Prólogo

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Adorava ficar na enorme biblioteca da casa, com suas extensivas paredes encobertas por centenas de livros que foram passados de geração para geração. Fazia questão de espanar cada prateleira ao menos uma vez por semana, mas alguns não deixavam de ter uma fina camada de poeira. A garota não conseguia escolher qual daqueles era seu livro favorito, de Carlos Drummond de Andrade a Pablo Neruda. Diziam que ela era nova demais para gostar daqueles autores tão antigos, mas o apreço pela leitura era algo herdado, não havia como ela negar suas origens. Os livros eram seu refúgio favorito, e não importava o lugar ou a situação, sempre haveria um de seus companheiros em sua mochila para levá-la a um novo mundo.

Procurava por qual seria seu entretenimento daquela semana, vagando pelas tão conhecidas estantes, vendo qual título mais lhe interessava; a garota já sabia a sinopse da maioria dos livros ali, bastando apenas seus títulos para ela saber qual seria a melhor leitura da vez. Demorava-se ao observá-los, mesmo sabendo que não deveria ficar tanto tempo ali enquanto sua família comemorava o aniversário de um de seus tios, mas ela não era capaz de se controlar.

Até que um pequeno livro no meio de tantos lhe chamou a atenção. Sua capa era de couro desgastada, sem qualquer escritura que pudesse dar indício do conteúdo da história dentro. O mistério levou a garota a tirar o velho livro da prateleira, e mesmo tendo a aparência bem velha, ainda estava em ótimo estado. Quando o abriu, as páginas amareladas continham palavras escritas à mão, em uma das caligrafias mais belas que ela havia visto.

"Este diário pertence à Amélia Lélis. Proibida a leitura.

Janeiro de 1964."

E esquecendo-se do mundofora da biblioteca, a garota sentou-se no enorme sofá de couro e passou afolhear com cuidado as folhas tão delicadas e quebradiças que continham uma história que ela jamais esperava ler antes.

Querido DiárioDonde viven las historias. Descúbrelo ahora