Capitulo 5
O exterior da casa escondia um enorme ginásio. Ringue de boxe, máquinas para fazer exercício, pesos, sacos de boxe. Todo o mais diverso material. Um mini bar num dos cantos da casa e um balneário. Harry esmurrava o saco de boxe com toda a força, fazendo com que as pancadas ecoassem na divisória.
Vestia uma camisola branca larga, sem mangas. Uns calções largos e uns ténis desportivos de marca. Ao ver-nos entrar parou o que estava a fazer e aproximou-se de nós.
- Demoraram – murmurou.
- Demorei a achar a tua princesa – Niall piscou o olho.
- Não sou dele – refilei – porque estou aqui Harry?
Harry encarou os rapazes que apontaram para o bar e se afastaram.
- Acompanha-me – estendeu-me a mão para que eu a pegasse. Não o fiz.
Caminhamos até ao balneário. Abriu um cacifo e tirou de lá uma pequena toalha, limpando a testa com ela. De seguida tirou outra um pouco maior e uns boxers. Sentou-se e chamou-me para que se sentasse ao meu lado.
- Sei que queres que te fale sobre mim. Não o vou fazer para já, mas há coisas que tenho de te dizer, para tua segurança. Outras vais descobrindo aos poucos.
Assenti.
- Tenho muitos inimigos. Os rapazes também. Sou procurado todos os dias por maior parte deles. Agora que sabem que – mordeu o lábio durante breves instantes – és o meu ponto fraco, virão procurar-te. Vão querer ter em mãos a única coisa que me atingirá diretamente no coração. Preciso de saber se queres continuar junto de mim porque… se não quiseres terei que partir e nunca mais verás nenhum de nós…
Pela primeira vez, ao encara-lo, percebi medo e timidez. Parecia uma pessoa diferente, normal. Pensei durante algum tempo. Durante o tempo em que estivera no Campus até então, Harry e os seus problemas haviam-se tornado parte dos meus dias. Embora não quisesse admiti-lo, algo em mim gritava por ele. Não conseguiria aguentar se partisse.
Não aguentando o meu silêncio, prosseguiu.
- Estou a dar-te a hipótese de decidires Isabella. Se quiseres continuar seja com o que for que estejamos a criar juntos, perderás a tua liberdade. Mas quero que saibas que vou sempre defender-te de tudo e todos.
- Harry eu… quero que continues por perto. Não aguentaria que partisses – senti-me corar – mas eu também quero tomar as minhas decisões, não consigo estar totalmente sobre o controlo de alguém. Precisamos estabelecer alguns limites.
Levantou-se, tirando a camisola do corpo e lançando-a ao chão. Tirou os ténis e os calções, deixando-os cair no chão também. Foquei um ponto no chão, evitando olha-lo. Não poderíamos ter uma conversa normal?
- De acordo. Deixo-te tomar as decisões que não arriscam nem a tua nem a minha vida – assenti – mas eu tenho alguns limites também. Levanta-te – obedeci – olha para mim – ergui o olhar, encarando o seu corpo quase nu – há zonas do meu corpo nas quais não poderás tocar, nunca.
- Como assim?
- O motivo pela qual não podes tocar-me nos sítios que te direi a seguir, eu não posso revelar – assenti novamente – portanto… não podes tocar-me nas pernas, na barriga e no lado esquerdo do pescoço. Evita tocar-me na nuca também.
Franzi o cenho. Não seriam sítios onde eu tencionaria tocar. Quanto menos contacto melhor. Murmurei um “entendido” e avisei-lhe de que iria sair do balneário.
- Espera Bella – parei e olhei para ele – escuta, eu sinto-me muito protetor em relação a ti, eu … gosto realmente de ti.
- Protetor não tem que significar possessivo. E eu também gosto de ti Harry, mas tu não podes proteger-me de tudo.