Capítulo 1
Eu tinha dezesseis anos quando entrei para o time de base do Sub 16 do meu bairro. Eu sempre gostei de jogar bola. Mas nunca pensei em levar a sério essa diversão. Era algo que eu fazia como passatempo. Até escutar as pessoas me elogiarem e dizerem que tenho talento. Foi quando conheci o treinador Rogers. Foi ele que me deu o primeiro incentivo para desenvolver mais esse lado. E então eu me dei essa chance.
Mas as coisas não foram fáceis. Nada nunca foi para mim. Eu dividia o meu tempo entre os treinos, a escola e um trabalho de meio período em uma oficina do bairro. O dono era um velho conhecido da minha família, o que ajudou muito na minha contratação. Eu precisava desse emprego. Era com esse dinheiro que eu ajudava o meu pai a comprar os remédios da minha mãe, que estava doente. Mesmo ele dizendo que eu não precisava fazer isso, eu insistia. Queria garantir que nenhum comprimido faltasse para ela.
A única coisa que eu precisava fazer era manter o equilíbrio entre essas três coisas; notas boas na escola, bom desempenho nos jogos e um ótimo trabalho na oficina.
— Dom? Dom? —Rolo para o lado e cubro a cabeça com o travesseiro, ignorando a pessoa quem está tentando me acordar tão cedo. — Levanta logo, cara. Vamos nos atrasar!
David Hunter, meu companheiro de time e de moradia, tenta mais uma vez.
— Só mais 5 minutos.
Sinto o travesseiro sendo praticamente arrancado de cima de mim. Abro os olhos para mandar David ir a merda. Sua cara enorme e brava aparece na minha visão.
— Ou você levanta essa bunda da cama agora, ou vou jogar outro balde de água em você. —Ameaça.
Meu corpo treme só de lembrar da água fria que o filho da puta me jogou as três da manhã, só porque, segundo ele, eu estava roncando. Fiz questão de me vingar. No outro dia ele acordou com a mão colada no próprio rosto. Até hoje não cresce pelo no local.
Tenho uma crise de risos toda vez que me lembro dessa cena.
— Já até sei do que você está rindo. E isso vai ter volta, Dom. —Ele aponta para a barba falhada.
Começo a rir ainda mais. David joga o travesseiro na minha cabeça antes de sumir dentro do banheiro.
Sem quaisquer chances de voltar a dormir, resolvo levantar. O relógio de cabeceira marca 05:00 h. É o típico ritual do treinador. Toda segunda feira ele nos faz acordar nesse horário, com a desculpa de que precisamos eliminar todo o álcool e calorias que conseguimos em festas no final de semana.
David ainda está no banheiro, então vou até a cozinha colocar a máquina de café para funcionar. É sempre assim que começo os meus dias, não importa a hora que seja; eu preciso da minha cafeína. Alguns minutos depois, meu amigo sai enrolado em uma toalha e uma escova de dente da boca. Aponta o dedo indicando que o banheiro está livre e sai em direção ao seu quarto.
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O Astro do Futebol (Série HALL OF FAME. Livro 1)
ChickLitREPOSTAGEM A vida de Dominic Reis nunca foi fácil. Muito cedo aprendeu que deveria lutar muito se quisesse chegar a algum lugar. Mas, principalmente, aprendeu que nada nessa vida se faz sozinho. Muito menos um time de futebol. Nicolly Cozen, mais...