Acordei com os gritos de uma cheerleader raivosa.
- Joanne , eu pedi-te água fresca, trouxeste-me água morna, 'tás-te a passar? - gritava ela
- Quem és tu e o que fazes no meu quarto? - perguntei enquanto me levantava
- Parece que vamos ser colegas de quarto. - olhou-me de cima a baixo, com cara de enjoada - sorte a minha que por apenas algumas horas. Os meus pais estão numa reunião em Nova York.
- Escusas de me olhar assim. Se é só por umas horas que raio estás a fazer aqui?
Fez uns gestos com as mãos , e virou costas esvoaçando com o vestido, levando a sua súbdita atrás.
Olhei para o relógio. Faltavam 2 minutos para a hora do telefonema , e se eu não chegasse a tempo provavelmente não arranjava telefone.
Fui para lá o mais rapido que pude, e surpreendemente já estavam todos ocupados.
Estava pronta para virar costas quando Jordi - sofre de leucemia - me cedeu o seu telefone.
-Podes usar; também não tinha a quem ligar.
Marquei o número de casa, que ainda sabia de cor.
-Mãe? Estou?
- Então Lea como vai isso?
Demorei um pouco a identificar a voz que estava no outro lado do telefone.
- Gary. Passa à minha mãe.
- Tenho saudades tuas fofinha.
- Cala-te e passa à mãe.
Olhei à minha volta. Acho que falei um bocado alto.
- A tua mãe não está. Deve estar a meter-me os cornos.
Desliguei o telefone rapidamente. Sustive-me para não chorar à frente de Jordi, Joel e a cheerleader que eram os únicos que ali estavam agora.
- Alguém está revoltado - diz a cheerleader - devias de ir comer apra afogares essa tua revolta.
Deu-me vontade de lhe espetar uma chapada, mas não foi isso que a minha mãe me ensinou.
- Não nos apresentamos correctamente - disse - como te chamas mesmo?
- Chamo-me Crystal. Porquê que queres saber mesmo?
- Bem , Crystal , não sei quem é que tu pensas que és para puderes falar assim comigo. Lá fora podes ser superior a todos, mas aqui és uma mera adolescente doente. Igual a todos nós.
Virei-lhe costas e segui o meu caminho.
- hey , Lea , vais à aula a seguir? - Joel tentava apanhar-me ao pé coxinho.
- Olá , desculpa - aproximei me para ele se apoiar no meu ombro - sim vou.
- Ainda bem. E olha não ligues ao que a Crys diz ok? Aquilo já lhe corre no sangue , mas no fundo ela tem um bom coração.
- Porque é que ela se mudou para o meu quarto?
- Ela estava no mesmo quarto que o Jonathan , aquele menino em coma , e dizia que era o mesmo que partilhar um quarto com um morto.
- Mas ela disse que era só por umas horas
- Umas horas? Ela precisa de um transplante de coração, acho que vai ser mais que umas horas.
Entrei no meu quarto e já lá estava outra cama.
-Temos que estabelecer regras. - disse ela enquanto entrava no quarto.
- Sabes que as pessoas em coma ouvem tudo o que é dito ao pé delas?
- Sim , e daí?
- Disseste ao Jonathan que ele era como estivesse morto, achas isso motivador?
Encolheu os ombros e encheu uma gaveta com algumas peças de roupa.
Vai ser divertido.

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Secrets
Novela JuvenilLea era uma adolescente saudável de 14 anos até ter sido violada pelo seu padrasto. A partir daí a vida dela piorou , e Lea enfrenta muitos problemas diáriamente.