Andrews entrou sorridente e eu quase sem ar, vendo que teria que bancar a irmã do cara rico no meio de vários outros ricos. A última vez que estive em um lugar assim, foi com a Rebecca e o seu novo milionário, confesso que tive que me controlar o máximo para não pirar.
Agora imagine eu estar aqui em frente a essas pessoas, tentando mais uma vez aquietar meus nervos e não deixar nada sair do meu controle.
Passamos pelas mesas e os engravatados todos me lançavam um olhar de massacrar o resto de dignidade que eu tinha, rezei para que isso acabasse logo e eu finalmente fosse embora desse mundo que não é o meu.
—Alice.— Disse ele, beijando os dois lados da bochecha dela e depois me jogou para fazer o mesmo.
Sem jeito, sorri. É claro que ela estava linda e radiante como sempre, também com aquela beleza toda ficaria incrível até em farrapos. Já eu, bem... A eu sou a Ratchel, a velha e destrambelhada Ratchel.
Arrastei minha própria cadeira e deixei que Andrews fizesse o pedido ( estava trêmula só de pensar em abrir aquele cardápio e da de cara com coisas que não cabem no meu bolso), em menos de meia hora o garçom já nos servia com elegância, coisas que preciso aprender.
Andrews não mexeu em seu prato. Muito menos eu, afinal os únicos talheres que eu conhecia, não estavam na mesa.
— E como você está, Ratchel?— Ela deu corda ao nosso assunto, com uma voz que parecia um canto angelical.
O pé de Andrews acertou em cheio a minha canela, doeu, olhei pra ele e voltei a sorrir pra ela, me sentindo uma palhaça.
— Estou ótima, querida. Aquele dia estava só com os nervos a flor da pele.
— Minha irmã é muito emotiva.— Reparou Andrews, cutucou meu braço até ganhar minha atenção e logo em seguida, arreganhou aquela boca em um sorriso.
Aproveita muito bem esses seus dentes, idiota.
— Fico feliz que já está bem.
Peguei um talher estranho, que mais parecia um gancho, mas logo desisti, me lembrando o quanto sou péssima. Além do mais, aquilo não estava com cara de ser agradável, não mesmo.
Continuamos o assunto, na verdade passei o maior tempo falando de todas as infinitas qualidades em Andrews, é claro que todas elas carregada de uma belíssima mentira! Também toquei no assunto Tiffany e expliquei que aquela garota não tem nada com ele. Andrews poderia muito bem fazer isso sem mim, entretanto, não fez.
— Andrews me falou da casa na praia.— Disse em risos.— Podemos ir lá qualquer dia.
Ele concordou.
— Você vai adorar.
Eu fiquei pálida na hora. A casa de praia outra vez e o passado se fez presente. Por que diabos ele levaria Alice pra lá? É... eu realmente estava enganada. Nunca representei um terço que fosse na vida desse otário e é óbvio que todas as garotas que dormiu com ele na vida ia para aquela bendita casa na praia.
"Você não foi a única, Ratchel." Aceite isso numa boa.
— Podemos ir nos quatro, o que acha, Ratchel?— Ela deu a ideia.
O vinho pareceu ser agradável e uma boa maneira de fugir do assunto.
— Então?— Ela insistiu, vendo que nós dois não falamos nada. — Talvez seu namorado goste do lugar.
Andrews e eu falamos juntos.
— Ele não é namorado dela.
— Ele não é meu namorado.
Ela abriu a boca em um "A" enorme.
— Mas vocês formam um casal lindo.
Fiquei vermelha na hora. Andrews discordou.
— Nem pensar! O cara é bem mais novo que ela... nada ver os dois.
— Ele tem 28 anos, maninho!— Dei um sorriso amarelo e um tapa bem dado no meio da suas costas.
Quase engasgou com o vinho.
— Mesmo assim, vocês dois não tem nada em comum.— Disparou, com um certo repúdio.
Peguei a taça e olhei para Alice.
— Muito obrigada, querida. Também achei isso desde o princípio. Calleb é perfeito.
Andrews pigarreou, muito incomodado com aquele assunto.
— Calleb é perfeito, sei.
— O que está insinuando?— Questionei, olhando bem a fundo nos seus olhos.
— Já disse e não estou afim de repetir de novo, Ratchel.
— Sua opinião pouco me importa.— Aumentei o tom de voz e uma fileira inteira nos olhou.
— Pouco importa?! Sou seu irmão, acho que você gostaria de saber o que penso. E eu não gostei daquele cara!
— Você não tem que gostar de nada. Quem sai com ele sou eu.
Voltei a fitar Alice, que parecia assustada e sem saber pra quem olhar.
— Tem irmãos?— Perguntei.
Ela fez que não com a cabeça.
— Continue assim.— Levantei, pegando a minha bolsa.— Quanto a casa da praia...— Passei meu olhar para Andrews.— Calleb e eu iremos com maior prazer. — Dei um beijo em uma de suas bochechas e apressei para sair dali.
— Aonde vai?— Andrews me seguiu.— Aonde vai, Ratchel?
Parei sem olhar para trás. Respirando bem mais rápido do que o costume.
— Vou ver o Calleb.
— Deixa disso!— Pediu.— vem, vamos lá dentro, você tem que desmarcar essa ideia maluca de levar esse cara com a gente.
Tive que encara-lo.
— Não vou desmarcar nada! Você não quer ir a esta casa da praia maldita, bom... iremos a esta casa da praia então. Só que reza pra mim não te jogar morro abaixo!
Sai marchando sem saber por onde ir. Eu sou péssima para andar em lugares a onde nunca frequentei na vida, ainda mais quando estou sem meu carro.
Sou boa em me perder.
— Ah, que legal! Vai levar ele pra que? Se pensa que vai fazer alguma coisa com ele lá está enganada! Não vão transar na minha casa!
Meu rosto pegou fogo.
— Não sou igual você.— Gritei com ele, com muita raiva.
— Pare de frescura e volta lá pra dentro.
— Se continuar a me seguir eu juro que eu grito ainda mais!— Dei a mão e o táxi parou. Entrei as pressas vendo tudo branco na minha frente. Ele me deixa nos nervos.
—Aonde vamos?— Perguntou o taxista com voz de poucos amigos.
Andrews bateu no vidro.
— No parque da luz.— Ignorei.
O homem arrancou, deixando Andrews para trás.
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UM AMOR, POR FAVOR.
MizahRatchel nunca foi uma garota "namoravel" e agora aos 29 anos ela realmente acredita nisso. Com a sua falta de sorte no amor, ela ainda tem que lidar com a pressão da sua irmã mais nova Rebecca pra que ela finalmente desencalhe. Sua vida porém começa...