Um dose de literatura e um café, por favor

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A imagino tragando fumaça de desilusão enquanto lê um pouco de Veríssimo. E quando toma um gole de seu forte café durante o pôr do sol, a vejo soltando os cabelos e amaciando as páginas de Lispector. Escutando Miss Simone, ela recolhe suas mágoas entre os minutos e aprecia cada linha do Sr. Allan Poe. Absorvendo as palavras e armazenando clichês. Quem dera ser como tal, o Assis, que envolvia seus traços a todo momento. Pudera ela quebrar as regras como fez Aluísio? Ter o mistério de Agatha? Gostaria de ser sentida tal como Jorge, que de tão Amado, quase morreu por seu coração. Ah, como queria ser. Como queria saber os sinônimos e as sílabas certas para expressar todo seu furor. Mas por enquanto ela tragava um ou dois cigarros de decepção por dia para não perder a prática. Sobrevivendo aquele mundo cru que retalhava sua mente e brotava como semente. Mas essa era a semelhança entre todos eles. Pois sabiam, ah, como sabiam, que o esperado no final do dia era as promessas feitas de Romeu para Julieta.

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