III

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Igor já tinha chego ao seu destino horas atrás e assim que desceu do ônibus partiu para o hotel que havia reservado por uma noite para poder descansar, só que o que ele menos fez foi descansar.

Hoje é o dia do seu aniversário. Hoje é o dia em que ele também comemora os acontecimentos que mudaram sua vida para o que ela é hoje. Não que ele reclame, já que Natan esta ao seu lado junto de seus amigos e eles foram as melhores coisas que aconteceram em sua vida. Principalmente Natan.

Um sorriso surgiu em seus lábios apesar da tristeza consumindo sua alma. Para Igor foi como se a noite no café tivesse acontecido ontem de tão vividas que eram suas lembranças. Natan foi um teimoso aquela noite, e em muitas outras, porem hoje em dia Igor agradece por ele ter feito o que fez.

A cafeteria estava quente e aconchegante, assim como o sorriso de Natan, que até o momento lhe era um estranho. Igor estava molhado e com frio, assim como seu coração. Apesar do café em sua frente ele não conseguia aquecer seus sentimentos.

Natan sentou-se confortavelmente com um sorriso e colocou seu copo e um prato com um pedaço de bolo em cima da mesa, de um saquinho plástico ele tirou um garfo e colocou ao lado do bolo e sem tirar os olhos de Igor que ainda o encarava, ele deslizou o pequeno prato até o outro lado da mesa.

-Não sei se você gosta de bolo de limão!?

Igor ficou constrangido com a atitude do outro e a vergonha o fez desviar os olhos. A verdade é que faziam nove anos desde a última vez que ele havia comido um bolo, qualquer um que fosse. Mas a presença do estranho e a atitude dele em compartilhar um pedaço de doce fez com que Igor esquecesse por alguns minutos o real motivo de não comemorar mais essa data.

-Obrigado!

O Igor do presente se sentia bem com o Igor do passado desde que ambos conheceram o rapaz que se tornou "o namorado". Naquela noite Natan não fazia ideia, porem ele estava presenteando um jovem amargurado com algo que o marcou por uma vida e voltou a marcar depois daquele momento.

As lembranças dessa primeira noite, desse primeiro contato, surgiram na mente do fugitivo enquanto ele caminhava pelas areias da praia em que ele se encontra. É a décima primeira vez que ele volta aqui, sempre no mesmo dia para reviver aqueles momentos. Ele iria passar o dia caminhando a esmo até o entardecer e depois subiria até a colina que fica a beira-mar. Onde passaria algumas horas até anoitecer, com sua mochila e seu aparelho de som portátil.

10 AnosOnde histórias criam vida. Descubra agora