Ao destino

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Uma época de chuvas havia claramente começado, não sabíamos se a chuva iria permanecer inofensiva ou logo se tornaria uma tempestade. A tempestade do dia anterior havia desgastado os homens, e o único movimento no barco era sobre o porão para visitar as mulheres tomadas na Itália.

Iago se sentia desconfortável, era difícil até dormir quando um dos homens decidia tomar uma mulher durante a noite, os gemidos perfuravam as paredes do navio e inundavam todo o cômodo de dormir e o perturbavam até o amanhecer. Haviam noites em que piratas decidiam tomar as mulheres juntos, o que aumentava os barulhos. Seu próprio irmão estava fazendo parte daquele movimento no porão e isso incomodava ainda mais Iago.

A chuva começava a ficar mais forte, porém já estávamos perto de Aragon, seguíamos a grande velocidade perto da costa francesa e toda a tripulação estava muito perto do limite, a exaustão já era notada no rosto de todos por conta do grande esforço na noite anterior.

Na noite anterior a chuva tinha chegado quase que instantaneamente, o convés começou a alagar e muitos tiveram que pegar baldes para retirar a agua de dentro do barco, as cordas precisavam ser manejadas constantemente. A tripulação agora possuía uma parte de homens da prisão, que não tinham experiência no mar e não estavam preparados para uma crise.

Junto com a chuva chegou o balanço do mar e logo os novos recrutas, inclusive Iago e Vinicius, começaram a sentir náuseas, os vômitos chegaram logo em seguida junto com o mal-estar, mas nada disso podia incapacita-los já que o barco precisava deles para resistir. Os marujos mais experientes estavam mais acostumados e sabiam como agir nessas situações, eles lideravam os menos experientes para que não desistissem, gritando ordens e funções que precisam ser feitas.

O capitão mantia a calma e o olhar fixo no horizonte, como se nada estivesse a sua volta e o mar estivesse na calmaria, suas roupas voavam pelo forte vento, mas até isso ele ignorava. Em dias chuvosos não se via o capitão com seu belo chapéu, pela primeira vez os novos recrutas avistaram o curto cabelo negro do capitão, tão escuro quanto o próprio carvão, suas cicatrizes de batalhas espalhadas pelo rosto, sendo a principal a que cortava sua testa e levava com ela uma parte de uma das sobrancelhas, seu olhar era duro como se repreendesse a própria natureza por castigar seu barco e seus marujos.

Muitos haviam pegado cordas e amarrado a si mesmo em mastros e amuradas do barco, com medo de serem arrastados de alguma forma para o oceano, todos sabiam que se caíssem em auto mar as chances de sobrevivência eram improváveis. O medo pairava no rosto e não se dava para distinguir gotas da chuva com lagrimas geradas pelo medo.

Quando o primeiro marujo foi arremessado a alto mar, vários correram para olhar e logo o Primeiro gritou que o deixassem morrer em paz pois os tubarões precisavam se alimentar assim como a tripulação. Muitos não estavam acostumados com esse jeito pirata, onde alguém é facilmente deixado para trás caso falhe, porem ninguém se sujeitava a desafiar o Primeiro.

Até mesmo o Capataz e Cozinheiro haviam se juntado a tripulação para resistir a tempestade, seguindo as ordens dos Montadores, que eram os principais responsáveis por manter a ordem em casos de tempestades.

Logo que a chuva iniciou alguns começaram a se desesperar e outros até a chorar, Iago sentiu pela primeira vez a pressão de se estar em uma tempestade e como era perturbador o clima no barco.

- Calma irmãozinho, estamos chegando – Disse Vinicius, mais para reconfortar a si mesmo do que ao irmão

- Aguentaria tempestades bem piores que a de ontem. Esse chuvisco não consegue nem me refrescar – Falou Iago confiante para ajudar o irmão

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⏰ Last updated: Feb 24, 2016 ⏰

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A morte caminha para tiWhere stories live. Discover now