiou para um lance de escada de madeira, abriu uma porta de vidro assim que chegou na solera, e o ar sumiu dos meus pulmões. Ele puxou Alice pelo braço, fui obrigada a me esforçar ao máximo para entrar lá e não enlouquecer.
    Mas teria que fazer isso a qualquer momento.
    Tudo ali parecia com a lembrança que ainda tinha na minha mente. Um lugar grande e ensolarado, com corredor a se perder de vista e móveis ainda em perfeito estado. Fiquei trêmula e forcei um sorriso toda vez que Calleb me olhava.
    Não queria demonstrar nada para que ninguém ali suspeitasse o quanto esse lugar me deixava meio fora de mim.
    — Vou buscar nossas malas, Ratchel. — A voz de Calleb me despertou.
     —Ok. —Minhas palavras saiam a custo, ainda atordoada com tudo.
    — Andrews, você também vai pegar as nossas?— Alice parecia animada e muito melhor do que minutos antes.
     — Claro.
    Os dois saíram e eu pudia jurar que eles iriam entrar em uma breve discussão lá embaixo.
    Sozinhas, Alice caiu no sofá enquanto continuava marmorificada no lugar.
    — A casa de vocês é fantástica!— Reparou Alice, em tom de muita admiração.
    Fiz que sim com a cabeça.
    — Estou com muita fome!— Saltou e foi para a cozinha.— Quer comer algo, Ratchel?
    Fiz que não incapaz de abrir a boca.
    Ela vasculhava a geladeira, quando os meninos voltaram ambos de cara amarrada. Ajudei Calleb e andamos pelo corredor atrás de um quarto em meio a tantos ali, torci para que não fosse o tal quarto e por sorte do destino ele preferiu pegar o último.
    Jogamos as malas sobre a cama e ele caminhou para abrir as janelas e ficou boquiaberto com a beleza natural do lugar.
    — Que lugar bacana, Ratchel.
    Nem tanto, Calleb.
     — Verdade, Andrews tem bom gosto e isso temos que concordar.
     Ele assentiu.
    — Quer ir à praia?— Sugeriu, assim do nada.
    Sorri para a ideia de fugir dessa casa por maior tempo possível.
    — Beleza!— Digo.— Só preciso ajeitar as coisas por aqui e me arrumar, tudo bem?
     Calleb assentiu.
    — Vou te esperar lá fora.
    Antes de sair beijou a minha testa.
    Confesso que Calleb é muito carinhoso e as vezes fico um pouco assustada. Nunca recebi esse tipo de carinho, nem dos meus pais! Mas com ele é diferente... É algo novo.
     Chacoalhei a cabeça e peguei no meio da organização impecável de Daniels uma roupa de banho e fui até o banheiro me trocar. Não sou muito adepta ao uso de biquinis, pelo simples fato de não ser magricela para estar dentro de um. Mas não tenho outra escolha a não ser vestir isso e implorar para ninguém ficar olhando pra mim.
    Quando voltei para o quarto, quase tive meu primeiro ataque cardíaco ao ver Andrews ali parado como uma estátua.
    — Não me diga que vão dormir na mesma cama?!— Notei sua pergunta um tanto alterada.
    Senti vontade de rir.
    — Vê mais alguma outra cama por aqui?— Rebati, com ironia.
    Ainda estava de cara amarrada, ultimamente era o que mais se via.
    — Ele pode muito bem ficar em outro quarto, Ratchel.
     — Ele pode ficar bem no meu quarto, Andrews.
    Passei por ele,  peguei a minha toalha e o protetor solar dentro da mala.
    — Se eu ouvir um som a mais... Eu derrubo essa porta e juro que jogo ele pela janela.
    Tive que rir.
    — Está sugerindo que vamos transar aqui? Nossa que boa ideia, juro que não pensei nisso!
     Ele ficou vermelho.
    — Não me venha com piadas, Ratchel. Você já sabe.
    Antes dele sair, o chamei novamente. Ele se virou para me olhar.
    — E caso eu escute um som diferente no seu quarto, posso ligar pra polícia?— Ergui uma das minhas sobrancelhas.
    — Não vim aqui pra transar e sim para conquistar Alice.
    — É verdade, como pude esquecer! — Usei minha melhor ironia para encerrar aquele assunto: — Afinal, ela é diferente, não é mesmo?
    Saiu batendo à porta.
                         
                              °°°

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