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— Essa chuva já está me dando nos nervos.

Disse a menina com olhar sonhador para a negritude noturna, enquanto o rapaz olhava para ela com olhos ainda mais sonhadores. Quando ela fechou a janela através da qual observava a chuva e voltou-se para dentro da sala, o menino disfarçou-se abruptamente.

Ela sorriu surpresa e feliz.

— Que foi?

Ela perguntou.

O rapaz, sempre fora bastante cínico e esboçou uma expressão de "que foi?" de volta para ela, que ainda sorria um lindo sorriso.

— Sei lá hein, você é estranho.

De repente, ela se deteve olhando para ele e percebeu que não conseguia deixar de fazer aquilo. Ele, no entanto, desviava os olhos, mas quase que imediatamente, voltava a fitar os lindos olhos verdes dela. Por um estante ele pensou em esmeraldas, e avaliou rapidamente em seu coração enegrecido que encontrara diante de si algo mais fortuito. Diamantes e esmeraldas eram raros, mas com certeza havia muito mais do que um par de cada um no mundo, enquanto aqueles olhos mágicos eram os únicos do universo.

— Vem!

Intimou-lhe a menina.

— Vamos dar uma olhada na previsão do tempo, deve estar uns quarenta graus nessa merda.

Muito embora a sensação térmica na cidade de Teresópolis naquele verão fosse cerca de 45º C, a moça do tempo no canal 3 informava uma máxima de 32° C para aquele dia.

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