Certa feita um monge caminhava pelas planícies de uma terra deserta, era um monge peregrino e vivia andando de cidade em cidade visitando os santuários e rezando aos menos afortunados, aos doentes e aos pobres, ele caminhava pela estrada estranhando o fato da mesma estar tão deserta e sem ninguém por perto mesmo havendo aquela estrada bem construída ali, e estava anoitecendo, e ele não havia encontrado nenhuma habitação pelas redondezas, havia um bom tempo desde que não via ninguém para falar a verdade, e estava escurecendo, e a noite estaria fria pois estavam no outono, porém ao longe ele agora avistava um casebre pequeno e ao se aproximar dele ele podia ver que o mesmo era muito mal conservado, as paredes com rasgos e furos, as portas estavam furadas e deixavam a fraca luz passar, e fora esta luz que o monge avistara a distância, ele observava a casa mais atentamente e podia ver que a cabana era pobre e dentro havia uma senhora, que fiava sisal, então com um leve toque de seu cajado no batente da cerca ele chamava a atenção da senhora que o olhou surpreendida, ele então olhara para ela e sorriu ao dizer
-olá senhora sou um monge budista e estou em peregrinação, porém estas terras são muito desoladas, e não encontrei ninguém por perto que pudesse me indicar o caminho para o templo mais próximo, agora está tarde e fiquei sem abrigo, poderia a senhora me oferecer um lugar junto ao fogo por apenas esta noite?
a mulher idosa parecia de muita má vontade aceitar abriga-lo, mas então o deixou entrar, e o ofereceu um lugar junto a lareira que tinha pouca madeira mas oferecia calor, eles conversaram por algumas horas quando a mulher lhe ofereceu comida, um ensopado de carne que estava particularmente saboroso, mas então a senhora notou que a madeira da lareira estava acabando então ela se levantou para ir buscar mais lenha, o monge se ofereceu para ir mas ela insistiu para que ele ficasse e cuidasse da casa, ela vestiu as sandálias e ia sair quando se lembra de algo, e se vira para o monge, e lhe diz que ele jamais, por motivo nenhum deveria olhar o que havia no outro quarto, ele prometeu que não iria e então ela saiu, e ali ele ficou por um longo tempo, até que a lareira por falta de lenha foi se apagando aos poucos, até se extinguir e a única luz presente era de uma lanterna que estava acesa, o monge começou a estremecer de frio, e pensou na senhora que havia saído pra cortar lenha e então se virou para a porta do quarto que ela havia falado para ele não olhar, e então a curiosidade o atormentou, mas a promessa que havia feito o segurou ali por um longo tempo, até que a curiosidade tomou conta dele e ele sorrateiramente foi até o quarto e espiou o que tinha dentro, ele se deparou com partes de pessoas mutiladas, dezenas de crânios empilhados a um canto e ossos por toda parte mãos e pés pendurados e um corpo mais fresco pendurado num gancho para o sangue escorrer, ele então deu um passo para trás quando ouviu um barulho atrás de si e olhando para traz ele se deparou com o rosto da idosa senhora olhando-o e ela disse:
-você viu... eu lhe ofereci abrigo e comida, então... porque teve que olhar o quarto proibido?
o monge olhou pra senhora que sacava agora uma faca do cinto, uma longa faca de pedra preta que brilhava como metal naquele escuro, então a velha senhora foi ficando vermelha e os dentes dela ficavam mais pontudos o monge se assustou e rapidamente pegou seu cajado e saiu disparado pela porta deixando para trás suas sandálias e seu chapéu, então ouviu passos atrás de si e ouviu a voz da senhora repetir: "pare!!! pare!!!" mas ele apenas ignorou e continuou correndo apavorado levado pelo pânico ele mesmo cansado correu como nunca havia corrido em sua vida, repetindo em sua mente "Namu Amida Butsu"[em nome do Amida Buda] e correu até que o dia começou a amanhecer, foi quando ele ouviu perto de si a voz do monstro" eu vou encontra-lo eu vou encontrar o xereta!!!" então o sol raiou e o monge não ouviu mais os passos da criatura então olhou pra trás e não a avistou e agradecendo os deuses ele continuou o seu caminho... porém as histórias contam que este monge desapareceu pouco tempo depois, dizem que a criatura o farejou e o encontrou e o levou para seu casebre e o devorou assim como toda e qualquer vítima sua
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Um Bardo do Oriente
Historical FictionBoa noite! Eu sou apenas um bardo que vem de longe no oriente e venho a esta terra trazendo lendas e contos de minha terra, espero que aproveitem bem... *uma leve nota ecoa do Shamisen* Mukashi... mukashi...