Estaria Joel a falar de mim?
Muitos pensamentos rondaram a minha cabeça. Durante toda a minha adolescência nunca ninguém do sexo masculino sequer olhou para mim, e agora que estou doente e mais feia este rapaz lindíssimo olha? Secalhar ele não está a falar de mim. Provavelmente está a falar da Crystal. Trouxe-me aqui para eu parar de a incomodar, quando no entanto ela é que me incomoda a mim.
-Tenho a certeza que a Crystal também gosta de ti - disse olhando para baixo, arrepiando-me com a altura - não te preocupes"
Ele riu-se. Largou uma gargalhada que me derreteu por dentro. Fixou o olhar em mim durante alguns segundos, e eu fingi não notar, continuando a olhar sempre para baixo.
- A Crystal não faz o meu tipo - disse com um sorriso de orelha a orelha.
Um silêncio instalou-se entre nós os dois.- Acho que devíamos voltar para a aula - disse ele quebrando o silêncio - o que me dizes?
Acenei que sim com a cabeça.
Isto, esta conversa foi o mais próximo que eu tive de um rapaz na minha vida inteira. Não digo proximidade de estar ao lado dele, mas sim de o conhecer e de o sentir. Não quero ter sentimentos por ele, mas torna-se impossível. Serei eu? Espero que seja eu. Não .. Espero que não seja eu.
Chegamos à sala novamente, e novamente me sentei. Ignorei completamente o facto da Crystal estar já ao meu lado, e que eu vou ter que partilhar o meu quarto com ela. Foquei-me nas palavras da professora, e mentalizei-me de que era isso que importava. Quero ter boas notas.Rapidamente as 2 horas se passaram. Peguei no meu único caderno e dirigi-me para a saída.
Penso que Joel esperava por mim na saída.
- Lea - começou ele - tenho mais um sítio para te mostrar antes de te deixar em paz.
Não quero que me deixes em paz - desejei ter dito.
- Hm claro - respondi - onde é?
Ele não me respondeu, apenas me pegou na mão e lentamente me levou ao elevador e descemos.- Nós não devíamos sair do nosso piso - comentei - o que vamos fazer lá a baixo?
Ele olhou-me e sorriu - vamos visitar um amigo.Percorremos um corredor comprido, repleto de portas de ambos os lados. Penso que estávamos na parte dos problemas mentais, daquele hospital.
Joel cumprimentava toda a gente, acenando e sorrindo, por vezes com um aperto de mão.
Bateu na última porta do corredor. Abriu-nos a porta um senhor , barbudo e com um ar cansado. Senti-me assustada, porque quereria Joel mostrar-me o quarto de um doente?
Entrei sem dizer uma palavra, e senti-me observada pelo senhor.- Lea, este é o Sr. Daniel. - colocou uma mão nas costas dele - ele foi a minha maior companhia nestes meses que passei aqui.
Olhem em volta. O quarto era pequeno mas acolhedor. As paredes estavam cobertas de estantes e livros, e o chão estava igualmente cheio de livros.
- O Sr gosta de ler? - perguntei. Não é óbvio Lea? Sou tão parva.
- Gosto, pois. - tossiu enquanto falava - e podes levar os livros que quiseres, desde que mos traga de volta.Sorri-lhe. Que simpático , e eu adoro ler.
- O Joel nunca tinha trazido aqui ninguém - olhou para ele e deu para notar que ele corou. - pareces simpática , Lea.
Tocou-me no braço. E aquele movimento estragou tudo. Memórias daquela noite distante assombraram a minha cabeça e as lágrimas apareceram nos meus olhos. Senti-me obrigada a abandonar o quarto , e assim o fiz afastando-me a passo rápido.
Rapidamente cheguei ao meu quarto, ainda sem ninguém. Comecei a chorar involuntariamente.
- Lea, está tudo bem? - apareceu Joel na porta - fiz algo de mal? O que aconteceu?
Comecei a chorar mais e mais, mas no entanto só queria parar. Chorar à frente de alguém só me faz parecer mais fraca do que aquilo que já sou.
Ele, inesperadamente , abraçou-me e aconchegou-me as costas.
- Está tudo bem Lea, podes confiar em mim - retirou a cara dos meus ombros e olhou me nos olhos, neste momento húmidos - o que se passou?
- Eu não sei como explicar - comecei. Oh não. - não vais compreender.
- Testa-me - respondeuRespirei fundo e contei tudo. Após isso, senti-me mais leve. Alguém sabia, alguém me podia ajudar.
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Obrigada por lerem!

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Secrets
Teen FictionLea era uma adolescente saudável de 14 anos até ter sido violada pelo seu padrasto. A partir daí a vida dela piorou , e Lea enfrenta muitos problemas diáriamente.